Ao interagir com uma nova área, a sopa de letrinhas e termos pode ser intimidadora de início. Esse foi o caso da minha primeira reunião no meu primeiro estágio. Acho que nunca vou esquecer da sensação de sair daquela sala pensando “o que eu estou fazendo aqui?”.
Justamente tentando reduzir este impacto para quem está chegando no mundo das criptomoedas escrevi esse texto 2019. Os conceitos que abordei não mudaram e continuam relevantes, inclusive eu poderia adicionar mais alguns! Quem sabe, vem aí uma versão 2.0… Inclusive, se você tiver alguma dúvida, me mande um e-mail. Numa dessas eu consiga te ajudar.
Clique aqui e acesse o artigo: “Para quem está chegando agora.”
Nestes mais de três anos em que escrevemos sobre criptomoedas, já passamos por euforia, correções de 70% e dois anos de preços pra lá de mornos. Mas, independentemente do que o Elon Musk possa dizer, da impressão indiscriminada de dinheiro e da eterna discussão do “Bitcoin não tem lastro”, milhares de desenvolvedores continuam em ação para trazer a tecnologia do blockchain para o dia a dia.
Fato é, ninguém sabe a data da próxima supervalorização ou correção dos mercados, o que resta é continuar trabalhando para colher os frutos quando a maré estiver favorável. Como responde o CEO da Binance, maior exchange do mundo, quando perguntado se os preços vão subir: “Eu não sei. Continue construindo”. E esse foi o caso.
Nestes mais de três anos, muita gente continuou construindo. É verdade que em alguns casos não na velocidade esperada, mas diversos projetos e tecnologias foram entregues e se popularizaram. Segue um resumo do que vi acontecer.
👍🏻 Não mudou e continua bom:
O Bitcoin é praticamente o mesmo, tivemos algumas atualizações pontuais no protocolo, mas nada muito perceptível ao usuário. A maior criptomoeda ainda tem 50% do mercado e hashrate (algo como poder computacional e que garante a segurança da rede) está em níveis recordes.
Em time que está ganhando não se mexe.
👍🏻 Não mudou e deveria ter mudado:
Desde 2018 eu escrevo que o Ethereum está sobrecarregado e com taxas altíssimas. Como consequência, concorrentes ganham espaço. A versão do Ethereum 2.0, que promete mudar esta situação, atrasou diversas vezes, mas está quase. Esperamos ter novidades relevantes até o final do ano.
☠Já era
No último bull-market, eram praticamente diárias as notícias de rodadas de financiamento milionárias para projetos “revolucionários”, as chamadas ICOs. Infelizmente, a maior parte das iniciativas eram ciladas e ficaram pelo caminho. Estamos novamente em um bull-market e ninguém mais toca nesse assunto. A febre agora é outra…
💣A próxima bolha
Uma das diversas aplicações dos blockchains é atribuir um certificado digital de propriedade. Algo como dizer que o quadro X (que é único) pertence a conta Y. O nome disso é NFT, que traduzindo ficaria algo como token não fundível (não-fundível = único). O comércio destes certificados explodiu e tem de tudo: obra de arte, videoclipe, figurinha de futebol americano, meme e até tweet. Nas 24h anteriores a escrita deste texto, este mercado movimentou USD 240 milhões.
Eu imagino que, em um mundo razoável, um quadro que vale 1.000 USD e teve um certificado digital gerado não passe a valer 100 vezes o valor inicial. Aparentemente o mundo não é razoável.
🚀Está bombando
Nos primeiros textos escrevi que faltava uma aplicação “matadora” para os smart-contracts, programas de computador que rodam em blockchain. Pois bem, essa aplicação surgiu.
As chamadas finanças descentralizadas são um termo genérico para serviços financeiros ofertados em blockchain, o que inclui exchanges, empréstimos, gestão de ativos e muito mais. Já são mais USD 80 bilhões destinados a este fim e, tenho certeza, vem muito mais por aí.
A mudança para um ambiente que garanta segurança, registre milhões de transações e não consuma tanta energia, passa pela conversão para Proof-Of-Stake. Esse novo algoritmo, que penaliza financeiramente atores desonestos e dá recompensa aos honestos, está se tornando o padrão para redes que rodam smart-contracts e, com a futura adesão da rede Ethereum na versão 2.0, qualquer dúvida que reste sobre a eficiência deste modelo deve desaparecer.
❔ Vem por aí
- Integração entre blockchains
Chegaremos em um dia em que será transparente em qual rede uma aplicação roda. O usuário simplesmente acessará um site, autorizará a transação e não fará diferença se o pagamento será em Ether, Bitcoin ou BNB. O próprio sistema fará eventuais conversões sem qualquer interferência humana, do mesmo jeito que ninguém sabe em qual servidor um site roda.
- Aumento da privacidade
Por terem registros públicos e visíveis a todos, existe uma tendência de se buscar meios para aumentar o sigilo e privacidade dos dados nos blockchains. As alternativas vão desde misturar milhares transações antes de enviá-las aos usuários finais, picotar a quantia em valores bem pequenos e até aplicações avançadas de criptografia. Liberdade e privacidade andam juntos.