Do ponto de vista de tecnologia de blockchain, 2020 foi o ano do Proof-of-Stake, uma nova estratégia para garantir que os dados dos blockchains fiquem sincronizados e seguros. Com ela, a expectativa é de um grande aumento na capacidade de processamento e redução nos custos das transações.

Até hoje, a estratégia mais utilizada chama-se Proof-Of-Work (PoW), que surgiu com o Bitcoin há mais de 10 anos. Ela é baseado em poder de processamento, ou seja, quanto mais computadores estiverem ligados à rede, mais segura ela será. Como manter todas estas máquinas ligadas consome muita eletricidade, este sistema é bastante criticado pelo custo e eficiência. No entanto, depois de mais de 10 anos de funcionamento, é uma estratégia amplamente validada e tida como segura.

No novo método, Proof-of-Stake (PoS), depósitos de Criptomoeda em uma conta de garantia substituem o poder de processamento na função de proporcionar a segurança da rede.

Os participantes que quiserem validar novas transações (e serem remunerados por isso), devem colocar uma quantia em risco: se realizarem seu trabalho honestamente recebem sua recompensa, se forem desonestos, perdem seu depósito inicial. Quanto mais participantes fizerem esta função, maior será o valor depositado nestas contas de garantia e mais caro hackear o sistema.

Até recentemente o PoS recebia diversas críticas como sendo puramente teórico e falho na prática.

Mas 2020 botou os críticos na berlinda.

O lançamento no final do ano passado do Ethereum 2.0, baseado em Proof-of-Stake, roubou a cena. Mesmo com um sistema capenga, que nem transações processa, mais de 2.407.074 ETH ou USD 2 bilhões já estão depositados como garantia.

Além disso, mesmo que ainda não tão divulgado, outros blockchains já adotam o PoS em modo de produção. Por exemplo, 4 das 9 maiores redes em valor de mercado já migraram ou foram concebidas usando PoS. Só o Polkadot já tem mais de USD 3 bilhões garantindo sua segurança.

As críticas desta estratégia normalmente abordam a possibilidade do PoS encarecer o custo de utilização do blockchain ou mesmo torná-lo suscetível a hackers.

Isto poderia acontecer porque, se a remuneração para os depósitos de garantia for alta, uma grande quantidade de moedas será posta fora de circulação (depositados nas contas de garantia) e o custo para se fazer coisas “úteis” subiria. Por outro lado, se a remuneração for baixa, o valor total depositado (que fornece a segurança da rede) cairia, tornando barato hackear o blockchain. Assim, o PoS ficaria sempre “brigando” com as demais aplicações por depósitos e seria necessário escolher entre matar a rede por altos custos ou reduzir-se a segurança.

Até o momento estas ameaças não se concretizaram, principalmente porque o PoS conseguiu se mostrar mais eficiente que as alternativas (PoW), a ponto do ganho de escala (quantidade de transações suportadas) ter aumentado mais do que eventuais aumentos de custo por escassez da criptomoeda.

Quanto ao valor da taxa remuneração, como o PoS está bem no cerne do blockchain, ele seria extremamente testado e considerado um investimento mais seguro que as demais. Assim, teria uma relação risco/retorno mais favorável e poderia remunerar menos que os demais serviços. Além disso, como a taxa é variável, ela seria ajustada conforme necessidade.

Mesmo com todo o destaque que ganho em 2020, nenhuma experiência será equivalente à entrada em operação (de verdade) do Ethereum 2.0, tanto pelo número de transações quanto pela relevância do blockchain. Se funcionar, os questionamentos acima irão desaparecer de vez e tenho certeza de que uma grande quantidade de blockchains passará a adotar esta estratégia.

Assim, 2021 pode ser novamente o ano do Proof-of-Stake.

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