Nem sempre é bom ter razão.
Eu pessoalmente estou bastante cético quanto ao futuro econômico do Brasil. Estou também bastante convicto que o ciclo das moedas fiduciárias está chegando ao seu fim.
Preferia estar errado a ter razão, principalmente no que tange ao futuro econômico do Brasil na próxima década.
Não é de hoje que penso assim. Já faz anos que venho propagando aos quatro ventos a importância da diversificação e de minimizar a dependência da Pátria Amada Brasil.
Infelizmente minhas preferências não vêm sendo respeitadas e o direito de bater no peito e dizer eu tinha razão vem se confirmando. Não vou bater no peito, não é motivo de orgulho e nem de alegria. Muito pelo contrário.
O Risco Brasil está fora de controle. Não bastasse os nossos problemas e dificuldades naturais, fomos apunhalados por uma desgovernança.
Crises políticas, crises hídricas e pandemias são meros agravantes. O famoso bater em cachorro morto. Odeio essa expressão, mas ela mostra o quanto nos apegamos às manchetes de jornais para negar a realidade em que já vivíamos.
O desemprego, o déficit fiscal e a inflação que por poucos anos se arrefeceu e agora voltou com força. A inflação é o motor da desigualdade e da fome. Os agravantes são sérios e devem ser tratados com responsabilidade, mas a solução dos agravantes não nos coloca em uma situação melhor do que a que tínhamos antes. Não é à toa que o nosso real está entre as moedas que mais se desvalorizaram nos últimos anos.
Existem situações piores que a nossa?
Evidentemente que sim, mas eu sou um inconformado e queria o melhor dentro das possibilidades. Infelizmente, novamente, faltam-me esperanças que consigamos reverter o nosso caminho nos próximos 10 anos. Se 8 anos atrás eu já defendia uma minimização da exposição ao Brasil, hoje eu acredito que seja questão de subsistência. Se antes não tinha data para o apocalipse nacional, hoje consigo ver o ano de 2022 como forte candidato! Ainda no clima de eleições, o nosso Real é forte candidato a colapsar antes das outras principais moedas fiduciárias do planeta.
Recebo muitos questionamentos de amigos e clientes com relação ao dólar. Minha convicção de que as moedas fiduciárias estão perto do seu fim pode parecer paradoxal com a minha visão da importância de dolarizar parte do patrimônio. Minha perspectiva é muito mais temporal do que paradoxal.
Filosoficamente, as moedas fiduciárias (moedas estatais sem lastro) não passaram pelos seus primeiros testes de stress. O Dólar Americano, principal moeda do nosso planeta, virou fiduciária em 1971. Em 2008, a crise financeira que se alastrou pelo mundo foi um grande sinal de alerta.
Impressão de dinheiro para salvar o sistema financeiro resultou em inflação acima do normal. Inflação é a perda do valor do dinheiro. Os anos seguintes levaram muitos países a políticas monetárias criativas, chegando ao juro negativo. Hoje as ferramentas para as políticas monetárias de estímulos não surtem mais efeitos enquanto como reflexo da pandemia os países voltaram a imprimir dinheiro, dessa vez como nunca antes visto.
A conclusão é óbvia: INFLAÇÃO.
Uma inflação cada vez com menos remédios.
Minha questão com o dólar é que por possuir o status que possui, ele também vai perdendo o seu valor, mas em uma velocidade infinitamente menor que o nosso real por exemplo.
Enquanto o real pode colapsar, o dólar perde valor até a sua próxima transformação. A diferença não é sutil. O Real pode desaparecer. O Dólar acredito que passará apenas por mais uma das suas transformações.
Em igualdade temporal, como tudo é relativo, o dólar mesmo perdendo valor, no Brasil será valorizado! Enquanto o derretimento do real é iminente, a transformação do Dólar ainda é difícil de precisar.
Para não me alongar muito, o Bitcoin é o novato, que diferente das moedas fiduciárias, vem passando com louvor pelos seus testes de stress. É aquele que chegou na festa sem ser convidado e que por mais que a turminha popstar tente expulsá-lo, ele fica lá firme e forte com a força do apoio popular.
Cada vez mais popular.
Diferente das moedas sem lastro, o Bitcoin tem uma escassez pré-definida e é totalmente descentralizado. Isso o torna um excelente ativo, inclusive para ser o lastro.
A incensurabilidade, escassez imutável, liquidez global e os seus ingredientes tecnológicos o deixaram com propriedades ainda melhores do que o ouro (mais famoso lastro já utilizado na história do dinheiro) e ainda uma excelente alternativa para reserva de valor.
Em resumo, o Bitcoin é uma excelente nova alternativa para reserva de valor. Isso significa proteção e preservação patrimonial.
Diferente do Bitcoin, outras Criptomoedas têm outras finalidades que poderiam ser comparadas a serviços ou empresas. De forma bastante simples, uma possível analogia seria comparar o Bitcoin ao ouro ou ao dinheiro enquanto as outras Criptomoedas seriam analogamente comparáveis a ações de empresas.
Se as empresas vão bem, as ações valorizam. Se as empresas fecham as portas, as ações desvalorizam. Se um projeto decola, a sua Criptomoeda valoriza. Se o projeto fracassa, a sua Criptomoeda desvaloriza.
Como em um horizonte de tempo maior é bastante difícil prever os projetos vencedores, uma estratégia com rebalanceamentos como a do HASH5 vem se mostrando eficaz.
São justamente esses projetos vencedores que concentram o maior potencial de valorização.
Superando as tradicionais ressalvas de que passado não é garantia de futuro, todo e qualquer investimento possui riscos e que esse texto não passa dos meus devaneios pessoais e que cada um é dono de si e deve chegar à sua própria conclusão antes de qualquer decisão de investimentos.
Vamos às minhas conclusões de forma objetiva, mesmo não se tratando de recomendação de investimento rsss: