No dia 05 de agosto de 2021 a rede Ethereum, recebeu um pacote importante de atualizações chamado de London Hard-Fork. No texto de hoje, eu tento explicar o que mudou no segundo maior blockchain e quais efeitos já foram observados nestas quase duas semanas.
Começando com a explicação pelo nome, “London” não tem nenhuma relação com as modificações em si. Na verdade, pela tradição é usado o nome de uma cidade que sediou a conferência de desenvolvedores de Ethereum, no caso, Londres.
A próxima atualização se chamará Shanghai.
Antes de explicar o que mudou, uma rápida revisão de como o blockchain funciona.
As transações (envio de dinheiro) são validadas e publicadas em blocos por servidores que são chamados de mineradores. Por seu trabalho, estes mineradores recebem taxas que podem variar conforme a demanda, isto é, se a rede estiver congestionada, o valor sobe. Historicamente, a rede Ethereum sofre bastante por ter uma capacidade baixa de processar transações, resultando em taxas mais altas que a concorrência.
A London Hard Fork veio para tentar melhorar esse problema das taxas enquanto a solução definitiva não chega – a rede Ethereum 2.0.
Para isso, uma das novidades implementadas faz com que o tamanho dos blocos possa dobrar nos momentos de alta demanda, ou seja, a rede vai ativar um “turbo” e dobrar sua capacidade.
Além disso, outra medida que deve diminuir os custos refere-se à lógica com que os usuários indicam quanto vão pagar de taxa. Até então, o sistema funcionava quase como um leilão no modelo de “quem dá mais”. Agora, quem tiver pressa ainda pode pagar mais para ter preferência, mas passou a existir uma taxa base e espera-se que ela segure um pouco os preços.
Desde a data de ativação, as taxas da rede Ethereum de fato se mantiveram abaixo das médias históricas. No entanto, ainda não tivemos picos de demanda que possibilitem um uma comparação justa
Além desta preocupação com os altos custos, a chamada política monetária da rede ou como o total de moedas em circulação é gerenciado também foi alterado.
Agora, com esta atualização da rede Ethereum a principal atualização é que um valor considerável das taxas passou a ser destruído ao invés de ser pago aos mineradores e eventualmente voltar à circulação. Assim, limita-se a oferta sem precisar estipular um total absoluto de moedas a serem criadas (como ocorre com o Bitcoin).
Esta estratégia foi interessante porque o modelo do Bitcoin acaba desestimulando as pessoas a gastarem suas Criptomoedas, dado que existe um número limitado delas. No caso da rede Ethereum, que tenta se posicionar como um grande computador global em blockchain, busca-se exatamente o contrário. Afinal, quanto mais transações executa, mais relevante este computador global passa a ser. A nova política parece levar isto em conta e, no momento que escrevo (15/10/2021), já foram queimados 49.616,15ETH ou mais de USD 150 milhões.
Por fim a última alteração que vou abordar trata da mudança na data de ativação da chamada “bomba de dificuldade”. Esta bomba é um mecanismo que vai tornar extremamente difícil o processamento de novas transações na rede Ethereum e deve entrar em operação somente quando a rede 2.0 estiver rodando. O objetivo é justamente forçar a migração para o novo sistema e “travar” a rede velha.
A nova data ficou para primeiro de dezembro. Isto até poderia ser um indicativo de que o novo sistema estará funcional até o final do ano, mas este é o quarto postergamento da data. Então, sendo franco, continuamos sem previsão realista.