As recentes polêmicas na apuração dos votos nas eleições americanas levantaram o debate se a tecnologia do blockchain poderia ser usado também para sistemas eleitorais.

O CEO da exchange Binance, CZ, disse em um tweet:

“Se existisse um App para votação baseado em blockchain (com um sistema de KYC* adequado), nós não teríamos que esperar pelo resultado e nem teríamos qualquer dúvida sobre a validade. A privacidade poderia ser protegida usando-se mecanismos de encriptação.”

Um dos fundadores do Ethereum, Vitalik Butterin, concordou com essa afirmação, mas mostrou ressalvas e previu dificuldades técnicas de implementação maiores do que CZ considerou.

Votação em blockchain seria confiável?

No Brasil temos um dos poucos sistemas de votação 100% eletrônico do mundo.

Não quero entrar em polêmicas políticas, mas por mais seguro que o sistema de votação brasileiro seja, ele acaba não sendo transparente: depois de usar a urna eletrônica ninguém mais sabe o que acontece com o voto.

Por outro lado, um sistema baseado no voto em papel, apesar de ser demorado na apuração, deixa rastros e permite recontagens e contestações (como estamos vendo nos EUA).

O uso do blockchain  numa votação juntaria o melhor dos dois mundos.

Isto porque a apuração seria instantânea e a criptografia empregada permitiria que cada eleitor verificasse se seu voto foi de fato contabilizado e de forma anônima.

No entanto, CZ que me desculpe, mas os desafios para se chegar a um sistema seguro seriam tremendos e uma votação para Presidente da República seria um grande chamariz para hackers do mundo inteiro.

Primeiro, teria que se garantir que cada eleitor e, somente ele, recebesse a sua chave de criptografia em um país de proporções continentais como o Brasil.

Além disso, seria necessário deixar “portas-abertas” na segurança para, por exemplo, pessoas que perdessem ou comprometessem seu acesso.

Mas o maior desafio seria garantir a integridade dos dispositivos usados para a votação. Vemos com uma certa frequência notícias sobre celulares sendo hackeados, dados roubados etc.

Assim, dada a importância e para se garantir a idoneidade do pleito, além de se desenvolver um App sem bugs (o que não é fácil), os celulares em si teriam que ser verificados. O que é inviável em se tratando de milhões de eleitores.

Com tantos desafios, dificilmente veremos mudanças tão radicais nos sistemas de votação. O problema não está em se registrar os votos no blockchain, mas em fazer o voto chegar até o blockchain de forma segura.

Além disso, os resultados das votações continuariam sendo contestados, porém as desculpas seriam outras (hackers, chaves de acesso roubadas etc).

Afinal, ninguém gosta de admitir que perdeu.

 

 

*KYC ou Know You Costumer (conheça seu cliente) é o processo de verificar a identidade de um indivíduo ou corporação.

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada por e-mail e publicada aqui com alguns dias de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra? Assine inserindo o seu e-mail abaixo:


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