fbpx

Nas rodas de conversa, quando surge o tema criptomoedas, sempre vem o argumento contrário: “mas como criptomoeda/Bitcoin tem valor se ninguém usa esse negócio?”. Nessa hora eu costumo ser sincero. Apesar de crescente, não tenho como dizer que as moedas digitais são um fenômeno de utilização pelo público geral. Ainda não pelo menos.

Quando eu penso no que pode mudar essa (triste) realidade para nós investidores, chego a conclusão que só veremos a tão aguardada adoção em massa quando as moedas digitais virarem transparentes ao usuário final. Isso mesmo. Não acredito que o público espere loucamente por uma tecnologia descentralizada e mais segura para pagar seu café toda manhã. Afinal, as soluções atuais dão conta do recado.

O futuro deve ser outro: o uso das criptomoedas talvez tenha que se tornar tão ágil e fácil a ponto das pessoas nem chegarem a saber que há blockchain envolvido, da mesma forma que quase ninguém que usa email sabe o que é uma rede TCP/IP.

O que falta para chegarmos a este tão sonhado ponto? Várias coisas. Não vou citar todas. Neste texto quero abordar somente o ponto de vista do usuário final.

Não é razoável esperar que uma pessoa não nerd precise que saber o que é uma chave pública e privada (conceitos de criptografia assimétrica) para autorizar uma transação. Não é razoável que o usuário tenha que carregar um dispositivo separado, como um pendrive, para movimentar suas criptos.

Para deixar claro a importância destas chaves, são elas que dão acesso a suas moedas digitais. Se você perder o acesso à chave privada, esqueça suas criptos. Sem direito a botão “esqueci a minha senha”.

Neste sentido, tivemos avanços recentes importantes. Duas fabricantes de celulares lançaram modelos com carteiras digitais (como são chamados dispositivos que armazenam as chaves de acesso às criptos). Uma delas é a HTC e a outra é a Samsung. Sim, a Samsung (maior fabricante de celulares do mundo) vai começar a produzir aparelhos preparados de fábrica para transacionar criptomoedas, e não são só os modelos top de linhas. A expectativa é que essa funcionalidade se espalhe por produtos de todas as faixas de preço.

Celulares que podem funcionar como carteiras digitais de forma segura não são uma novidade. Por exemplo, a Sirin Labs é um Start Up que desenvolveu um aparelho que teoricamente tem tudo do mais seguro para armazenar moedas virtuais. O único porém é que a empresa não consegue vender aparelhos suficientes para ser lucrativa: recentemente foi anunciado um corte de 25% do quadro de funcionários.

Como eu disse, as pessoas não estão desesperadas esperando uma oportunidade para usar criptomoedas no dia-a-dia. Elas talvez não estejam nem dispostas a comprar um celular específico só para armazenar seus tokens de moedas digitais. Agora, quem sabe, se aquele S10 descolado já vier com uma ferramenta em que é fácil movimentar criptos, por que não experimentar? E quem sabe, esse não acabe virando um caminho sem volta?