Se você, assim como eu, é investidor de criptomoedas, então muito provavelmente considera a possibilidade dessa tecnologia vir a se espalhar pelo mundo e causar impactos profundos em um futuro não muito distante. Quando/se isso vier a acontecer, o que seria mais provável: que tenhamos alguns poucos blockchains que resolvam todos os problemas, ou muitos blockchains, desenvolvidos para atender demandas específicas?

Não querendo influenciar a sua resposta (mas já influenciando) muita gente por aí acha mais provável a segunda opção, com diversos blockchains complementares comunicando-se entre si. Na verdade existe até um nome para isso: sidechains. Então para deixar claro, um sidechain é um blockchain independente que busca agregar funcionalidades a um blockchain principal.

Um exemplo prático disso é o Rootstock. Essa plataforma é um sidechain ao Bitcoin que busca complementar essa moeda ao oferecer smart contracts e transações instantâneas baseadas em Bitcoin.

Mas como funciona essa conexão entre blockchains?

Vamos imaginar que deseja-se movimentar ativos digitais do blockchain A para o sidechain B. Então, envia-se recursos no blockchain A para um determinado endereço válido de A, endereço em que esses recursos são bloqueados. Após a validação dessa primeira etapa, uma quantidade equivalente é liberada para uso no blockchain B. As entidades que fazem esse meio de campo entre blockchains costumam ser chamados de federações.

Recentemente o fundador do Litecoin, Charlie Lee, comentou sobre a possibilidade do Litecoin funcionar como uma sidechain do Bitcoin com servidores da rede Lightning servindo de federação. Ideia interessante, afinal taxas e tempo entre blocos do Litecoin são menores que do Bitcoin.

Voltando ao exemplo com os blockchains A e B, essa infra-estrutura com dois blockchains têm outra vantagem importante. Como as estruturas são independentes, problemas em qualquer um dos lados tendem a permanecer isolados. Isto quer dizer que se o blockchain A sofrer um ataque e ficar comprometido, o B continua funcional e vice-versa.

Essa história de sidechain tem sido levada tão a sério que existe a promessa de uma nova versão do Ethereum fortemente baseada em sidechains. Nessa nova versão, chamada de Plasma, a rede passaria a ter uma arquitetura parecida com uma árvore: o Ethereum sendo o ramo principal e diversas outras sidechains funcionando como ramos secundários.

Eu já falei várias vezes aqui sobre o quão crítico é para o Ethereum aumentar a sua capacidade de processamento de transações. Essa nova arquitetura proporcionaria isto, porque smart contracts e transações instantâneas poderiam ocorrer nas sidechains sem que todas as mudanças de estado fossem informadas à rede principal, desafogando bastante a rede do Ethereum.

Admito que esse conceito de blockchains menores, focados em resolver problemas específicos e ligados a uma rede maior me agrada bastante. Até porque, normalmente, quem quer resolver todos os problemas do mundo sozinho, acaba só criando mais problemas.