O ano já começou conturbado no mundo das criptomoedas! No dia 05/01/2019 a Coinbase suspendeu depósitos e saques em Ethereum Classic (ETC) sob alegações de reorganização do blockchain e double-spending (gastos duplos) somando mais de US$ 1 milhão.
Será que quem possui essa e outras moedas deve ficar preocupado? Primeiro vamos entender o que aconteceu… A reorganização de um blockchain (ou da sequência de blocos de transações) não é por si só um problema. Na verdade, trata-se de uma característica normal
de blockchains em que a geração de blocos depende do poder de processamento da rede, o chamado Proof-of-work.
Nessas redes, o blockchain mais longo, isto é, o que possui mais blocos de transações, é considerado o verdadeiro e, por isso, suas transações são tidas como válidas. Porém, nem todos os nós de uma rede estão diretamente conectados, podendo existir sub-redes, cada uma delas acreditando possuir o blockchain mais longo. Normalmente essas discrepâncias não duram muito e, quando uma sub-rede detecta que não possui a sequência mais longa, ela
abandona os seus blocos e passa a adotar a outra sequência. Dessa forma, as transações que estavam nos blocos descartados também deixam de existir.
Por se tratar de um comportamento esperado, exchanges e usuários aprenderam a lidar com isso. Assim, normalmente aguarda-se pelos blocos seguintes ao bloco em que uma transação foi publicada antes de se confirmar um pagamento. Essa simples espera já é o suficiente para diminuir grandemente a chance de que uma futura reorganização venha a invalidar a
transação.
A questão envolvendo o Etherum Classic vai além disso. Além da reorganização, também foi detectado double-spending ou gastos duplos. Isso significa que antes da reorganização do blockchain, uma transação era destinada a um usuário e, após a reorganização, essa transação teve outro destino ou simplesmente não foi realizada.
Nesse caso específico, a reorganização envolveu uma grande quantidade de blocos, por isso, acredita-se que alguém mal intencionado tenha conseguido controlar mais de 50% do poder de processamento dessa rede. Só assim essa pessoa poderia realizar uma transação e, em seguida, criar uma outra sequência de blocos mais longa em que essa transação não existiu (lembre-se que a quantidade de blocos depende do poder de processamento).
Essa questão da segurança de um blockchain ser dependente de seu poder computacional não é novidade e é relativamente comum redes menores sofrerem ataques. Porém, o Ethereum Classic não é tão pequeno, normalmente figurando entre as 15 maiores moedas digitais (antes desse ataque pelo menos). Assim, se você costuma apostar em redes menores esperando uma futura valorização, talvez valha a pena reconsiderar quais delas podem ser consideradas
de fato seguras.
Quanto às redes maiores com Bitcoin e Ethereum (original), não há motivo para desespero. Essas redes possuem poder de processamento várias e várias vezes maior que o Ethereum Classic, sendo assim muito mais seguras. Já moedas com protocolo diferente do Proof-of-Work, como o XRP e o Stellar, funcionam de forma diferente e não sofrem deste risco.