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Nesse final de maio/começo de junho tivemos novidades importantes no mundo das Criptomoedas. Duas plataformas que estão entre as dez maiores em capitalização de mercado deram passos relevantes no seu plano de desenvolvimento. A primeira, TRON, ativou no dia 31 de maio sua rede principal, dois meses após o lançamento da rede de testes. A segunda, EOS, atualmente avaliada em mais de US$ 13 bilhões liberou a primeira versão de seu código-fonte.

Esses passos são importantes porque a partir de agora, transações reais podem começar a ocorrer na rede do TRON. Além disso, tokens do TRON, que até então eram tokens na rede do Ethereum podem ser convertidos para tokens nativos nas exchanges. Quanto ao EOS, a liberação do código representa a primeira oportunidade de terceiros avaliarem a real capacidade dos desenvolvedores entregarem o que prometem.

Estas duas plataformas tem como objetivo principal destronar o Ethereum, principal rede para processamento de smart contracts e que processa a maior quantidade de transações envolvendo moedas digitais por dia (aproximadamente 760 mil transações).

Para quem chegou agora no mundo das Criptomoedas, o Ethereum se propõem a ser um computador global, descentralizado e baseado no blockchain (tecnologia que surgiu com o Bitcoin e que permite o funcionamento das moedas digitais). Um smart contract é como um “programa de computador” que é processado nesse computador global que por isso tem todas as vantagens do uso do blockchain, ou seja, segurança, descentralização e irreversibilidade. Quem quiser usar um desses smart contracts paga pelo processamento usando Ether, a moeda que circula na rede do Ethereum. Hoje, a maior aplicação de smart contracts são as ICOs, ou seja, a compra de participação de empresas, quase como ações.

No entanto, ser um computador global e descentralizado não é uma tarefa fácil e o Ethereum vem sofrendo bastante. O maior exemplo disso é um jogo tosco de gatinhos sobrecarregando a rede no final do ano passado. Assim, existe uma corrida para ver quem vai conseguir resolver os entraves atuais e se tornar o Ethereum 2.0. Além do TRON e EOS, também temos Cardano, NEO, NEM e o próprio Ethereum que vem tentando se aperfeiçoar.

Voltando ao assunto de hoje, vejo o TRON bem na frente do EOS. Afinal seu código-fonte já se mostrou funcional a ponto de ser lançada uma rede “oficial”. O EOS ainda tem muito chão a percorrer até chegar nessa fase, que é onde a brincadeira de fato começa. Quem já participou do lançamento de qualquer produto sabe que a validação dos conceitos só ocorre mesmo depois que usuários reais estão mexendo na ferramenta e fazendo coisas que os idealizadores nem imaginavam.

Só para deixar claro: não é que eu não goste desses projetos, mas falar que consegue ser mais rápido que o Ethereum é fácil. Quero ver conseguir processar mais de quinhentas mil transações por dia. Pior do que isso, quero ver conseguir desenvolver aplicações que tenham tal demanda de uso. Afinal, ter uma rede é uma coisa, ter usuários é outra. Por isso, penso que esses concorrentes do Ethereum ainda tem muito feijão para comer até conseguirem provar que realmente valem mais de US$ 17 bilhões.

Por fim, essas duas plataformas foram concebidas usando um algoritmo de consenso chamado de proof-of-stake em vez de proof-of-work (que roda na maior parte das moedas digitais). Além disso, o próprio Ethereum pretende migrar para proof-of-stake. Por ser esse um tema que vem ganhando mais relevância pretendo abordá-lo nas próximas semanas.