Até então, todos os padrões monetários conhecidos tiveram um início, meio e fim. Seria o Brasil uma exceção?
O Brasil adotou um padrão monetário reconhecido nacionalmente com a chegada dos portugueses. Os chamados réis vigoraram no Brasil desde a colonização até 1942, sendo sem dúvidas o padrão monetário de vida mais longa em nossas terras tupiniquins.
Desde então, digo desde 1942, seguimos numa constante alternância de padrão monetário para acomodar as irresponsabilidades sequencias e cumulativas de nossos governantes. Esticam, esticam e esticam até nossas moedas perderem praticamente todo seu valor. Na iminência de arrebentar uma nova moeda nasce ou renasce como se nada tivesse acontecido (menos para a população que empobrece).
Basicamente as irresponsabilidades sequenciais e cumulativas de TODOS os governos se resume em uma origem: A autonomia e liberdade do governo em determinar o valor do dinheiro. Dinheiro estatal não é escasso por definição, pelo menos não esses dinheirinhos da imagem mais acima…
De 1942 a 1967 vigorou o Cruzeiro (Cr$) – 25 anos de sucesso
1.000 réis passara a valer Cr$1,00
De 1967 a 1970 tivemos o Cruzeiro Novo (NCr$) – 3 aninhos
Cr$1.000 passara a valer NCr$1,00
De 1970 a 1986 o Cruzeiro Novo foi rebatizado de Cruzeiro para então mudar ao Cruzado que perdurou até 1989 – só mais 3 aninhos
NCr$1.000, rebatizados como Cr$1.000 passara a valer como Cz$1,00
De 1989 a 1990 o Cruzado virou novo e perdeu mais 3 zeros
Cz$1.000,00 virou NCz$1,00
De 1990 a 1993 o novo cruzado voltou a ser Cruzeiro
NCz$1.000,00 virou Cr$1,00
De 1993 a 1994 o Cruzeiro ganhou importância se tornando Cruzeiro Real, mas nessa perdeu mais 3 Zeros!
Cr$1.000,00 virou CR$1,00
Em 1994 o Cruzeiro Real perdeu o Cruzeiro e muito mais do que 3 Zeros
CR$2.750,00 viraram R$1,00
O Real vem fazendo história, pois acumula no momento em que escrevo esse texto quase 30 anos de história e uma inflação oficial acumulada de aproximadamente 680%.
Um sucesso. Um recorde. Quantos anos faltam para o Real Novo cortar 3 zeros?
Por muitos anos metais e pedras preciosas funcionaram como reserva de valor. Continuam funcionando. Por que? Porque são escassos na natureza. Quanto mais escasso e mais difícil o seu acesso maior o seu valor e melhor é o ativo como reserva de valor. Na história do dinheiro muitos ativos já foram utilizados como dinheiro ou reserva de valor, de conchas, pedras até commodities como sal e especiarias. Esses ativos funcionaram muito bem e mantiveram seu valor através dos tempos até que por um motivo ou outro deixaram de ser escassos e assim perderam seu poder de compra. O contato com outras civilizações ou avanços tecnológicos determinaram o fim da sua escassez. Nesse remoto passado a tecnologia foi a vilã para eliminar o poder de compra desses antigos padrões econômicos. Hoje a tecnologia é a heroína, os tempos mudam.
O Bitcoin é a realização de um feito inatingível e até então apenas idealizado como perfeição para um padrão monetário. O Bitcoin é escasso por definição eliminando por si só o risco de sua extinção (lembra lá da origem da derrocada das notinhas bonitas do início do texto?). Essa é a característica que faz muitos chamarem o Bitcoin de Ouro 2.0 ou Ouro Digital. Isso apesar do Bitcoin ser mais escasso que o ouro, mais divisível que o ouro, mais fácil e seguro de transportar que o ouro e ainda permitir a auto custódia.
Real ou Bitcoin para reserva de valor de longo prazo?