Com o upgrade da rede Ethereum no final do ano passado, eu esperava não voltar a falar tão cedo sobre escalabilidade, taxa de transação etc. Mas a verdade é que enquanto os custos não forem desprezíveis, o processamento instantâneo e a capacidade disponível for suficiente para milhões de transações por segundo, os blockchains não estarão prontos para adoção em massa.

Por isso, parece estar se desenhando uma nova corrida para as chamadas soluções de nível 2 ou segunda camada (do inglês layer-2).

Estas aplicações “rodam” por cima de um blockchains já existentes, como o Ethereum e o Bitcoin, e buscam acrescentar novas funcionalidades, maior poder de processamento ou ainda custo mais baixo. Pode parecer confuso, mas é como se serviços que hoje ficam todos concentrados nas maiores redes passassem a ser terceirizados e, de tempos em tempos, os terceiros mandassem um resumo do que fizeram para a rede principal. Este resumo é chamado de rollups, ou “enrolado” em inglês, justamente porque sintetizam um certo “bolo” de transações.

A grande vantagem dessa arquitetura é que se consegue paralelizar operações custosas, sem se perder segurança. Afinal, os dados sincronizados com as redes maiores através dos rollups estão seguros, mesmo se a “segunda camada” for atacada ou perdida.

Um exemplo deste tipo de solução é a rede Polygon, que roda sobre o Ethereum e é capaz de tratar 65,000 requisições por segundo. Outra alternativa similar se chama Arbitrum, que também suporta mais de 40,000 transações por segundo. Somente estas duas soluções juntas já dobram a capacidade que o Ethereum um dia terá após realizar as próximas melhorias (ainda sem data). E isto é só o começo. Existem muitas outras soluções similares sendo lançados.

A Binance acabou de liberar para testes um sistema de segunda camada para a rede BNB, a opBNB. A Coinbase, outra das maiores exchanges do mundo, está trabalhando em um sistema similar, mas que rodará sobre o Ethereum e se chamará Base. A expectativa é que transações na Base sejam 10 vezes mais baratas do que no Ethereum. Enquanto isso, a opBNB deverá multiplicar por três a capacidade de processamento da rede BNB.

Percebendo a alta demanda e a falta de padronização, Vitalik Butterin (fundador da rede Ethereum) publicou um artigo recentemente em que sugere uma arquitetura unificada para a comunicação entre camadas, facilitando a transferência de ativos. Mas pelo andar do mercado, pode ser que essas sugestões estejam chegando meio tarde.

Ainda é cedo, mas é possível que vejamos um boom dessas aplicações de segunda camada semelhante a febre das ICOs em 2017 e NFTs em 2021. Isso porque para se financiarem, estas novas redes costumam emitir tokens e a barreira de entrada é muito baixa, já que é possível copiar soluções já existentes. Então, se vocês começarem a ver anúncios de alternativas milagrosas e capazes de suportar milhões de transações por segundo a um custo muito baixo, já sabem do que se trata.

De qualquer maneira, passada a febre, os players sérios costumam ser os que sobram no mercado e neste caso, estarão sim fornecendo um serviço importante para diminuir os custos e democratizar o acesso aos blockchains.

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada por e-mail e publicada aqui com alguns dias de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra? Assine inserindo o seu e-mail abaixo:


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