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Blog da HashInvest

Democracia à Brasileira

Postado em 12/07/2023

Nome do Autor luis

Hoje não falo de investimentos, mas justifico o porquê meu dinheiro está em Bitcoin.

Em minha historinha, você é um feliz proprietário de uma unidade residencial em um condomínio clube.

O que é de se esperar é que logo após a entrega do empreendimento os moradores do condomínio se organizem de modo a criar o modelo de gestão.

Serão nomeados conselheiros, será criado o conselho fiscal, será redigido um regimento interno, serão contratados funcionários para limpeza, conservação, segurança, controle de acesso etc., e será eleito um síndico.

Sabemos que não existe mundo perfeito, mas dentro do possível é de se esperar que o condomínio passe a funcionar.

Piscinas limpas, garagens iluminadas, grama cortada etc. Todas as funcionalidades prometidas no momento da aquisição funcionando como planejado e manutenção em dia.

Uma vez por ano, os moradores se reúnem, aprovam contas, discutem novos projetos e decidem democraticamente a equipe para realizar a próxima gestão. Há quem defenda uma nova piscina, há quem ache a nova piscina um absurdo, mas enfim, a maioria decide.

Tudo isso custa… Viver em um condomínio clube tem seu custo. A soma desses custos é mensalmente distribuída aos condôminos, geralmente pela sua fração ideal.

Com o passar dos anos, os funcionários vão ficando antigos e notam que os moradores estão se acostumando com as mesmas pessoas, mesmas rotinas e no geral começa a existir um grande desinteresse pela vida no condomínio, e é aí que a farra começa.

O conselho fiscal já não é mais austero, pelo contrário… O síndico fez um esquema com a empresa de manutenção do portão e ganha uma comissão a cada conserto, devidamente dividido com o zelador.

O zelador influencia o síndico a aumentar o seu próprio salário, e a ganhar poder de gestão sobre os demais funcionários da limpeza.

Toda e qualquer reforma envolve a pequena empreiteira do cunhado do subsíndico e as lâmpadas passam a ser adquiridas pelo triplo do preço na loja do primo do presidente do conselho fiscal.

A coisa ficou tão grave que com o passar dos anos, os salões de festas, a churrasqueira e a piscina passaram a ser de uso exclusivo dos funcionários do condomínio e seus familiares, sendo os moradores impedidos, afinal, nada mais justo que prover bem estar para quem está lá lutando para manter o seu condomínio em dia, limpo e funcional.

E ai de quem chiar… Poderá ser expulso de casa! O conselho de administração, chefiado pelo careca do 301B modificou seu nome para Supremo Conselho do Condomínio e seus integrantes passaram a usar toga.

A mais recente novidade foi uma alteração no regimento interno na qual funcionários do condomínio podem votar nas eleições de síndico, e isso surpreendentemente passou… Nessa altura do campeonato, a zeladora já recebe um salario na faixa dos 44 mil reais, próximo ao teto definido pelo regimento. No mês que vem ela aposenta, com valor integral, bancado pelo condomínio, que irá abrir um concurso para contratar mais duas zeladoras para substituí-la.

É raro quando alguém reclama do boleto. O morador do 902B certo dia reclamou, em vão, pois é óbvio que bancar picanha das festas da faculdade de medicina paga pelo condomínio para a filha do tratador da piscina não custa barato, mas manter a piscina em dia é fundamental, afinal os familiares dos funcionares do condomínio contam com essa piscina.

Na última eleição de síndico o pau comeu solto. Havia praticamente uma guerra de facções entre a torre A e a torre B, pois a turma da torre A queria eleger o conselho fiscal para passar a roubar no lugar da turma da torre B, mas em momento algum houve a intenção de acabar com o esquema perverso que manda boletos impagáveis para os moradores.

Quando muito, alguns moradores que assim como a panela de sapos que ferve lentamente, foram sendo vítimas da situação, se revoltaram. Os revoltados apontavam para o condomínio ao lado enaltecendo suas características, diziam fervorosamente:

“Vejam, no condomínio ao lado, a pintura dos muros e meios fios internos ao condomínio estão em dia, as árvores estão perfeitamente podadas e lá o porteiro bate continência para o morador. Lá os moradores ainda podem usufruir das piscinas e salões de festa. Conversando com quem mora lá, nunca ouvimos uma queixa sequer do preço do condomínio”.

Qual é surpresa ao descobrir que no tal condomínio ao lado, a turma é ainda mais esperta. De fato, tudo funciona muito bem, mas quem paga o boleto para manter o condomínio vizinho é você! São os moradores do seu condomínio que rateiam os custos do vizinho e tudo de acordo com o regimento interno que você aprovou e jura defender.

Detalhe que a escola de balé e natação das filhas solteiras dos moradores do condomínio vizinhos são pagos por você, para sempre, enquanto elas forem solteiras…

Ainda tem gente que acredita que a turma do condomínio vizinho, bancado pelo seu dinheiro e protegido pelo regimento interno do seu condomínio, tem incentivos para mudar esse sistema… Pobres sonhadores.

Percebem o que aconteceu?

Devagarinho, passo a passo a democracia se converteu em um esquema de neo-feudalismo. A taxa de condomínio inicialmente desenhada para ser a justa proporção da vida em comum virou um meio de financiamento de agentes corruptos e manutenção de estilos de vida luxuosos de quem está parasitando o sistema.

Se a historinha contada fosse de fato no seu condomínio, você certamente diria: “Que bando de idiotas, porque não se revoltam, porque não fazem alguma coisa”.

Pois é.

O condomínio está começando a rachar. Os moradores simplesmente não possuem mais dinheiro para continuar bancando o sistema.

Ao viver no padrão Bitcoin, a volatilidade é um pequeno custo comparado ao imenso benefício de contribuir para a autodestruição do atual modelo de gestão. Vivo assim há cerca de 4 anos, sem arrependimentos.

Existem ferramentas a sua disposição e Bitcoin é uma das mais simples e democráticas delas. Opt-out!

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Memecoins: a piada que chegou à presidência dos EUA 

Memecoins: a piada que chegou à presidência

Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, há uma grande expectativa de políticas mais favoráveis do governo americano em relação às criptomoedas (escrevo esse texto antes da posse). No entanto, a única certeza que temos até o momento é o lançamento das meme coins, TRUMP e MELANIA, pelos respetivos homenageados (presidente e primeira-dama). Juntas, essas duas meme coins já chegaram a valer mais de USD 14 bilhões.  

Uma meme coin é uma criptomoeda baseada em memes ou piadas da internet. Geralmente, elas são criadas como uma forma de humor ou sátira, mas algumas acabam ganhando valor significativo impulsionadas principalmente pela comunidade e pelo hype nas redes sociais. Outras celebridades como Elon Musk, Caitlyn Jenner, Iggy Azalea também resolveram lucrar dessa forma.  

Além da possibilidade de ganhos significativos, hoje é muito fácil do ponto de vista técnico criar uma moeda digital. Inclusive, já existem sites como Pump.fun  e Token Tool, que tornam esse processo simples como preencher um formulário online. Contudo, se o processo de criação é rápido, paga-se para que uma nova moeda seja listada por sites e exchanges. O lançamento “sério” de uma moeda custa entre USD 5.000 e USD 50.000. 

Por ser tão fácil e o investimento baixo, segundo agregadores, todos os dias entre 40.000 e 50.000 novos tokens de criptomoedas são criados. Durante períodos de hype, esse número pode chegar a 100.000. No entanto, muitas dessas iniciativas têm poucas horas de vida. 

Obviamente que nem tudo são flores, especialmente para projetos que não tem o homem mais poderoso do mundo e nem o mais rico como garotos propaganda. Ainda segundo a plataforma DREX, a maioria dos projetos de meme coin (89%) tem um valor de mercado entre 0 e $USD 1,000. Apenas 5% das meme coins tinham um valor de mercado acima de $10 milhões em março de 2024. 

Além disso, a volatilidade dos preços das meme coins é um dos aspectos mais marcantes desse segmento. Essas moedas podem experimentar oscilações extremas de valor em curtos períodos. Eventos como tweets de celebridades e notícias de parcerias podem causar aumentos repentinos nos preços. Da mesma forma, quedas igualmente rápidas acontecem quando o interesse diminui ou surgem preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos. 

Por exemplo, o preço do Dogecoin ($DOGE) viu um aumento meteórico após uma série de tweets de Elon Musk, apenas para experimentar quedas substanciais quando o entusiasmo inicial esfriou. O que parece estar acontecendo com as moedas TRUMP e MELANIA.  

Por isso, a não ser que você compre uma meme coin por brincadeira ou piada, é muito difícil que acerte o momento certo de entrar nesse “investimento”. Você terá que acertar qual, dentre os milhares de projetos, será colocado em destaque por uma celebridade de alcance global. 

2025 já está voando

2025 já está voando

Parece que foi ontem que o ano de 2024 terminou. 2025 era esperado com muitas expectativas…

E não decepcionou… 2025 começou bastante animado e já vamos completando o primeiro mês do ano. 1/12 do ano já se foi…

Em janeiro todos os olhos do mundo econômico se voltaram ao tio Sam. Donald Trump assumiu a cadeira mais importante da maior potência econômica e militar do planeta num estilo bem caricato e pistola. Assinou pilhas de decretos de todos os tipos, assuntos e gostos… se pautou no auge da arrogância já conhecida e nada diferente daqueles que o elegeram esperava. Não vou me atrever a analisar seus decretos, veracidades, pontos positivos e nem negativos. Vou me ater ao fato do Bitcoin e demais ativos virtuais terem passado em branco no dia 1 do novo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Entretanto, movimentos de substituição na presidência da SEC (equivalente à CVM nos EUA) e a criação de uma comissão para o desenvolvimento de uma regulação pró-Bitcoin e cia foi suficiente para alavancar as cotações para novos ATH. Já na semana seguinte uma startup chinesa, DataSeek, chacoalhou o mercadoi de ações norte-americano. Em especial a Nvidia e outras bigtechs derreteram. Nenhuma relação direta com o Bitcoin, mas o efeito colateral dos mercados como um todo derrubaram o Bitcoin para baixo dos 100 mil dólares outra vez. Para a tristeza dos haters, rapidamente o Bitcoin se recuperou e voltou a ser transacionado acima dos 100 mil dólares.

Toda essa novela se passou em menos de 30 dias e certamente teremos muito mais nos próximos 11 meses. Essa emoção toda certamente será convertida em volatilidade e na média as expectativas são animadoras. Importante salientar que todos esse movimentos e ruídos são apenas catalizadores de preço de curto a médio prazo. Quando pensamos no protocolo matemático, esses ruídos têm interferência zero no Bitcoin. Preços subindo ou preços caindo o Bitcoin seguirá com sua escassez e sua descentralização. Os fundamentos que levam ao real valor do Bitcoin são justamente a sua escassez e sua descentralização.

Descentralização confere segurança e soberania ao indivíduo enquanto a escassez por protocolo matemático (descentralizado) reverte parte de seu valor em preço. Quanto maior for a demanda por algo escasso maior será seu preço. Quanto maior for o preço de um ativo seguro pelo qual cada indivíduo tem a soberania sobre ele tem um valor incalculável nos dias atuais. Justamente essa frase “nos dias atuais” que faz a procura por Bitcoin aumentar gradativamente retroalimentando esse círculo virtuoso.

No início era coisa de nerd, hoje já superamos o ciclo dos indivíduos e estamos ganhando velocidade no ciclo dos institucionais e talvez entrando simultaneamente no ciclo dos países. E nisso o catalizador que comentei lá no início ganha relevância pois pode acelerar a adoção de empresas e países para constituírem suas reservas em Bitcoin. Enquanto ruídos pontuais como “DataSeek” em nada interferem nesse processo de adoção ou no protocolo do Bitcoin, ou seja, zero influência nos fundamentos.

Enquanto governos e países forem controladores, intervencionistas e gastadores a tendência é de valorização do Bitcoin em relação às moedas fiduciárias (reais, dólares e etc…). Elimine os ruídos e foque nos fundamentos e seja feliz! Que venha o futuro.

O cenário mais provável para o Brasil

O cenário mais provável para o Brasil

Abrimos a segunda metade do atual governo com perspectivas excelentes para quem vive no padrão Bitcoin e perspectivas não tão excelente para quem vive no padrão de Real brasileiro.

Se no dia 7 de janeiro o governo faz propaganda que o déficit primário (leia a newsletter 149 sobre esse tema onde explico que déficit primário em si já é um número mentiroso e pouco útil) de “apenas” 0,1% do PIB, no dia 27 o pesquisador do Insper, Marcos Mendes detalha que ele na verdade foi 9 (NOVE) vezes maior que o divulgado (basta uma breve pesquisa no Google para você ler inúmeras reportagens sobre o tema).

Mas não é só Haddad que está maquiando dados, o IBGE capitaneado pelo autodenominado “comunista” Márcio Pochmann tem sido alvo de um motim, em que altos diretores da instituição protestam e reclamam pela falta de autonomia e uso político da instituição, se dividindo entre carta de repúdio e chegando ao extremo do pedido de exoneração.

O IBGE jura que a inflação de 2024 fechou abaixo de 5%. Nessa altura do campeonato, imagino que você já tenha verificado perante a sua realidade que a inflação real é algo entre 3 a 4 vezes isso.

O mesmo IBGE divulga desemprego nas mínimas, porém esquece de combinar com os russos, que divulgam gastos com seguro-desemprego nas máximas e crescentes.

Junte a esse caldeirão a recente pesquisa de popularidade do governo, no dia 27 de janeiro, em que pela primeira vez o governo é mais mal avaliado do que bem avaliado e apertem os cintos.

Popularidade em baixa encarece a barganha com nosso congresso corrupto, torna os favores dos deputados mais caros e favorece a gastança com viés populista para tentar reverter as questões.

Não se iluda com o refresco proporcionado pelo USD caindo de 6.20 para 5.80, ele tem nome e sobrenome. O nome chama Donald Trump, onde o refresco do USD acontece em meio a acomodação da chegada do novo governo americano e o sobrenome é recesso parlamentar, dando uma trégua ao noticiário fiscal por assim dizer.

Nossa perspectiva local é ruim, muito ruim… Terrível para ser sincero.

Recapitulando, temos na equação um governo corrupto negociando junto a um congresso corrupto, um ministro da fazenda inapto e incapaz, um instituto de estatística corrupto e mentiroso em um cenário pré-eleitoral com a popularidade de um presidente decrescente junto com um tesouro nacional sem ter de onde tirar dinheiro.

Você não precisa ser gênio para avaliar que a situação não é das melhores.

A recente crise do PIX mostrou que o governo não tem mais folego político, forças políticas e apoio popular para aumentar me criar mais impostos, o que perante ao mercado aliviaria a situação dando um espaço teatral aos infindáveis gastos.

Descartando o aumento e criação de impostos no passo necessário para atender ao apetite do feudo por mais dinheiro, restam duas alternativas sobre a mesa.

A alternativa 1 é austeridade, a redução do estado, como por exemplo um grande e significativo corte de privilégios de castas como a do judiciário e dos militares, e uma grande otimização da máquina pública e seus recursos, uma redução de impostos para quem produz e a redução de incentivos ao nada fazer proporcionada através de dinheiro grátis.

A alternativa 2 é imprimir dinheiro, aumentar as regalias dos senhores feudais do alto funcionalismo e expandir o UBI (Universal Basic Income – o auxílio Brasil por exemplo) e assim garantir base de apoio e consequentes votos para 2026.

Explorando um pouco mais a alterativa 2, já são mais de 56 milhões de brasileiros atendidos pelos programas sociais, dos quais são estimados que 42 milhões são eleitores. Some esse número aos 12 milhões de funcionários públicos Federais e a base de eleitores para perpetuar o atual governo parte de 54 milhões de votos, independente do caos.

Lembre-se que a classe média é uma câmara de eco, em que ela prega e protesta com ela mesma. Ela é numericamente inferior, não tem voz perante os senhores feudais. Na prática, além de cômodo, o grande incentivo do governo é arroxar e tirar dinheiro da classe média para expandir regalias do feudo e distribuir dinheiro grátis via UBI. Perde-se um voto em detrimento ao ganho de vários.

A alternativa 1 nos tiraria lentamente do buraco.

A alternativa 2 caminha pelos trilhos da Argentina de Cristina e Alberto Fernandez.

Se você acredita que o governo brasileiro irá optar pela alternativa 1, Tesouro Direto e ações na B3 fazem perfeito sentido.

Se você tende a acreditar que a alternativa 2 é mais provável, a janela para que você tenha Bitcoin está ficando estreita. Nesse cenário, Bitcoin a 20 mil, 40 mil ou 200 mil dólares fará pouca diferença quando comparada a destruição potencial de patrimônio que se desenha até as próximas eleições.

O cenário mais provável para o Brasil, você decide!