Viajando no tempo, podemos lembrar que dezembro de 2018 os discursos de Paulo Guedes faziam esperanças brotarem e a formação de um Ministério essencialmente técnico do então novo presidente era de encher qualquer cidadão que se importa com a economia (no meu ver a base que permite cuidar do social) de boas expectativas com o futuro.
Precisou de pouco tempo para se mostrar uma grande false-flag, com Jair abaixando as calças para o centrão, cedendo as velhas práticas e a pior decepção de todas, com o Ministro Paulo Guedes entregando um dia a dia muito mais à esquerda do que qualquer um poderia imaginar… Eu fui uma das vítimas desse estelionato e Jair um grande traidor do voto de quem queria um Brasil liberal.
Endividamento, Bolsa compra voto para todos os lados, auxílios esdrúxulos e até mesmo um “estado de emergência devido a guerra da Ucrânia” foi costurado e entregue, às vésperas das eleições, pelo governo anterior.
Enfim, o governo anterior fez uma escolha óbvia (que os mais radicais se recusam a ver). Ao invés de escolher a polarização liberalismo versus esquerdismo na economia, o governo Bolsonaro optou por executar um governo muito esquerdista na economia e ir para a luta das urnas apostando na polarização progressismo versus conservadorismo, o que se mostrou fracassado.
Ao escolher executar um plano de esquerda na economia, Jair perdeu os votos dos liberais que o elegeram em 2018, restando apenas os conservadores nos costumes .
Em 2018, todos sabíamos que ele é um completo imbecil, não havia surpresa nisso, mas havia uma esperança de que Paulo Guedes e sua equipe agissem como liberais que supostamente seriam, mas para isso, Jair e sua claque deveriam atuar na ala política, no congresso e no senado, e por lá, nosso pateta fujão foi apenas o que já haveria sido nos 28 anos anteriores… Um coadjuvante.
De resultado prático, vimos um monte de gente que olhou os cenários do passado e decidiu “fazer o L”.
De forma simplista, o raciocínio é que o estelionato do discurso seria uma prática recorrente. Ao analisar o passado recente têm-se uma lembrança de um Lula radical no discurso e liberal na economia e um Bolsonaro liberal do discurso e mais à esquerda que Lula em seu primeiro mandato no campo econômico, bora “fazer o L”.
Voltando para dezembro de 2022 e início de 2023…
Estamos vendo um filme de terror, um ministério formado por ex-presidiários cuja ficha corrida é de fazer inveja aqueles que estão de fato presos por coisas menores. Psicopatas destruidores do dinheiro público estão com uma sede ao pote jamais vista.
O raciocínio que justificou o voto simplesmente ignorou o segundo mandato de Lula e o fracasso completo e total da nova matriz econômica dos mandatos de Dilma, esses sim, mais à esquerda que Paulo Guedes.
Ignorou-se a probabilidade maior, de que a execução do primeiro mandato de Lula tenha sido exceção e não regra.
O maior risco que temos para o Brasil no atual momento é que o atual governo entregue de fato tudo aquilo que prometeu durante a campanha.
Se podemos ter um fio de esperança com Lula, é que ele é um mentiroso costumaz, e que ele provavelmente mentiu descaradamente ao prometer revogação de reformas trabalhistas, revogação da reforma da previdência, volta do imposto sindical etc.
Muito provavelmente, se o aparelhamento e inchaço do estado junto com o reestabelecimento do fluxo de dinheiro farto para os amigos do Rei tende a fazer o novo governo se dar por contente.
De forma resumida, o financiamento de coisas estapafúrdias e superfaturadas, desde espetáculos culturais até a aquisição de refinarias sucateadas e obras não prioritárias, desde que com dinheiro “público” deve saciar a horda de ratos que voltou à Brasília.
Com Jair/Guedes ou com Lula o destino seria o mesmo, com velocidades diferentes. Com Jair estávamos indo em direção ao precipício econômico em uma velocidade mais lenta do que iremos com Lula/Haddad.
Com Jair/Guedes houve a maior impressão de dinheiro tirada do absolutamente nada da história do Real, com Lula/Haddad provavelmente veremos a maior gastança de dinheiro da história do Real. Diferentes meios que chegam ao mesmo fim, e com boas chances de que o governo atual também ceda a tentação de imprimir, além de gastar.
Mas então, porque o USD está tão comportado?
Porque o FED assim o quer. Controlar a inflação e manter o juros negativos é parte da estratégia do Tio Sam. Um USD desvalorizado no mundo ajuda os EUA a comprarem quinquilharias da China a um preço mais barato, ajudando com a tarefa de diminuir a inflação.
De setembro para cá, o USD perdeu aproximadamente 11% em relação ao resto do mundo, ou seja, o nosso câmbio deveria estar em algo próximo a R$ 4,60 e isso está completamente despercebido pelo investidor médio no Brasil, o dólar não tem se comportado.
A probabilidade de o novo governo fracassar na área economia é significativamente maior do que a probabilidade de dar certo.
Ter o patrimônio em Reais é um risco que quem pretende se aposentar e colher os frutos de anos de trabalho não deveria escolher correr voluntariamente.
Meu prognostico de “Argentina light” como explicado em textos anteriores está mais quente do que nunca, e em breve, comprar USD e Bitcoin será uma tarefa bastante difícil devido ao controle de capitais.
Lembro também que no texto de hoje, me contenho exclusivamente ao campo econômico, sem menção à caça as bruxas institucionalizada na dobradinha STF/Planalto que busca censurar e cortar a liberdade de qualquer opositor, que por si já seria motivo mais que suficiente para qualquer cidadão de bem se entupir de Bitcoin, mas esse tema fica para outro dia…