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Blog da HashInvest

Da história do dinheiro à crise financeira

Postado em 20/07/2022

Nome do Autor gerson

O dinheiro é uma convenção inventada pelos seres humanos para facilitar as trocas. A partir daí o dinheiro também ficou conhecido como moeda de troca ou simplesmente moeda. Esta moeda, e seus recursos futuros, foram importantes responsáveis por grandes transformações sociais e econômicas pelo mundo.

Antes desta convenção, as trocas eram feitas diretamente entre produtos (escambo). Imagina você hoje tendo que comprar apenas na base da troca de produtos e serviços… seria uma loucura, não?

Para resolver esse problema foi criada a convenção da moeda de troca, que serve também como unidade de conta e consequentemente como ativo de reserva. Essa moeda de troca, para ter valor, precisava ser escassa (um limite, ou próxima de um limite devido a sua dificuldade). Ao longo dos tempos e lugares do mundo diversos materiais escassos por natureza foram utilizados como moedas (sal, especiarias, pedras, conchas, metais preciosos e etc…). Os mais conhecidos foram os metais preciosos como ouro e a prata que foram inclusive cunhados em objetos circulares (o que hoje também leva o nome de moeda por sua origem). A evolução desses ativos escassos, que originalmente eram utilizados diretamente como moeda de troca, foi a invenção do papel moeda. O papel moeda nada mais é que um pedaço de papel emitido por alguém que goze da confiança para ser o guardião da moeda, do ativo escasso que possui valor. Essa evolução, de lastrear o papel moeda em ativos escassos centralizados em guardiões que gozavam da confiança e credibilidade permitiu aumentar a velocidade de circulação dos recursos e impulsionaram o sistema de crédito. Naturalmente, com as definições de fronteiras e conceitos de soberania, os governos passaram a ser por força de lei esses guardiões dos ativos escassos que lastreavam o papel moeda, agora emitido exclusivamente pelos governos. Os governos precisavam cada vez mais se financiar e emitir dívida que fosse lastreada em ativos fortes (escassos) e isso impunha muitas limitações. Então, em 1971, um pacote econômico promulgado pelo Presidente Nixon dos Estados Unidos colocou a última pá de cal no bom e velho padrão ouro (padrão internacional onde as moedas soberanas eram lastreadas em reservas de ouro). O mesmo papel moeda, que até então tinha lastro em ativos escassos (ouro) passou a não precisar mais de lastro. Assim nasceram as moedas fiduciárias que são o dinheiro como conhecemos hoje. As moedas fiduciárias não possuem e nem precisam de lastro, precisam do poderio econômico e militar do seu emissor para gozarem de credibilidade no mercado internacional. Enquanto gozarem de credibilidade e confiança, os países têm passe livre para se financiarem despejando enormes contingentes de dinheiro nos mercados.

Um pequeno parêntesis a ser considerado é que um enorme contingente de dinheiro em circulação sem um crescimento econômico compatível gera invariavelmente uma desvalorização da moeda (inflação). Outro efeito colateral é o tamanho da dívida em comparação com o poder de geração de riqueza de uma nação. Em suma, colocar a sua credibilidade em risco (por medo de calotes por exemplo) afetará a sua capacidade de autofinanciar forçando ainda mais a desvalorização da sua moeda.

Entendido a história do dinheiro, obviamente de forma resumida e simplificada, podemos entender sob a perspectiva macroeconômica como funcionam os grandes fluxos do dinheiro.

Quando a economia de um país está vibrante, com otimismo e crescimento, vemos notoriamente um grande fluxo de capitais para o setor produtivo. Os recursos fluem naturalmente de ativos de reserva (escassos) e renda fixa (ativos financeiros baseados em dinheiro fiduciário) para as empresas. Nessas situações vemos a bolsa de valores batendo recordes.

Quando a economia não está assim tão vibrante (estagnada ou pior, estagnada com inflação) e em cenários de crises onde as incertezas pairam pelo ar vemos o fluxo inverso ao do parágrafo anterior. Os recursos fogem do setor produtivo migrando em maior ou menor escala para ativos de reserva (escassos) e renda fixa (ativos financeiros baseados em dinheiro fiduciário). Nessas situações vemos a bolsa de valores despencar. Estamos aqui, nesse cenário, no presente momento no Brasil e no mundo.

Costumeiramente as economias funcionam em ciclos, meio que se alternando entre os dois últimos parágrafos. Entretanto, nesses ciclos costumam existir crises mais exacerbadas que historicamente acontecem apenas uma vez por geração. Por terem uma frequência menor e grande parte das pessoas ativas no “mercado” nunca terem vivenciado essas crises catastróficas, a imensa maioria acaba esquecendo desta possibilidade real e não se protegendo de uma eventualidade nem tão eventual.

Em crises catastróficas, como por exemplo a consequência da quebra da confiança na capacidade de um país relevante de honrar as suas dívidas, o fluxo de capitais foge do setor produtivo e da renda fixa (ativos financeiros) em busca de um porto seguro. Literalmente é um salve-se quem puder. Porto seguro, blindado da desvalorização da moeda fiduciária, são justamente aqueles ativos escassos que um dia foram a moeda de troca. A escassez é o valor intrínseco conferido aos ativos naturalmente escassos ou mais recentemente digitalmente escassos (Bitcoin). Ou seja, independem das vontades dos governos e bancos centrais pois a sua oferta não pode ser definida ou controlada em sua essência por ninguém isoladamente.

Quem ganha dinheiro no longo prazo? Quem entende a dinâmica desses macrofluxos construindo carteiras equilibradas e cabeça fria para nadar contra a maré. Comprar bons ativos quando o fluxo está vendendo (comprar barato) e estar sempre minimamente preparado para uma crise ou supercrise.

Se você tem um patrimônio (obviamente de acordo com o seu perfil, momento de vida e nível de medo), você deveria ter um pouco mais ou um pouco menos de Bitcoin e ouro (ativos escassos de reserva) em seu portfólio!

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Memecoins: a piada que chegou à presidência dos EUA 

Memecoins: a piada que chegou à presidência

Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, há uma grande expectativa de políticas mais favoráveis do governo americano em relação às criptomoedas (escrevo esse texto antes da posse). No entanto, a única certeza que temos até o momento é o lançamento das meme coins, TRUMP e MELANIA, pelos respetivos homenageados (presidente e primeira-dama). Juntas, essas duas meme coins já chegaram a valer mais de USD 14 bilhões.  

Uma meme coin é uma criptomoeda baseada em memes ou piadas da internet. Geralmente, elas são criadas como uma forma de humor ou sátira, mas algumas acabam ganhando valor significativo impulsionadas principalmente pela comunidade e pelo hype nas redes sociais. Outras celebridades como Elon Musk, Caitlyn Jenner, Iggy Azalea também resolveram lucrar dessa forma.  

Além da possibilidade de ganhos significativos, hoje é muito fácil do ponto de vista técnico criar uma moeda digital. Inclusive, já existem sites como Pump.fun  e Token Tool, que tornam esse processo simples como preencher um formulário online. Contudo, se o processo de criação é rápido, paga-se para que uma nova moeda seja listada por sites e exchanges. O lançamento “sério” de uma moeda custa entre USD 5.000 e USD 50.000. 

Por ser tão fácil e o investimento baixo, segundo agregadores, todos os dias entre 40.000 e 50.000 novos tokens de criptomoedas são criados. Durante períodos de hype, esse número pode chegar a 100.000. No entanto, muitas dessas iniciativas têm poucas horas de vida. 

Obviamente que nem tudo são flores, especialmente para projetos que não tem o homem mais poderoso do mundo e nem o mais rico como garotos propaganda. Ainda segundo a plataforma DREX, a maioria dos projetos de meme coin (89%) tem um valor de mercado entre 0 e $USD 1,000. Apenas 5% das meme coins tinham um valor de mercado acima de $10 milhões em março de 2024. 

Além disso, a volatilidade dos preços das meme coins é um dos aspectos mais marcantes desse segmento. Essas moedas podem experimentar oscilações extremas de valor em curtos períodos. Eventos como tweets de celebridades e notícias de parcerias podem causar aumentos repentinos nos preços. Da mesma forma, quedas igualmente rápidas acontecem quando o interesse diminui ou surgem preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos. 

Por exemplo, o preço do Dogecoin ($DOGE) viu um aumento meteórico após uma série de tweets de Elon Musk, apenas para experimentar quedas substanciais quando o entusiasmo inicial esfriou. O que parece estar acontecendo com as moedas TRUMP e MELANIA.  

Por isso, a não ser que você compre uma meme coin por brincadeira ou piada, é muito difícil que acerte o momento certo de entrar nesse “investimento”. Você terá que acertar qual, dentre os milhares de projetos, será colocado em destaque por uma celebridade de alcance global. 

2025 já está voando

2025 já está voando

Parece que foi ontem que o ano de 2024 terminou. 2025 era esperado com muitas expectativas…

E não decepcionou… 2025 começou bastante animado e já vamos completando o primeiro mês do ano. 1/12 do ano já se foi…

Em janeiro todos os olhos do mundo econômico se voltaram ao tio Sam. Donald Trump assumiu a cadeira mais importante da maior potência econômica e militar do planeta num estilo bem caricato e pistola. Assinou pilhas de decretos de todos os tipos, assuntos e gostos… se pautou no auge da arrogância já conhecida e nada diferente daqueles que o elegeram esperava. Não vou me atrever a analisar seus decretos, veracidades, pontos positivos e nem negativos. Vou me ater ao fato do Bitcoin e demais ativos virtuais terem passado em branco no dia 1 do novo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Entretanto, movimentos de substituição na presidência da SEC (equivalente à CVM nos EUA) e a criação de uma comissão para o desenvolvimento de uma regulação pró-Bitcoin e cia foi suficiente para alavancar as cotações para novos ATH. Já na semana seguinte uma startup chinesa, DataSeek, chacoalhou o mercadoi de ações norte-americano. Em especial a Nvidia e outras bigtechs derreteram. Nenhuma relação direta com o Bitcoin, mas o efeito colateral dos mercados como um todo derrubaram o Bitcoin para baixo dos 100 mil dólares outra vez. Para a tristeza dos haters, rapidamente o Bitcoin se recuperou e voltou a ser transacionado acima dos 100 mil dólares.

Toda essa novela se passou em menos de 30 dias e certamente teremos muito mais nos próximos 11 meses. Essa emoção toda certamente será convertida em volatilidade e na média as expectativas são animadoras. Importante salientar que todos esse movimentos e ruídos são apenas catalizadores de preço de curto a médio prazo. Quando pensamos no protocolo matemático, esses ruídos têm interferência zero no Bitcoin. Preços subindo ou preços caindo o Bitcoin seguirá com sua escassez e sua descentralização. Os fundamentos que levam ao real valor do Bitcoin são justamente a sua escassez e sua descentralização.

Descentralização confere segurança e soberania ao indivíduo enquanto a escassez por protocolo matemático (descentralizado) reverte parte de seu valor em preço. Quanto maior for a demanda por algo escasso maior será seu preço. Quanto maior for o preço de um ativo seguro pelo qual cada indivíduo tem a soberania sobre ele tem um valor incalculável nos dias atuais. Justamente essa frase “nos dias atuais” que faz a procura por Bitcoin aumentar gradativamente retroalimentando esse círculo virtuoso.

No início era coisa de nerd, hoje já superamos o ciclo dos indivíduos e estamos ganhando velocidade no ciclo dos institucionais e talvez entrando simultaneamente no ciclo dos países. E nisso o catalizador que comentei lá no início ganha relevância pois pode acelerar a adoção de empresas e países para constituírem suas reservas em Bitcoin. Enquanto ruídos pontuais como “DataSeek” em nada interferem nesse processo de adoção ou no protocolo do Bitcoin, ou seja, zero influência nos fundamentos.

Enquanto governos e países forem controladores, intervencionistas e gastadores a tendência é de valorização do Bitcoin em relação às moedas fiduciárias (reais, dólares e etc…). Elimine os ruídos e foque nos fundamentos e seja feliz! Que venha o futuro.

O cenário mais provável para o Brasil

O cenário mais provável para o Brasil

Abrimos a segunda metade do atual governo com perspectivas excelentes para quem vive no padrão Bitcoin e perspectivas não tão excelente para quem vive no padrão de Real brasileiro.

Se no dia 7 de janeiro o governo faz propaganda que o déficit primário (leia a newsletter 149 sobre esse tema onde explico que déficit primário em si já é um número mentiroso e pouco útil) de “apenas” 0,1% do PIB, no dia 27 o pesquisador do Insper, Marcos Mendes detalha que ele na verdade foi 9 (NOVE) vezes maior que o divulgado (basta uma breve pesquisa no Google para você ler inúmeras reportagens sobre o tema).

Mas não é só Haddad que está maquiando dados, o IBGE capitaneado pelo autodenominado “comunista” Márcio Pochmann tem sido alvo de um motim, em que altos diretores da instituição protestam e reclamam pela falta de autonomia e uso político da instituição, se dividindo entre carta de repúdio e chegando ao extremo do pedido de exoneração.

O IBGE jura que a inflação de 2024 fechou abaixo de 5%. Nessa altura do campeonato, imagino que você já tenha verificado perante a sua realidade que a inflação real é algo entre 3 a 4 vezes isso.

O mesmo IBGE divulga desemprego nas mínimas, porém esquece de combinar com os russos, que divulgam gastos com seguro-desemprego nas máximas e crescentes.

Junte a esse caldeirão a recente pesquisa de popularidade do governo, no dia 27 de janeiro, em que pela primeira vez o governo é mais mal avaliado do que bem avaliado e apertem os cintos.

Popularidade em baixa encarece a barganha com nosso congresso corrupto, torna os favores dos deputados mais caros e favorece a gastança com viés populista para tentar reverter as questões.

Não se iluda com o refresco proporcionado pelo USD caindo de 6.20 para 5.80, ele tem nome e sobrenome. O nome chama Donald Trump, onde o refresco do USD acontece em meio a acomodação da chegada do novo governo americano e o sobrenome é recesso parlamentar, dando uma trégua ao noticiário fiscal por assim dizer.

Nossa perspectiva local é ruim, muito ruim… Terrível para ser sincero.

Recapitulando, temos na equação um governo corrupto negociando junto a um congresso corrupto, um ministro da fazenda inapto e incapaz, um instituto de estatística corrupto e mentiroso em um cenário pré-eleitoral com a popularidade de um presidente decrescente junto com um tesouro nacional sem ter de onde tirar dinheiro.

Você não precisa ser gênio para avaliar que a situação não é das melhores.

A recente crise do PIX mostrou que o governo não tem mais folego político, forças políticas e apoio popular para aumentar me criar mais impostos, o que perante ao mercado aliviaria a situação dando um espaço teatral aos infindáveis gastos.

Descartando o aumento e criação de impostos no passo necessário para atender ao apetite do feudo por mais dinheiro, restam duas alternativas sobre a mesa.

A alternativa 1 é austeridade, a redução do estado, como por exemplo um grande e significativo corte de privilégios de castas como a do judiciário e dos militares, e uma grande otimização da máquina pública e seus recursos, uma redução de impostos para quem produz e a redução de incentivos ao nada fazer proporcionada através de dinheiro grátis.

A alternativa 2 é imprimir dinheiro, aumentar as regalias dos senhores feudais do alto funcionalismo e expandir o UBI (Universal Basic Income – o auxílio Brasil por exemplo) e assim garantir base de apoio e consequentes votos para 2026.

Explorando um pouco mais a alterativa 2, já são mais de 56 milhões de brasileiros atendidos pelos programas sociais, dos quais são estimados que 42 milhões são eleitores. Some esse número aos 12 milhões de funcionários públicos Federais e a base de eleitores para perpetuar o atual governo parte de 54 milhões de votos, independente do caos.

Lembre-se que a classe média é uma câmara de eco, em que ela prega e protesta com ela mesma. Ela é numericamente inferior, não tem voz perante os senhores feudais. Na prática, além de cômodo, o grande incentivo do governo é arroxar e tirar dinheiro da classe média para expandir regalias do feudo e distribuir dinheiro grátis via UBI. Perde-se um voto em detrimento ao ganho de vários.

A alternativa 1 nos tiraria lentamente do buraco.

A alternativa 2 caminha pelos trilhos da Argentina de Cristina e Alberto Fernandez.

Se você acredita que o governo brasileiro irá optar pela alternativa 1, Tesouro Direto e ações na B3 fazem perfeito sentido.

Se você tende a acreditar que a alternativa 2 é mais provável, a janela para que você tenha Bitcoin está ficando estreita. Nesse cenário, Bitcoin a 20 mil, 40 mil ou 200 mil dólares fará pouca diferença quando comparada a destruição potencial de patrimônio que se desenha até as próximas eleições.

O cenário mais provável para o Brasil, você decide!