Minha relação pessoal com o mercado financeiro e investimentos já somam mais de duas décadas. Como o tempo passa rápido… mas isso não vem ao acaso.

Eu aprendi diversas lições em momentos inusitados que aos poucos foram forjando o meu casco. São muitos calos, feridas e sortes também pelo caminho. Aos poucos, com todo o histórico e trajetória até me tornar um investidor profissional habilitado pela Comissão de Valores Mobiliários fui desenvolvendo um modelo mental cujo objetivo é se aproveitar dos calos e potencializar os ganhos sem depender tanto da sorte. A maioria das coisas que vou escrever são muito simples, mas para mim ficaram comprovadas pelo tempo e acontecimentos.

Se eu tivesse ouvido os mais experientes talvez eu não passasse por todas as experiências que passei.

O meu objetivo aqui não é ser dono da verdade e muito menos mostrar um caminho mágico, apenas compartilhar algumas experiências e aprendizados que podem ser úteis aos menos experientes no mundo dos investimentos.

Não dê um passo maior que a perna.

Minha iniciação como investidor foi no setor imobiliário. Sem dúvidas um setor fantástico e cheio de oportunidades. Mas o que eu não sabia era que os ciclos são longos e foi ali que eu entendi o que significava liquidez e longo prazo. Existe um velho ditado que diz “quem compra terra não erra”. Mas como sempre não existe verdade absoluta. Imóveis físicos, ou de tijolos como se fala no jargão do mercado financeiro, se bem localizados tendem a dar um excelente retorno. Mas, sempre tem o mas, isso pode levar muitos e muitos anos e se você você precisar vender às pressas a probabilidade de ganho escoa pelo ralo. Moral da história, não vá com muita cede ao pote e se comprometa apenas com aquilo que você pode suportar.

Depois tive a minha fase trader no mercado de ações. Quem nunca? Obviamente eu me achava o mais esperto e inteligente por fazer uns trocados para curtir o final de semana. Trader de bull market. Bull market é o mercado aquecido quando até os ativos ruins eventualmente derretem para cima. Quando estamos em bull markets é que os iniciantes costumam chegar ludibriados pelos supostos ganhos fáceis. O problema é que depois de fazer uns trocados no bull market o trader se acha invencível e junto com a confiança vem as dores de cabeça. O bull market não é eterno e muitas vezes o touro vai embora sem aviso prévio. E assim terminou minha fase trader no estouro da crise financeira internacional de 2008. Nesse caso eu tive mais sorte do que juízo. Pouco antes do estouro da crise que afundou os mercados em todo o mundo eu havia sacado a minha fortuna pessoal (que não era grandes coisas, mas para mim era) para tirar férias. Parte para usar nas minhas férias e parte para deixar “parado” já que eu não conseguiria acompanhar o mercado nas férias. Após o ocorrido tive diversas reflexões que posso enumerar algumas aqui:

  1. traders não ganham dinheiro, ou se ganham é apenas no bull market;
  2. Traders mesmo quando ganham dinheiro ganham menos que os investidores que sabem o que estão fazendo;
  3. Não se iluda e nem se empolgue quando o mercado “só sobe” e nem se desespere quando o mercado cai. Volatilidade pode ser para cima ou para baixo;
  4. Se eu tivesse comprado bons ativos e mantido na carteira meus ganhos seriam muito superiores aos trocados do final de semana;
  5. Não é qualquer coisa que está subindo o que define se é um bom ativo;
  6. Mercados aquecidos não duram para sempre. De tempos em tempos crises são inevitáveis e não tem aviso prévio com data precisa. Não vá com muita sede ao pote. 
  7. Diversificar em classes de ativos e tipos de ativos com objetivos específicos é vital. A tal estratégia que todos batem na tecla junto com o “não coloque todos os ovos numa cesta só”.

Essas reflexões e experiências do que fazer ou não fazer me impulsionaram a estudar. Estudar teorias e principalmente o que aconteceu em ciclos passados no Brasil e no mundo em diversas classes de ativos e com as moedas. Minha breve existência na terra é insignificante perto da riqueza do conhecimento empírico secular.

O passado não é garantia do futuro. Mas o passado é a melhor forma de entendermos com alguma razoabilidade as possibilidades e probabilidades do futuro. Crises sempre existiram e continuarão existindo. Impérios sempre tiveram seu auge e sua decadência. Inflação consumindo poder de compra faz parte do sistema e sempre teremos períodos piores e menos piores. Governos são mais ou menos intervencionistas, mas são sempre intervencionistas pensando primeiro no Governo e por último em você. Investir conscientemente é pensar no longo prazo, de forma estruturada e racional para atravessar os cenários mais prováveis da forma menos sofrível. Em resumo: diversificar seus investimentos em bons ativos. Bons ativos são aqueles que possuem fundamentos sólidos para justificarem estarem presentes na sua carteira de investimentos.

Não querendo puxar a sardinha para o nosso lado, mas já puxando… hoje é difícil encontrar um ativo com fundamentos mais sólidos do que o Bitcoin. Isso significa converter todo o seu patrimônio em Bitcoin? Calma, não vá com  muita sede ao pote. Aprenda a dosar o que melhor funciona pra você.

Enquanto escrevo esse artigo estou no avião partindo para as férias. Diferente de 2008, não preciso e nem devo desfazer das minhas posições por não conseguir acompanhar o mercado. Muito pelo contrário. Infelizmente minhas férias tem um prazo de duração desprezível em relação ao longo prazo para o qual minha carteira está preparada.

Viajo com direito ao sono dos justos 🙂

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada por e-mail e publicada aqui com alguns dias de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra? Assine inserindo o seu e-mail abaixo:


Assine a nossa newsletter
Receba o conteúdo que interessa para o investidor em Criptomoedas!
We respect your privacy. Your information is safe and will never be shared.
Don't miss out. Subscribe today.
×
×
WordPress Popup Plugin