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Blog da HashInvest

Inflação, deflação e devaneios

Postado em 18/10/2021

Nome do Autor luis

Quando começamos a Newsletter lá em 2017, a MMT (Modern Monetary Theory) era a bola da vez. Víamos pensadores e economistas consagrados dando o braço a torcer que a impressão desenfreada de dinheiro não teria consequências mais graves e que o dinheiro grátis, fácil e abundante para os amigos do Rei só teria benefícios à sociedade.

Em 2021 a conta parece estar começando a chegar, e o gênio da inflação está saindo da lâmpada, ao redor do globo,  com efeitos muito mais pronunciados nas republicas de bananas como a que vivemos.

Mas o que fez tanta gente pensar que a inflação não viria?

Dando-me o direito de especular (hora dos devaneios), creio que o grande motor da distorção do pensamento econômico é a tecnologia. A tecnologia foi responsável por deflacionar tudo, tornando altamente abundante o que um dia havia sido escasso.

A tecnologia nos permitiu produzir alimentos em escala inimaginável, reduzindo seus preços exponencialmente ao longo dos anos, nos permitiu reduzir os preços de fabricação tudo, de carros, computadores, smartphones, roupas… Literalmente tudo que era escasso passou a ser abundante e os custos de produção das coisas foram derrubados.

Ou seja, em teoria, algo que custava 10, passou a custar 9, 8… Em 2002 passou a ser fabricado na China e passou a custar 2,1…

Ao passo que isso tornou muita coisa acessível, a turma que cuida do dinheiro usou esse efeito para, durante mais de uma década, inundar o sistema com dinheiro e não deixar que as pessoas vissem mais profundamente o efeito da abundância das coisas.

Se por um lado a tecnologia abaixava o custo de algo, a desvalorização do dinheiro mantinha o ticket mais ou menos no mesmo nível e esse efeito da tecnologia sobre a deflação foi mascarado e escondido.

Basicamente, a indústria e a tecnologia derrubam o preço de um lado e a impressora de dinheiro derrete o valor de outro, dando uma falsa impressão de que tudo está em perfeito equilíbrio.

Tudo vai bem e a impressão desenfreada de dinheiro funciona até que começamos a flertar com os extremos. O que acontece quando tudo é abundante e o custo está próximo ao limite possível e não pode cair ainda mais? A impressão de dinheiro começará a ficar evidente, pois você está mexendo somente em uma ponta da coisa, e consequentemente os preços começam a subir.

O que custava 10 para fabricar e hoje custa 1 está no limite, difícil tirar mais 0,10 ou qualquer coisa, e ao mesmo tempo, a impressora de dinheiro acelerou seu passo de 2020 para cá, esfregando na cara de que entendem que não existe uma fada mágica do dinheiro e que todas as moedas estatais são cubos de gelo derretendo diante de seu olhos.

Como um exemplo lúdico, tente imaginar a evolução de escala de produção de eletrônicos e veja o caso dos smartphones. Imagine o preço de um iPhone sem a expansão monetária. Seria algo bem similar ao que vimos aqui no Brasil com a privatização das telecomunicações, que tirou as linhas telefônicas do inventário das pessoas e a tornou uma commodity instalada em 12 horas por preços módicos.

Ainda há uma grande demanda por dólares, e por isso o Tio Sam ainda pode se dar ao luxo de imprimir e criar USD a partir do absoluto nada por mais alguns anos. No meio do caos, escolha a moeda menos pior. Nações que abusaram do direito de imprimir lixo sem valor (Argentina, Venezuela, Turquia, Líbano e etc) já estão na espiral inflacionária.

Em meio a abundância de tudo, apenas com a escassez da moeda seria perfeitamente possível capturar o benefício da tecnologia e da redução brutal nos preços das coisas motivada pela enorme abundância, mas planejadores centrais fizeram o oposto. Com qual objetivo? Difícil sequer imaginar um bom motivo para isso, se por maldade, malícia ou mera estupidez.

O Brasil, ao invés de aproveitar a oportunidade de fazer o certo, está apostando na fórmula dos países acima e tem plena certeza que “aqui será diferente”, e imprime como se não houvesse amanhã, e a linha será cruzada em breve, pelo populismo eleitoral que se aproxima em 2022.

A situação econômica brasileira se deteriora numa velocidade de cruzeiro. Ao passo em que minions buscam o aumento de zero vírgula nada na previsão para o PIB declarada pelo FMI como um alento de que as coisas estão se recuperando, as esquerdas estão a um passo de aplaudir as soluções fáceis e notadamente erradas.

Veremos hordas de acéfalos clamando por congelamento de preços, aumento de impostos de exportação de carnes para sobrar mais no mercado interno, subsídios em geral e obviamente, auxílios, bolsas e outras coisas grátis que nos custarão caríssimas, e por mais absurdo que possa parecer, veremos universitários apoiando Ciro Gomes e sua impressora de dinheiro, numa espécie de “ode ao fracasso” de nossa capacidade de educar os jovens.

Lunático? Argumentos ruins? Viajando? Não nego a possibilidade de que sim, mas o exercício proposto é… Pegue uma unidade monetária com regra de emissão conhecida (O Bitcoin, por exemplo) e veja como têm se comportado os preços quando comparadas a elas. Se você tem um bom argumento para me mostrar que estou errado e que imprimir dinheiro é bom, sou todo ouvidos, pode me escrever.

Paradoxalmente a tudo que escrevi, a tecnologia trouxe a solução para tornar novamente o dinheiro no que ele precisa ser, para capturar o real valor da abundância, escasso.

Fecho com a frase que você já leu mil vezes por aqui, “Não é o Bitcoin que não têm topo, são as moedas estatais que não têm chão!”.

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Memecoins: a piada que chegou à presidência dos EUA 

Memecoins: a piada que chegou à presidência

Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, há uma grande expectativa de políticas mais favoráveis do governo americano em relação às criptomoedas (escrevo esse texto antes da posse). No entanto, a única certeza que temos até o momento é o lançamento das meme coins, TRUMP e MELANIA, pelos respetivos homenageados (presidente e primeira-dama). Juntas, essas duas meme coins já chegaram a valer mais de USD 14 bilhões.  

Uma meme coin é uma criptomoeda baseada em memes ou piadas da internet. Geralmente, elas são criadas como uma forma de humor ou sátira, mas algumas acabam ganhando valor significativo impulsionadas principalmente pela comunidade e pelo hype nas redes sociais. Outras celebridades como Elon Musk, Caitlyn Jenner, Iggy Azalea também resolveram lucrar dessa forma.  

Além da possibilidade de ganhos significativos, hoje é muito fácil do ponto de vista técnico criar uma moeda digital. Inclusive, já existem sites como Pump.fun  e Token Tool, que tornam esse processo simples como preencher um formulário online. Contudo, se o processo de criação é rápido, paga-se para que uma nova moeda seja listada por sites e exchanges. O lançamento “sério” de uma moeda custa entre USD 5.000 e USD 50.000. 

Por ser tão fácil e o investimento baixo, segundo agregadores, todos os dias entre 40.000 e 50.000 novos tokens de criptomoedas são criados. Durante períodos de hype, esse número pode chegar a 100.000. No entanto, muitas dessas iniciativas têm poucas horas de vida. 

Obviamente que nem tudo são flores, especialmente para projetos que não tem o homem mais poderoso do mundo e nem o mais rico como garotos propaganda. Ainda segundo a plataforma DREX, a maioria dos projetos de meme coin (89%) tem um valor de mercado entre 0 e $USD 1,000. Apenas 5% das meme coins tinham um valor de mercado acima de $10 milhões em março de 2024. 

Além disso, a volatilidade dos preços das meme coins é um dos aspectos mais marcantes desse segmento. Essas moedas podem experimentar oscilações extremas de valor em curtos períodos. Eventos como tweets de celebridades e notícias de parcerias podem causar aumentos repentinos nos preços. Da mesma forma, quedas igualmente rápidas acontecem quando o interesse diminui ou surgem preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos. 

Por exemplo, o preço do Dogecoin ($DOGE) viu um aumento meteórico após uma série de tweets de Elon Musk, apenas para experimentar quedas substanciais quando o entusiasmo inicial esfriou. O que parece estar acontecendo com as moedas TRUMP e MELANIA.  

Por isso, a não ser que você compre uma meme coin por brincadeira ou piada, é muito difícil que acerte o momento certo de entrar nesse “investimento”. Você terá que acertar qual, dentre os milhares de projetos, será colocado em destaque por uma celebridade de alcance global. 

2025 já está voando

2025 já está voando

Parece que foi ontem que o ano de 2024 terminou. 2025 era esperado com muitas expectativas…

E não decepcionou… 2025 começou bastante animado e já vamos completando o primeiro mês do ano. 1/12 do ano já se foi…

Em janeiro todos os olhos do mundo econômico se voltaram ao tio Sam. Donald Trump assumiu a cadeira mais importante da maior potência econômica e militar do planeta num estilo bem caricato e pistola. Assinou pilhas de decretos de todos os tipos, assuntos e gostos… se pautou no auge da arrogância já conhecida e nada diferente daqueles que o elegeram esperava. Não vou me atrever a analisar seus decretos, veracidades, pontos positivos e nem negativos. Vou me ater ao fato do Bitcoin e demais ativos virtuais terem passado em branco no dia 1 do novo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Entretanto, movimentos de substituição na presidência da SEC (equivalente à CVM nos EUA) e a criação de uma comissão para o desenvolvimento de uma regulação pró-Bitcoin e cia foi suficiente para alavancar as cotações para novos ATH. Já na semana seguinte uma startup chinesa, DataSeek, chacoalhou o mercadoi de ações norte-americano. Em especial a Nvidia e outras bigtechs derreteram. Nenhuma relação direta com o Bitcoin, mas o efeito colateral dos mercados como um todo derrubaram o Bitcoin para baixo dos 100 mil dólares outra vez. Para a tristeza dos haters, rapidamente o Bitcoin se recuperou e voltou a ser transacionado acima dos 100 mil dólares.

Toda essa novela se passou em menos de 30 dias e certamente teremos muito mais nos próximos 11 meses. Essa emoção toda certamente será convertida em volatilidade e na média as expectativas são animadoras. Importante salientar que todos esse movimentos e ruídos são apenas catalizadores de preço de curto a médio prazo. Quando pensamos no protocolo matemático, esses ruídos têm interferência zero no Bitcoin. Preços subindo ou preços caindo o Bitcoin seguirá com sua escassez e sua descentralização. Os fundamentos que levam ao real valor do Bitcoin são justamente a sua escassez e sua descentralização.

Descentralização confere segurança e soberania ao indivíduo enquanto a escassez por protocolo matemático (descentralizado) reverte parte de seu valor em preço. Quanto maior for a demanda por algo escasso maior será seu preço. Quanto maior for o preço de um ativo seguro pelo qual cada indivíduo tem a soberania sobre ele tem um valor incalculável nos dias atuais. Justamente essa frase “nos dias atuais” que faz a procura por Bitcoin aumentar gradativamente retroalimentando esse círculo virtuoso.

No início era coisa de nerd, hoje já superamos o ciclo dos indivíduos e estamos ganhando velocidade no ciclo dos institucionais e talvez entrando simultaneamente no ciclo dos países. E nisso o catalizador que comentei lá no início ganha relevância pois pode acelerar a adoção de empresas e países para constituírem suas reservas em Bitcoin. Enquanto ruídos pontuais como “DataSeek” em nada interferem nesse processo de adoção ou no protocolo do Bitcoin, ou seja, zero influência nos fundamentos.

Enquanto governos e países forem controladores, intervencionistas e gastadores a tendência é de valorização do Bitcoin em relação às moedas fiduciárias (reais, dólares e etc…). Elimine os ruídos e foque nos fundamentos e seja feliz! Que venha o futuro.

O cenário mais provável para o Brasil

O cenário mais provável para o Brasil

Abrimos a segunda metade do atual governo com perspectivas excelentes para quem vive no padrão Bitcoin e perspectivas não tão excelente para quem vive no padrão de Real brasileiro.

Se no dia 7 de janeiro o governo faz propaganda que o déficit primário (leia a newsletter 149 sobre esse tema onde explico que déficit primário em si já é um número mentiroso e pouco útil) de “apenas” 0,1% do PIB, no dia 27 o pesquisador do Insper, Marcos Mendes detalha que ele na verdade foi 9 (NOVE) vezes maior que o divulgado (basta uma breve pesquisa no Google para você ler inúmeras reportagens sobre o tema).

Mas não é só Haddad que está maquiando dados, o IBGE capitaneado pelo autodenominado “comunista” Márcio Pochmann tem sido alvo de um motim, em que altos diretores da instituição protestam e reclamam pela falta de autonomia e uso político da instituição, se dividindo entre carta de repúdio e chegando ao extremo do pedido de exoneração.

O IBGE jura que a inflação de 2024 fechou abaixo de 5%. Nessa altura do campeonato, imagino que você já tenha verificado perante a sua realidade que a inflação real é algo entre 3 a 4 vezes isso.

O mesmo IBGE divulga desemprego nas mínimas, porém esquece de combinar com os russos, que divulgam gastos com seguro-desemprego nas máximas e crescentes.

Junte a esse caldeirão a recente pesquisa de popularidade do governo, no dia 27 de janeiro, em que pela primeira vez o governo é mais mal avaliado do que bem avaliado e apertem os cintos.

Popularidade em baixa encarece a barganha com nosso congresso corrupto, torna os favores dos deputados mais caros e favorece a gastança com viés populista para tentar reverter as questões.

Não se iluda com o refresco proporcionado pelo USD caindo de 6.20 para 5.80, ele tem nome e sobrenome. O nome chama Donald Trump, onde o refresco do USD acontece em meio a acomodação da chegada do novo governo americano e o sobrenome é recesso parlamentar, dando uma trégua ao noticiário fiscal por assim dizer.

Nossa perspectiva local é ruim, muito ruim… Terrível para ser sincero.

Recapitulando, temos na equação um governo corrupto negociando junto a um congresso corrupto, um ministro da fazenda inapto e incapaz, um instituto de estatística corrupto e mentiroso em um cenário pré-eleitoral com a popularidade de um presidente decrescente junto com um tesouro nacional sem ter de onde tirar dinheiro.

Você não precisa ser gênio para avaliar que a situação não é das melhores.

A recente crise do PIX mostrou que o governo não tem mais folego político, forças políticas e apoio popular para aumentar me criar mais impostos, o que perante ao mercado aliviaria a situação dando um espaço teatral aos infindáveis gastos.

Descartando o aumento e criação de impostos no passo necessário para atender ao apetite do feudo por mais dinheiro, restam duas alternativas sobre a mesa.

A alternativa 1 é austeridade, a redução do estado, como por exemplo um grande e significativo corte de privilégios de castas como a do judiciário e dos militares, e uma grande otimização da máquina pública e seus recursos, uma redução de impostos para quem produz e a redução de incentivos ao nada fazer proporcionada através de dinheiro grátis.

A alternativa 2 é imprimir dinheiro, aumentar as regalias dos senhores feudais do alto funcionalismo e expandir o UBI (Universal Basic Income – o auxílio Brasil por exemplo) e assim garantir base de apoio e consequentes votos para 2026.

Explorando um pouco mais a alterativa 2, já são mais de 56 milhões de brasileiros atendidos pelos programas sociais, dos quais são estimados que 42 milhões são eleitores. Some esse número aos 12 milhões de funcionários públicos Federais e a base de eleitores para perpetuar o atual governo parte de 54 milhões de votos, independente do caos.

Lembre-se que a classe média é uma câmara de eco, em que ela prega e protesta com ela mesma. Ela é numericamente inferior, não tem voz perante os senhores feudais. Na prática, além de cômodo, o grande incentivo do governo é arroxar e tirar dinheiro da classe média para expandir regalias do feudo e distribuir dinheiro grátis via UBI. Perde-se um voto em detrimento ao ganho de vários.

A alternativa 1 nos tiraria lentamente do buraco.

A alternativa 2 caminha pelos trilhos da Argentina de Cristina e Alberto Fernandez.

Se você acredita que o governo brasileiro irá optar pela alternativa 1, Tesouro Direto e ações na B3 fazem perfeito sentido.

Se você tende a acreditar que a alternativa 2 é mais provável, a janela para que você tenha Bitcoin está ficando estreita. Nesse cenário, Bitcoin a 20 mil, 40 mil ou 200 mil dólares fará pouca diferença quando comparada a destruição potencial de patrimônio que se desenha até as próximas eleições.

O cenário mais provável para o Brasil, você decide!