Quando começamos a Newsletter lá em 2017, a MMT (Modern Monetary Theory) era a bola da vez. Víamos pensadores e economistas consagrados dando o braço a torcer que a impressão desenfreada de dinheiro não teria consequências mais graves e que o dinheiro grátis, fácil e abundante para os amigos do Rei só teria benefícios à sociedade.

Em 2021 a conta parece estar começando a chegar, e o gênio da inflação está saindo da lâmpada, ao redor do globo,  com efeitos muito mais pronunciados nas republicas de bananas como a que vivemos.

Mas o que fez tanta gente pensar que a inflação não viria?

Dando-me o direito de especular (hora dos devaneios), creio que o grande motor da distorção do pensamento econômico é a tecnologia. A tecnologia foi responsável por deflacionar tudo, tornando altamente abundante o que um dia havia sido escasso.

A tecnologia nos permitiu produzir alimentos em escala inimaginável, reduzindo seus preços exponencialmente ao longo dos anos, nos permitiu reduzir os preços de fabricação tudo, de carros, computadores, smartphones, roupas… Literalmente tudo que era escasso passou a ser abundante e os custos de produção das coisas foram derrubados.

Ou seja, em teoria, algo que custava 10, passou a custar 9, 8… Em 2002 passou a ser fabricado na China e passou a custar 2,1…

Ao passo que isso tornou muita coisa acessível, a turma que cuida do dinheiro usou esse efeito para, durante mais de uma década, inundar o sistema com dinheiro e não deixar que as pessoas vissem mais profundamente o efeito da abundância das coisas.

Se por um lado a tecnologia abaixava o custo de algo, a desvalorização do dinheiro mantinha o ticket mais ou menos no mesmo nível e esse efeito da tecnologia sobre a deflação foi mascarado e escondido.

Basicamente, a indústria e a tecnologia derrubam o preço de um lado e a impressora de dinheiro derrete o valor de outro, dando uma falsa impressão de que tudo está em perfeito equilíbrio.

Tudo vai bem e a impressão desenfreada de dinheiro funciona até que começamos a flertar com os extremos. O que acontece quando tudo é abundante e o custo está próximo ao limite possível e não pode cair ainda mais? A impressão de dinheiro começará a ficar evidente, pois você está mexendo somente em uma ponta da coisa, e consequentemente os preços começam a subir.

O que custava 10 para fabricar e hoje custa 1 está no limite, difícil tirar mais 0,10 ou qualquer coisa, e ao mesmo tempo, a impressora de dinheiro acelerou seu passo de 2020 para cá, esfregando na cara de que entendem que não existe uma fada mágica do dinheiro e que todas as moedas estatais são cubos de gelo derretendo diante de seu olhos.

Como um exemplo lúdico, tente imaginar a evolução de escala de produção de eletrônicos e veja o caso dos smartphones. Imagine o preço de um iPhone sem a expansão monetária. Seria algo bem similar ao que vimos aqui no Brasil com a privatização das telecomunicações, que tirou as linhas telefônicas do inventário das pessoas e a tornou uma commodity instalada em 12 horas por preços módicos.

Ainda há uma grande demanda por dólares, e por isso o Tio Sam ainda pode se dar ao luxo de imprimir e criar USD a partir do absoluto nada por mais alguns anos. No meio do caos, escolha a moeda menos pior. Nações que abusaram do direito de imprimir lixo sem valor (Argentina, Venezuela, Turquia, Líbano e etc) já estão na espiral inflacionária.

Em meio a abundância de tudo, apenas com a escassez da moeda seria perfeitamente possível capturar o benefício da tecnologia e da redução brutal nos preços das coisas motivada pela enorme abundância, mas planejadores centrais fizeram o oposto. Com qual objetivo? Difícil sequer imaginar um bom motivo para isso, se por maldade, malícia ou mera estupidez.

O Brasil, ao invés de aproveitar a oportunidade de fazer o certo, está apostando na fórmula dos países acima e tem plena certeza que “aqui será diferente”, e imprime como se não houvesse amanhã, e a linha será cruzada em breve, pelo populismo eleitoral que se aproxima em 2022.

A situação econômica brasileira se deteriora numa velocidade de cruzeiro. Ao passo em que minions buscam o aumento de zero vírgula nada na previsão para o PIB declarada pelo FMI como um alento de que as coisas estão se recuperando, as esquerdas estão a um passo de aplaudir as soluções fáceis e notadamente erradas.

Veremos hordas de acéfalos clamando por congelamento de preços, aumento de impostos de exportação de carnes para sobrar mais no mercado interno, subsídios em geral e obviamente, auxílios, bolsas e outras coisas grátis que nos custarão caríssimas, e por mais absurdo que possa parecer, veremos universitários apoiando Ciro Gomes e sua impressora de dinheiro, numa espécie de “ode ao fracasso” de nossa capacidade de educar os jovens.

Lunático? Argumentos ruins? Viajando? Não nego a possibilidade de que sim, mas o exercício proposto é… Pegue uma unidade monetária com regra de emissão conhecida (O Bitcoin, por exemplo) e veja como têm se comportado os preços quando comparadas a elas. Se você tem um bom argumento para me mostrar que estou errado e que imprimir dinheiro é bom, sou todo ouvidos, pode me escrever.

Paradoxalmente a tudo que escrevi, a tecnologia trouxe a solução para tornar novamente o dinheiro no que ele precisa ser, para capturar o real valor da abundância, escasso.

Fecho com a frase que você já leu mil vezes por aqui, “Não é o Bitcoin que não têm topo, são as moedas estatais que não têm chão!”.

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada por e-mail e publicada aqui com alguns dias de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra? Assine inserindo o seu e-mail abaixo:


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