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Blog da HashInvest

O ciclo do Dólar

Postado em 22/09/2021

Nome do Autor gerson

A história do dólar americano está intimamente ligada em um histórico de guerras, disputa por poder e interesses particulares do seu emissor. Tudo começou a partir da necessidade de criação de uma moeda que fosse capaz de financiar a Guerra de Independência dos Estados Unidos e a sua nova nação. Assim, em 1786, o Congresso Continental das já independentes 13 colônias aprovou o dólar como moeda nacional.

No início era uma bagunça por falta de controle e de legislação até que em 1861, por necessidade de financiamento da Guerra da Secessão, a primeira iniciativa de unificação da forma de pagamento nacional ocorreu através da emissão de cédulas pelo Governo que poderiam ser convertidas em ouro. Daí o apelido informal de greenback utilizado até hoje para o dólar (em mera referência histórica). Apenas em 1863 o dólar foi consolidado como meio de pagamento através do National Banking Act.

Nesse período, o padrão ouro reinava absoluto (as moedas eram lastreadas no metal dourado) e a Libra Esterlina era a unidade de conta internacional. Ser a unidade de medida/conta internacional (negócios internacionais utilizam uma unidade comum para se entenderem, esta é a unidade de conta) é uma importante ferramenta para um país gerar demanda pela sua moeda, tornando-a forte e valorizada.

Mais uma vez as Guerras entram no caminho do Dólar, agora a primeira e segunda Guerra Mundial. Apenas um parênteses, antes dos efeitos diretos da grandes guerras na história do dólar. Depois da primeira Guerra Mundial tivemos nos Estados um período conhecido como grande depressão onde o marco foi o Crash de 1929. Entre as medidas de recuperação, o Presidente Roosevelt determinou que toda a população deveria entregar seu ouro ao Banco Central Americano até primeiro de maio de 1933, sob risco de pesadas multas e até prisão.

Com a segunda grande guerra, com a Europa devastada, os Estados Unidos celebraram um acordo com a presença de 45 países em julho de 1944. Este acordo ficou conhecido como o Acordo de Bretton Woods. O acordo era amplamente favorável aos anfitriões, onde o dólar passaria a ser moeda forte do setor financeiro mundial e fator de referência para as moedas dos outros 44 signatários de Bretton Woods, virando então a unidade de conta internacional desbancando a Libra Esterlina. Isso significava que todas as outras moedas passariam a estar ligadas ao dólar, originalmente variando em uma margem de no máximo 1% (positivamente ou negativamente) e o dólar teria conversibilidade ao ouro. E os Estados Unidos passaram a ser os guardiões das reservas de ouro do mundo. Evidentemente que esta dinâmica não funcionou e ao longo dos anos a insatisfação dos outros países era crescente, inclusive de formas curiosas alguns países foram ao Estados Unidos cobrar a sua parte em ouro…enfim, Bretton Woods representa o início da decadência do padrão ouro e o início da dominância do dólar internacionalmente.

Eis que novas crises surgiram, dessa vez como efeito direto da Guerra do Vietnã (1955 – 1975) e o Governo Estadunidense do Presidente Nixon divulgou unilateralmente uma série de medidas econômicas, entre elas em 15/08/1971 o fim do Acordo de Bretton Woods e a morte definitiva do padrão ouro. Assim nascia o dólar fiduciário como o conhecemos no dia de hoje. O dólar fiduciário não tem conversibilidade em ouro. Não tem lastro. Tem apenas a “palavra” do emissor. Nesse caso, o dólar americano tem valor porque goza da sua credibilidade e do poderio econômico/militar dos Estados Unidos. Sim, mesmo nessa fase as guerras e o dólar continuam intimamente interligados. O acordo com a Arábia Saudita previa financiamento militar dos Estados Unidos em troca da definição do comércio de petróleo ser cotado em dólares. Por isso muita gente chama esse modelo de petro-dólar.

Esse sistema e sua evolução deram ampla vantagem econômica e financeira aos Estados Unidos, donos da impressora de dólares que ainda hoje segue como a moeda mais cobiçada do mundo. Esse modelo fiduciário, fragilizado por depender unicamente dos interesses americanos completaram 50 anos no último domingo.

Não sabemos ao certo qual será a próxima transformação do dólar e tampouco esperamos que seja algo abrupto. Esse movimento já vem se intensificando desde a crise financeira de 2008 e as impressões recordes de dinheiro a partir do ano passado pela pandemia tendem a acelerar bastante esse processo. A deterioração do dólar está sendo escancarada através da temporária inflação permanente. Em outras palavras o dólar está perdendo valor! Esse é um jogo de gigantes, onde nós somos meras peças do tabuleiro… Assim como o dólar tomou o lugar da libra no passado, o yuan chinês está doido procurando um caminho para tomar o lugar do dólar nos tempos atuais….

Não sabemos ao certo onde o Bitcoin entrará nessa história, ou melhor, não sabemos o quanto e em quais dimensões ele atuará nesse sentido. O Bitcoin já faz parte deste processo com grandes novidades em relação ao histórico dos 235 anos do dólar. O Bitcoin é uma revolução pacífica e democrática. Todos nós bilhões de anônimos temos a oportunidade de fazer parte.

Na minha humilde visão pessoal, o dólar ainda continuará sendo O dólar por bastante tempo. E o Bitcoin? O Bitcoin é, no mínimo, o melhor ativo de proteção e preservação de valor das nossas gerações… e no máximo? Ainda é cedo para dizer…

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Memecoins: a piada que chegou à presidência dos EUA 

Memecoins: a piada que chegou à presidência

Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, há uma grande expectativa de políticas mais favoráveis do governo americano em relação às criptomoedas (escrevo esse texto antes da posse). No entanto, a única certeza que temos até o momento é o lançamento das meme coins, TRUMP e MELANIA, pelos respetivos homenageados (presidente e primeira-dama). Juntas, essas duas meme coins já chegaram a valer mais de USD 14 bilhões.  

Uma meme coin é uma criptomoeda baseada em memes ou piadas da internet. Geralmente, elas são criadas como uma forma de humor ou sátira, mas algumas acabam ganhando valor significativo impulsionadas principalmente pela comunidade e pelo hype nas redes sociais. Outras celebridades como Elon Musk, Caitlyn Jenner, Iggy Azalea também resolveram lucrar dessa forma.  

Além da possibilidade de ganhos significativos, hoje é muito fácil do ponto de vista técnico criar uma moeda digital. Inclusive, já existem sites como Pump.fun  e Token Tool, que tornam esse processo simples como preencher um formulário online. Contudo, se o processo de criação é rápido, paga-se para que uma nova moeda seja listada por sites e exchanges. O lançamento “sério” de uma moeda custa entre USD 5.000 e USD 50.000. 

Por ser tão fácil e o investimento baixo, segundo agregadores, todos os dias entre 40.000 e 50.000 novos tokens de criptomoedas são criados. Durante períodos de hype, esse número pode chegar a 100.000. No entanto, muitas dessas iniciativas têm poucas horas de vida. 

Obviamente que nem tudo são flores, especialmente para projetos que não tem o homem mais poderoso do mundo e nem o mais rico como garotos propaganda. Ainda segundo a plataforma DREX, a maioria dos projetos de meme coin (89%) tem um valor de mercado entre 0 e $USD 1,000. Apenas 5% das meme coins tinham um valor de mercado acima de $10 milhões em março de 2024. 

Além disso, a volatilidade dos preços das meme coins é um dos aspectos mais marcantes desse segmento. Essas moedas podem experimentar oscilações extremas de valor em curtos períodos. Eventos como tweets de celebridades e notícias de parcerias podem causar aumentos repentinos nos preços. Da mesma forma, quedas igualmente rápidas acontecem quando o interesse diminui ou surgem preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos. 

Por exemplo, o preço do Dogecoin ($DOGE) viu um aumento meteórico após uma série de tweets de Elon Musk, apenas para experimentar quedas substanciais quando o entusiasmo inicial esfriou. O que parece estar acontecendo com as moedas TRUMP e MELANIA.  

Por isso, a não ser que você compre uma meme coin por brincadeira ou piada, é muito difícil que acerte o momento certo de entrar nesse “investimento”. Você terá que acertar qual, dentre os milhares de projetos, será colocado em destaque por uma celebridade de alcance global. 

2025 já está voando

2025 já está voando

Parece que foi ontem que o ano de 2024 terminou. 2025 era esperado com muitas expectativas…

E não decepcionou… 2025 começou bastante animado e já vamos completando o primeiro mês do ano. 1/12 do ano já se foi…

Em janeiro todos os olhos do mundo econômico se voltaram ao tio Sam. Donald Trump assumiu a cadeira mais importante da maior potência econômica e militar do planeta num estilo bem caricato e pistola. Assinou pilhas de decretos de todos os tipos, assuntos e gostos… se pautou no auge da arrogância já conhecida e nada diferente daqueles que o elegeram esperava. Não vou me atrever a analisar seus decretos, veracidades, pontos positivos e nem negativos. Vou me ater ao fato do Bitcoin e demais ativos virtuais terem passado em branco no dia 1 do novo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Entretanto, movimentos de substituição na presidência da SEC (equivalente à CVM nos EUA) e a criação de uma comissão para o desenvolvimento de uma regulação pró-Bitcoin e cia foi suficiente para alavancar as cotações para novos ATH. Já na semana seguinte uma startup chinesa, DataSeek, chacoalhou o mercadoi de ações norte-americano. Em especial a Nvidia e outras bigtechs derreteram. Nenhuma relação direta com o Bitcoin, mas o efeito colateral dos mercados como um todo derrubaram o Bitcoin para baixo dos 100 mil dólares outra vez. Para a tristeza dos haters, rapidamente o Bitcoin se recuperou e voltou a ser transacionado acima dos 100 mil dólares.

Toda essa novela se passou em menos de 30 dias e certamente teremos muito mais nos próximos 11 meses. Essa emoção toda certamente será convertida em volatilidade e na média as expectativas são animadoras. Importante salientar que todos esse movimentos e ruídos são apenas catalizadores de preço de curto a médio prazo. Quando pensamos no protocolo matemático, esses ruídos têm interferência zero no Bitcoin. Preços subindo ou preços caindo o Bitcoin seguirá com sua escassez e sua descentralização. Os fundamentos que levam ao real valor do Bitcoin são justamente a sua escassez e sua descentralização.

Descentralização confere segurança e soberania ao indivíduo enquanto a escassez por protocolo matemático (descentralizado) reverte parte de seu valor em preço. Quanto maior for a demanda por algo escasso maior será seu preço. Quanto maior for o preço de um ativo seguro pelo qual cada indivíduo tem a soberania sobre ele tem um valor incalculável nos dias atuais. Justamente essa frase “nos dias atuais” que faz a procura por Bitcoin aumentar gradativamente retroalimentando esse círculo virtuoso.

No início era coisa de nerd, hoje já superamos o ciclo dos indivíduos e estamos ganhando velocidade no ciclo dos institucionais e talvez entrando simultaneamente no ciclo dos países. E nisso o catalizador que comentei lá no início ganha relevância pois pode acelerar a adoção de empresas e países para constituírem suas reservas em Bitcoin. Enquanto ruídos pontuais como “DataSeek” em nada interferem nesse processo de adoção ou no protocolo do Bitcoin, ou seja, zero influência nos fundamentos.

Enquanto governos e países forem controladores, intervencionistas e gastadores a tendência é de valorização do Bitcoin em relação às moedas fiduciárias (reais, dólares e etc…). Elimine os ruídos e foque nos fundamentos e seja feliz! Que venha o futuro.

O cenário mais provável para o Brasil

O cenário mais provável para o Brasil

Abrimos a segunda metade do atual governo com perspectivas excelentes para quem vive no padrão Bitcoin e perspectivas não tão excelente para quem vive no padrão de Real brasileiro.

Se no dia 7 de janeiro o governo faz propaganda que o déficit primário (leia a newsletter 149 sobre esse tema onde explico que déficit primário em si já é um número mentiroso e pouco útil) de “apenas” 0,1% do PIB, no dia 27 o pesquisador do Insper, Marcos Mendes detalha que ele na verdade foi 9 (NOVE) vezes maior que o divulgado (basta uma breve pesquisa no Google para você ler inúmeras reportagens sobre o tema).

Mas não é só Haddad que está maquiando dados, o IBGE capitaneado pelo autodenominado “comunista” Márcio Pochmann tem sido alvo de um motim, em que altos diretores da instituição protestam e reclamam pela falta de autonomia e uso político da instituição, se dividindo entre carta de repúdio e chegando ao extremo do pedido de exoneração.

O IBGE jura que a inflação de 2024 fechou abaixo de 5%. Nessa altura do campeonato, imagino que você já tenha verificado perante a sua realidade que a inflação real é algo entre 3 a 4 vezes isso.

O mesmo IBGE divulga desemprego nas mínimas, porém esquece de combinar com os russos, que divulgam gastos com seguro-desemprego nas máximas e crescentes.

Junte a esse caldeirão a recente pesquisa de popularidade do governo, no dia 27 de janeiro, em que pela primeira vez o governo é mais mal avaliado do que bem avaliado e apertem os cintos.

Popularidade em baixa encarece a barganha com nosso congresso corrupto, torna os favores dos deputados mais caros e favorece a gastança com viés populista para tentar reverter as questões.

Não se iluda com o refresco proporcionado pelo USD caindo de 6.20 para 5.80, ele tem nome e sobrenome. O nome chama Donald Trump, onde o refresco do USD acontece em meio a acomodação da chegada do novo governo americano e o sobrenome é recesso parlamentar, dando uma trégua ao noticiário fiscal por assim dizer.

Nossa perspectiva local é ruim, muito ruim… Terrível para ser sincero.

Recapitulando, temos na equação um governo corrupto negociando junto a um congresso corrupto, um ministro da fazenda inapto e incapaz, um instituto de estatística corrupto e mentiroso em um cenário pré-eleitoral com a popularidade de um presidente decrescente junto com um tesouro nacional sem ter de onde tirar dinheiro.

Você não precisa ser gênio para avaliar que a situação não é das melhores.

A recente crise do PIX mostrou que o governo não tem mais folego político, forças políticas e apoio popular para aumentar me criar mais impostos, o que perante ao mercado aliviaria a situação dando um espaço teatral aos infindáveis gastos.

Descartando o aumento e criação de impostos no passo necessário para atender ao apetite do feudo por mais dinheiro, restam duas alternativas sobre a mesa.

A alternativa 1 é austeridade, a redução do estado, como por exemplo um grande e significativo corte de privilégios de castas como a do judiciário e dos militares, e uma grande otimização da máquina pública e seus recursos, uma redução de impostos para quem produz e a redução de incentivos ao nada fazer proporcionada através de dinheiro grátis.

A alternativa 2 é imprimir dinheiro, aumentar as regalias dos senhores feudais do alto funcionalismo e expandir o UBI (Universal Basic Income – o auxílio Brasil por exemplo) e assim garantir base de apoio e consequentes votos para 2026.

Explorando um pouco mais a alterativa 2, já são mais de 56 milhões de brasileiros atendidos pelos programas sociais, dos quais são estimados que 42 milhões são eleitores. Some esse número aos 12 milhões de funcionários públicos Federais e a base de eleitores para perpetuar o atual governo parte de 54 milhões de votos, independente do caos.

Lembre-se que a classe média é uma câmara de eco, em que ela prega e protesta com ela mesma. Ela é numericamente inferior, não tem voz perante os senhores feudais. Na prática, além de cômodo, o grande incentivo do governo é arroxar e tirar dinheiro da classe média para expandir regalias do feudo e distribuir dinheiro grátis via UBI. Perde-se um voto em detrimento ao ganho de vários.

A alternativa 1 nos tiraria lentamente do buraco.

A alternativa 2 caminha pelos trilhos da Argentina de Cristina e Alberto Fernandez.

Se você acredita que o governo brasileiro irá optar pela alternativa 1, Tesouro Direto e ações na B3 fazem perfeito sentido.

Se você tende a acreditar que a alternativa 2 é mais provável, a janela para que você tenha Bitcoin está ficando estreita. Nesse cenário, Bitcoin a 20 mil, 40 mil ou 200 mil dólares fará pouca diferença quando comparada a destruição potencial de patrimônio que se desenha até as próximas eleições.

O cenário mais provável para o Brasil, você decide!