A história do dólar americano está intimamente ligada em um histórico de guerras, disputa por poder e interesses particulares do seu emissor. Tudo começou a partir da necessidade de criação de uma moeda que fosse capaz de financiar a Guerra de Independência dos Estados Unidos e a sua nova nação. Assim, em 1786, o Congresso Continental das já independentes 13 colônias aprovou o dólar como moeda nacional.

No início era uma bagunça por falta de controle e de legislação até que em 1861, por necessidade de financiamento da Guerra da Secessão, a primeira iniciativa de unificação da forma de pagamento nacional ocorreu através da emissão de cédulas pelo Governo que poderiam ser convertidas em ouro. Daí o apelido informal de greenback utilizado até hoje para o dólar (em mera referência histórica). Apenas em 1863 o dólar foi consolidado como meio de pagamento através do National Banking Act.

Nesse período, o padrão ouro reinava absoluto (as moedas eram lastreadas no metal dourado) e a Libra Esterlina era a unidade de conta internacional. Ser a unidade de medida/conta internacional (negócios internacionais utilizam uma unidade comum para se entenderem, esta é a unidade de conta) é uma importante ferramenta para um país gerar demanda pela sua moeda, tornando-a forte e valorizada.

Mais uma vez as Guerras entram no caminho do Dólar, agora a primeira e segunda Guerra Mundial. Apenas um parênteses, antes dos efeitos diretos da grandes guerras na história do dólar. Depois da primeira Guerra Mundial tivemos nos Estados um período conhecido como grande depressão onde o marco foi o Crash de 1929. Entre as medidas de recuperação, o Presidente Roosevelt determinou que toda a população deveria entregar seu ouro ao Banco Central Americano até primeiro de maio de 1933, sob risco de pesadas multas e até prisão.

Com a segunda grande guerra, com a Europa devastada, os Estados Unidos celebraram um acordo com a presença de 45 países em julho de 1944. Este acordo ficou conhecido como o Acordo de Bretton Woods. O acordo era amplamente favorável aos anfitriões, onde o dólar passaria a ser moeda forte do setor financeiro mundial e fator de referência para as moedas dos outros 44 signatários de Bretton Woods, virando então a unidade de conta internacional desbancando a Libra Esterlina. Isso significava que todas as outras moedas passariam a estar ligadas ao dólar, originalmente variando em uma margem de no máximo 1% (positivamente ou negativamente) e o dólar teria conversibilidade ao ouro. E os Estados Unidos passaram a ser os guardiões das reservas de ouro do mundo. Evidentemente que esta dinâmica não funcionou e ao longo dos anos a insatisfação dos outros países era crescente, inclusive de formas curiosas alguns países foram ao Estados Unidos cobrar a sua parte em ouro…enfim, Bretton Woods representa o início da decadência do padrão ouro e o início da dominância do dólar internacionalmente.

Eis que novas crises surgiram, dessa vez como efeito direto da Guerra do Vietnã (1955 – 1975) e o Governo Estadunidense do Presidente Nixon divulgou unilateralmente uma série de medidas econômicas, entre elas em 15/08/1971 o fim do Acordo de Bretton Woods e a morte definitiva do padrão ouro. Assim nascia o dólar fiduciário como o conhecemos no dia de hoje. O dólar fiduciário não tem conversibilidade em ouro. Não tem lastro. Tem apenas a “palavra” do emissor. Nesse caso, o dólar americano tem valor porque goza da sua credibilidade e do poderio econômico/militar dos Estados Unidos. Sim, mesmo nessa fase as guerras e o dólar continuam intimamente interligados. O acordo com a Arábia Saudita previa financiamento militar dos Estados Unidos em troca da definição do comércio de petróleo ser cotado em dólares. Por isso muita gente chama esse modelo de petro-dólar.

Esse sistema e sua evolução deram ampla vantagem econômica e financeira aos Estados Unidos, donos da impressora de dólares que ainda hoje segue como a moeda mais cobiçada do mundo. Esse modelo fiduciário, fragilizado por depender unicamente dos interesses americanos completaram 50 anos no último domingo.

Não sabemos ao certo qual será a próxima transformação do dólar e tampouco esperamos que seja algo abrupto. Esse movimento já vem se intensificando desde a crise financeira de 2008 e as impressões recordes de dinheiro a partir do ano passado pela pandemia tendem a acelerar bastante esse processo. A deterioração do dólar está sendo escancarada através da temporária inflação permanente. Em outras palavras o dólar está perdendo valor! Esse é um jogo de gigantes, onde nós somos meras peças do tabuleiro… Assim como o dólar tomou o lugar da libra no passado, o yuan chinês está doido procurando um caminho para tomar o lugar do dólar nos tempos atuais….

Não sabemos ao certo onde o Bitcoin entrará nessa história, ou melhor, não sabemos o quanto e em quais dimensões ele atuará nesse sentido. O Bitcoin já faz parte deste processo com grandes novidades em relação ao histórico dos 235 anos do dólar. O Bitcoin é uma revolução pacífica e democrática. Todos nós bilhões de anônimos temos a oportunidade de fazer parte.

Na minha humilde visão pessoal, o dólar ainda continuará sendo O dólar por bastante tempo. E o Bitcoin? O Bitcoin é, no mínimo, o melhor ativo de proteção e preservação de valor das nossas gerações… e no máximo? Ainda é cedo para dizer…

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