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Bitcoin: A libertação da classe média em um país Feudal

Postado em 28/06/2021

Nome do Autor luis

Antes que apareça um comunista com dados do IBGE na mão, vamos definir classe média para efeitos desse texto. Classe média aqui é aquele que consegue poupar, tem algum patrimônio, mas não é rico a ponto de ser influente nos governos e no cenário de poder político.

Quando você é obscenamente rico, o Estado não é um problema para você, pois é você quem manipula os agentes para que a legislação, fiscalização, tributação e as exceções às regras funcionem para o seu benefício.

É desse modo que o Brasil é o país onde bancos formam um oligopólio extremamente lucrativo, onde empreiteiros loteiam entre si grandes obras de infraestrutura, grandes indústrias conseguem diferenciais de IPI e ICMS e são tratadas como exceção para “salvar” a economia. Igrejas e barões do agronegócio possuem suas próprias bancadas legislativas.

É necessário também diferenciar uma democracia real de uma “democracia de bordel”, que é o que vivemos em nosso país. Uma democracia real se aproxima de um condomínio, onde o que existe é um rateio de despesas. Pelo uso de áreas comuns, manutenção da infraestrutura coletiva, simplificação, padronização, é formada uma equipe responsável pela gestão e cuidados do coletivo e as despesas são justamente rateadas pela sua fração ideal. Destacam-se nessa categoria alguns países nórdicos, imbecilmente classificados como socialistas pelos doutrinados (sim, você sabe do que eu estou falando).

Do outro lado, temos a democracia de bordel. Essa é uma organização social similar aos Feudos da Idade Média. Temos os Senhores Feudais, os Nobres, o Alto Clero. Aos Servos resta cultivar a terra, pagar seus impostos e ceder a noite de núpcias de sua mulher ao seu soberano. O objetivo desse tipo de organização, ao contrário da democracia real, não é o de ratear custos para melhor obter o bem estar de todos, mas sim o de prover um estilo de vida luxuoso, sofisticado e tranquilo para quem está acima na escala social. E assim funciona o Brasil.

Pouca coisa diferencia o ano de 1021 do ano de 2021, talvez o mais assustador ponto seja que hoje pagamos significativamente mais impostos do que nossos antecessores (escravos e servos) de mil anos atrás.

Para manter o feudo em pé e em perfeito funcionamento, existe um instrumento que prende uma bola de ferro ao pé de cada brasileiro, chamada constituição de 1988, que basicamente aniquila qualquer rota de fuga e garante a preservação dos “direitos” do Reis e Nobres da atualidade.

A polarização esquerda versus direita, petralhas versus bolsominions nada mais é que uma política de circo para entreter as massas. Os portadores dos títulos de nobreza pouco se importam com a cor do uniforme do bobo da corte da vez, seja verde e amarelo, seja vermelho. O que importa é garantir que classe média irá sustentar o estilo de vida e perpetuar esse estilo de vida pelo maior tempo que for possível.

Eis que surge um ativo onde o estado não pode meter a mão. Eis que surge a possibilidade de tirar o seu país do dinheiro. Eis que surge, com o perdão da palavra, um modo efetivo e pacífico de dar um “foda-se” ao Feudo.

Eis que temos o Bitcoin.

O Bitcoin é liberdade. Dinheiro foi a primeira aplicação para uma tecnologia que permitiu o fim da censura pela impossibilidade de censurar.

Não espere que feudo abrace o Bitcoin, pelo contrário. Espere pela guerra. Espere que em breve os virtuosos declararão o Bitcoin como inimigo do “Estado Democrático de Direito”, que vem a ser o nome bonito que deram à democracia de bordel.

E quando isso acontecer, finalmente será descoberto o valor do Bitcoin. Quanto maior o levante para tentar sufocá-lo, maior será o seu valor em termos de moedas estatais. No início de abril, a Turquia proibiu pagamentos em Bitcoin, numa atitude desesperada em uma economia que caminha para o colapso. O que aconteceu?

Malditos Bitcoiners, o volume de transações peer-to-peer está crescendo 20% em 15 dias e está exponenciando.

Esta semana falou-se que os Estados Unidos pretendiam taxar ganhos de capital com Bitcoin em 80%, o que se revelou Fake News. Mas vamos imaginar que fosse verdade. Ao invés de desestimular o Bitcoin, estaria estimulando a sonegação.

Imagine que você compra um imóvel, liquida o pagamento em Bitcoin e paga uma pequena parcela em dinheiro para fins de cartório e documentação. É fim da linha para cobradores de impostos.

Bitcoin finalmente liberta a classe média. Liberta e premia aquele que tem sido penalizado ao longo de décadas pela democracia de bordel. Aquele que trabalha, poupa e vê seu dinheiro corroído pela inflação, pela falta de correção nas tabelas do IR, pela distribuição de benesses com o seu dinheiro.

O Bitcoin daria errado se Bancos Centrais subissem juros reais. O Bitcoin daria errado se governos permitissem que empresas zumbis falissem. O Bitcoin seria irrelevante se o capitalismo voltasse a funcionar como foi projetado.

O Bitcoin é desnecessário onde o objetivo é o bem estar comum e não o estilo de vida dos amigos do Rei. O Bitcoin não serve pra nada se a recompra de ações (como a que o Bradesco está fazendo essa semana) fosse crime. O Bitcoin é inútil numa sociedade onde o crime não compensa e onde os Nobres não cancelam a pena de ladrões condenados em todas as instâncias.

O Bitcoin daria errado se Feudos se transformassem em condomínios, mas a necessidade de manutenção do status-quo é praticamente uma garantia que o preço desse ativo só vai subir ao longo das décadas.

Uma gestora de investimentos é o disfarce que encontrei para tentar convencer as pessoas a comprar Bitcoin. Dinheiro é bom (ótimo aliás), mas perto da liberdade, o preço é irrelevante. Compre Bitcoin.

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A maneira como os blockchains e as criptomoedas são percebidos pelos gestores financeiros está evoluindo rapidamente.  Este ramo, que até pouco tempo era renegado e ligado fortemente a hackers e fraudes, teve uma mudança de perspectiva importante no começo deste ano com o lançamento dos ETFs na bolsa americana e, mesmo com esse grande avanço, muito mais está por vir.

Em março a Black Rock, maior gestora de ativos do planeta, lançou o BUILD (BlackRock USD Institutional Digital Liquidity Fund), o seu primeiro fundo tokenizado.

Um token é um “certificado de propriedade” que representa ativos do mundo real (como imóveis, ações, títulos ou commodities) em um blockchain. Ou seja, a infraestrutura de redes como Bitcoin, Ethereum e Solana é usada para representar coisas/estruturas que vão além de moedas.

Em um fundo tokenizado, como o BUILD da Black Rock, a gestora utiliza tokens para representar os ativos do fundo, neste caso específico, Títulos do Tesouro Americano e Dólares Americanos.

O que deixa esta história interessante, é que a Black Rock não é a única interessada em tokenização, notando-se movimentos similares em diversos setores.

Por exemplo, o Tether Limited Inc., empresa que emite a moeda com preço atrelada ao Dólar, lançou recentemente o Tether Gold. Neste caso, cada token emitido representa uma quantidade de ouro armazenada em bancos da Suíça.

A Consultoria McKinsey projeta em seu cenário base que o mercado de ativos tokenizados atingirá um tamanho de quase USD $2 trilhões até 2030.

Dentre as vantagens que levam a esse interesse na tokenização, podemos citar liquidações instantâneas 24/7, maior transparência e eficiência, aliada a redução no custo. Para quem opera cripto, nada demais, mas para o mercado financeiro tradicional, isto traz oportunidades significativas.

Em resumo, a gestão de ativos cripto pode evoluir do simples acúmulo de criptomoedas para a criação de produtos multi-ativos com sua gestão e distribuição ocorrendo através dos blockchains. Blockchains estes que até pouco tempo, eram coisa de bandido.

30 ANOS DO PLANO REAL

30 ANOS DO PLANO REAL

Em 01/07/2024 o Real completará 30 anos de circulação. Na verdade, o plano real, pois tudo começou através de medidas provisórias na qual a moeda era chama de URV, posteriormente convertido para o Real na cotação de 1 para 1.

Temos motivos para celebrar ou não? Aprendemos algo com o passado?

Ao final do regime militar no Brasil e período de redemocratização (na medida do possível em uma frágil democracia, mas ao menos o fim de uma ditadura escancarada) o país passou por diversas crises econômicas desencadeando o pior dos impostos de maneira exacerbada: inflação (no caso hiperinflação). Os governos sempre tiveram o hábito de exaltarem seu governo e culparem algo externo a eles na totalidade. Parece que alguns hábitos nunca se perdem…

A inflação ao final dos anos 1980 e início dos anos 1990 vinha escalonando de forma abrupta e a cada plano que tentava controlar artificialmente a inflação ela voltava com ainda mais intensidade. Logo antes do plano real o Brasil chegou a bater um IPCA (oficial) de 2.500% ao ano. Os mais antigos devem se lembrar de coisas como overnight, remarcação de preços no supermercado diversas vezes ao dia (existia uma profissão que era etiquetador de preços) e a corrida ao supermercado nos dias de pagamento.

Vamos voltar um pouquinho mais…

Durante o governo Sarney foram 3 as tentativas de conter a inflação. Em 1986 foi a vez do plano cruzado, onde a moeda sofreu um corte de 3 zeros e houve congelamento de preços e da taxa de câmbio oficial. Em 1987 foi a vez do Plano Bresser que tentou a já ineficaz estratégia de congelamento de preços. Em 1989 como última cartada do governo Sarney tivemos o Plano Verão em 1989 com um novo corte de 3 zeros na moeda renomeando a moeda para Cruzado Novo, e novos congelamentos de preços e taxas de câmbio.

Já no governo Collor, em 1990 foi o Plano Collor 1 que ficou famoso pelo confisco da poupança popular e criação de novos impostos como o IOF (imposto sobre operações financeiras). Em 1992 veio o Plano Collor 2 com novos congelamentos de preços e agora também o congelamento de salários. E já não bastasse o confisco do plano anterior na poupança popular, a equipe econômica decidiu proibir os depósitos overnight.

Uma coisa comum a todos esses planos foi uma queda artificial (e muito dolorosa para a população) com um repique muito mais acentuado da inflação na sequência.

Em 1994, durante o Governo Itamar Franco, foi implantado o Plano Real. Primeiramente com a URV (CR$2.750 = US$ 1,00 = R$ 1,00). O início da circulação da URV (posteriormente batizada de real) foi em 01/07/1994. O plano real teve suas crises, mas é fato que devolveu a estabilidade mantendo a inflação oficial em patamares inferiores a dois dígitos anuais. Em retrospectiva foi um sucesso!

E agora, 30 anos depois?

Um pequeno exercício da um pouquinho da dimensão do que é a inflação. Nesses trinta anos de “estabilidade”, o não tão poderoso real também perdeu seu poder de compra, às vezes mais rápido, às vezes mais devagar. R$1,00 em 1994 podia comprar uma série de coisas… em 2024 a cédula de R$1,00 não existe mais!

Em 1994 um pãozinho de sal custava R$0,10. Hoje é difícil comprar um pãozinho por menos de R$1,00. Um litro de gasolina custava R$0,55 em 1994 e hoje é difícil abastecer por menos de R$5,50 o litro. E isso vale pro leite, pro ovo e pra banana também…

Um ponto importante e que não pode ser esquecido, é que o descontrole para o monstro da inflação pode ser fatal. É fácil voltarmos ao período de hiperinflação, mas é cada vez mais difícil sairmos dele (olhe nossos vizinhos Hermanos) uma vez que o nosso sistema e ferramentas tradicionais estão desgastadas e perto de um colapso (crescimento da dívida, aumento de carga tributária, PIB praticamente estagnado por décadas e irresponsabilidade fiscal). Ninguém torce por isso, mas sempre que palavras como intervenção, confisco, congelamento voltam a circular o medo do monstro da hiperinflação volta a rondar.

Qual ativo hoje existente e acessível, que não existia em 1994, é imune em seus fundamentos às palavras (confisco, intervenção etc.) e ações de governos que podem acordar o monstro da hiperinflação?

Uma dica: Não é o Bitcoin do banco Itaú!

10 anos de minha primeira iniciativa com Bitcoin

10 anos de minha primeira iniciativa com Bitc

Essa semana me dei conta que em julho faz 10 anos de minha primeira iniciativa para que amigos próximos entendessem e entrassem no Bitcoin, e desde então venho fracassando consistentemente nessa missão.

O ano era 2014 e eu estava apaixonado pela moedinha laranja. Era o chato do Bitcoin, só via Bitcoin, tudo era Bitcoin. Havia recém voltado de Amsterdam de minha primeira conferência de Bitcoin.

Na ocasião, meu sócio que se senta a minha frente foi persuadido a programar um bolão da copa do mundo em Bitcoin, na qual as apostas para participar e os prêmios eram em Bitcoin.

O bolão em si era o de menos, a tentativa era ser lúdico e mostrar o futuro às pessoas queridas, que através de um uso prático, criassem carteiras, transacionassem, enfim, uma brincadeira para quebrar a barreira inicial.

Deu errado.

– “Muito complicado”

– “Faz pra mim, depois te pago”

-“Legal, mas não tenho tempo”

-“Você é maluco”

-“Você precisa arrumar um emprego”

O preço na ocasião? Na casa dos USD 300 (Trezentos dólares), morro abaixo, logo depois de ter ultrapassados os USD 1.000 pela primeira vez durante o stress bancário na Grécia.

Deveria ter parado por aí, mas não… Vem o ano de 2017, lá por julho, e a ideia de montar a HashInvest. Se lá em 2014 a turma ignorou e não veio, então, vamos criar uma ferramenta que permita as pessoas a embarcarem sem sofrer, com baixíssima complexidade, e então começamos.

 Abrimos as portas em novembro e logo em seguida o Bitcoin ultrapassa a marca de USD 10 mil pela primeira vez na história.

Dessa vez logrei algum êxito e o sucesso foi ligeiramente maior que no bolão de 2014. Empolgados pela euforia do mercado e com o noticiário naquele ano, dessa vez alguns bem-sucedidos amigos próximos finalmente entraram no Bitcoin.

Qual era a minha esperança? Que começassem a ler os conteúdos por aqui e que começassem a voar por conta própria. Não foi o que aconteceu.

A única recomendação que dou explicitamente é a de fazer preço médio, o que que ninguém faz é o preço médio. A turma comprou em 2017 e a grande maioria simplesmente deixou lá, sem novos aportes, sem estudar por conta própria e ficaram demasiados insatisfeitos quando o pico de USD 20 mil derreteu pelos anos a seguir, e o pior, agora a culpa era minha.

Em 2019 e 2020 resolvemos que era hora de fazer marketing digital. Investimos em Instagram, conteúdo, linkedin, podcast e os cambau…

Nada efetivo, pouco resultado. Acabou que nos dias atuais temos o mínimo, mas bem diferente do que já foi no passado. As pessoas simplesmente não vieram, logo, vamos ficar por aqui somente para reafirmar que estamos por aqui e estamos vivos.

O preço na época era em torno dos USD 6 mil dólares por Bitcoin, com direito a uma excursão na casa dos USD 3 mil alto no fatídico Corona Day.

Veio mais um bull market, dessa vez em 2021. Vimos o Bitcoin saltar para USD 69 mil dólares e quando a farra se aproximava do fim é que os clientes começaram a chegar…

A gente fala que bitcoin se compra todo dia, no preço médio, mas a pessoa quer comprar depois que a euforia tomou conta da internet… Caímos para a casa dos USD 15 mil e por lá ficamos até meados de 2023.

Com a chegada dos ETFs e dos institucionais, o Bitcoin começou a tracionar mais uma vez um novo All time High na casa de USD 73 mil foi visto há poucos meses nesse ano de 2024, mas diferentemente dos outros Bull Markets, dessa vez o varejo não veio, pelo contrário, quem levou prejuízo entrando no topo de 2021 acabou por “aproveitar a chance” e ir embora de vez.

Hoje, especificamente dia 24 de junho de 2024 enquanto eu escrevo esse texto o Bitcoin “derrete e agoniza” em USD 60 mil.

Dos tais amigos próximos, ainda sou taxado de louco. Recorrentemente o que escuto é que

-“Você teve sorte”

-“Deveria ter te escutado lá atrás, mas hoje está muito caro”.

-“Você ainda tá naquele negócio de Bitcoin?”

-“Ainda tenho aquela grana lá de 2017, ta bom né… Qualquer dia ponho um gole a mais”

Hoje ainda sou o chato do Bitcoin, mas diferentemente do passado, somente quando sou perguntado. Quando não questionado, converso de cervejas, de viagens, do clima, de amenidades em geral, mas só falo de Bitcoin com quem me pergunta.

Mesmo quem me pergunta se recusa a aceitar a realidade. Por mais dados que sejam entregues, demonstrados, a alocação de recursos vai majoritariamente… Para a renda fixa em Reais. É ultrajante e embaraçosa a sensação de incompetência que me acomete.

Vejam os marcos de preço desse texto…

USD 1000, USD 300, USD 10.000, USD 20.000, USD 6.000, USD 3.000, USD 69.000, USD 15.000, USD 73.000, USD 60.000…

Quando estava em USD 1 mil, estava caro demais, e quando estava em USD 300, ainda bem que não entrei nessa fria.

Quando estava em USD 69 mil, estava caro demais, e quando estava em USD 15 mil, ainda bem que não entrei nessa fria.

Quando estava em USD 73 mil estava caro demais…

Todos os anos escrevo ao menos uma newsletter com cálculos detalhados de preço médio, geralmente com aporte mensal e começando em épocas muito ruins (primeiro aporte num all time high por exemplo) e todos os anos demonstro com dados que se você fizer DCA de modo disciplinado a sua probabilidade de multiplicar o patrimônio é significativamente alta e seu risco é relativamente baixo. Fazendo isso você bate TODOS os CDBs, CDIs, Tesouros e índices de bolsa que pode encontrar por aí.

No fim do dia… São 5 os clientes que praticam o preço médio…

Quanto a mim? Começando a pensar com mais carinho na ideia de aposentadoria.  A Hashinvest não é exatamente uma necessidade nessa altura da vida, afinal, dizem por aí que “dei sorte!”.

Gostaria de ter convertido muito mais gente do que de fato converti e passados 10 anos, sinto que está se aproximando a hora de admitir que é bastante provável que eu não seja a pessoa certa para esse trabalho.