No final de janeiro, alguns portais de notícias fizeram barulho sobre um evento raro que aconteceu com o Bitcoin. Eles indicavam que os investidores estavam assustados e em dúvida sobre a credibilidade das Criptomoedas. Mas, como diria Nassim Taleb sobre a necessidade de jornalistas criarem manchetes para venderem jornais: “Nunca confie em uma jornalista, nem mesmo se ela for a sua mãe”.

A notícia divulgada era que um mesmo Bitcoin teria sido gasto duas vezes pela mesma pessoa (em inglês double-spend):

Fazendo um paralelo com as moedas convencionais, seria como se alguém gastasse duas vezes a mesma nota de 50 reais ou fizesse a mesma nota reaparecer em sua carteira após tê-la usado.

Isto pode parecer improvável e até mesmo absurdo para o dinheiro tradicional, mas coibir este tipo de evento em redes descentralizadas não é simples e só foi resolvido definitivamente com o artigo de Satoshi Nakamoto em 2009, que originou o próprio Bitcoin.

Explicando bem por cima, para que não ocorra o double-spend, mais de 50% dos milhares de integrantes de uma rede descentralizada precisam concordar com o estado do blockchain, o que não é banal.

Segue a sequência de eventos:

  • Dia 18: um usuário criou uma transação, mas a taxa que ele estava disposto a pagar para que o processamento acontecesse era baixo. Por isso, a transação ficou na fila (nada de anormal).
  • Dia 19: o mesmo usuário criou uma nova transação oferecendo uma taxa mais alta. Essa nova operação também ficou na fila.
  • Dia 20: o usuário assina uma terceira transação, oferecendo um valor ainda mais alto de taxa.

Ao enviar a terceira transação, os eventos raros se alinharam:

  • As taxas cobradas caíram.
  • O blockchain do Bitcoin se dividiu, ou seja, uma parte dos servidores passou a discordar sobre quais seriam as últimas transações válidas. Isto acontece com relativa frequência (1x por mês) e dura entorno de 10 minutos (nada de anormal também).

Uma parte dos servidores acabou incluindo a primeira transação (do dia 18) e, a parte dissidente, a outra transação, do dia 20. Assim, por 10 minutos de fato ocorreu um gasto duplo das mesmas moedas. No entanto, depois disso, uma das operações foi descartada e tudo voltou ao normal.

Apesar do barulho midiático, tecnicamente, o que aconteceu 20 de janeiro foi irrelevante e o protocolo do Bitcoin funcionou exatamente como era esperado.

Para evitar problemas, normalmente espera-se um tempo de confirmação (30 a 60 minutos) antes de se considerar uma transação. Após este período, a chance de que um gasto duplo ocorra é absurdamente baixo e nunca ocorreu em todo este tempo em que a rede do Bitcoin está operacional.

Por isso, suas Criptomoedas estão sim seguras e é sempre bom cuidar com o que lemos por aí.

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada por e-mail e publicada aqui com alguns dias de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra? Assine inserindo o seu e-mail abaixo:


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