Uma das formas mais esdrúxulas usadas para desmerecer o Bitcoin é atestar sua incapacidade de substituir o dinheiro atual nas transações financeiras do dia-a-dia. Esta comparação não faz sentido nenhum porque a criptomoeda não existe para este fim, ou como li em um post: “Usar Bitcoin para compras de consumo é semelhante a dirigir um jato Concorde pela rua para comprar comida: um ridículo desperdício de uma ferramenta incrível”.
Colocando em perspectiva: Visa e Mastercard são capazes de processar 5 mil transações por segundo, Bitcoin está hoje limitado a algo entorno de 3,3 a 7 operações por segundo. Além disso, a criptomoeda exige um tempo de confirmação da transação (perto de meia-hora) e cobra uma taxa média de $2.77 USD por movimentação. Ou seja, ninguém minimamente racional poder esperar que o Bitcoin seja usado para comprar pão.
O Bitcoin não serve para competir com as bandeiras de cartão, mas para criar uma reserva de valor para um mundo digitalizado e, por isso, que é chamado de Ouro 2.0. As características que tornam a criptomoeda adequada a este fim são: escassez e portabilidade.
As moedas nacionais poderiam competir com o Bitcoin no campo da portabilidade, mas as emissões indiscriminadas minam seu valor, a clássica inflação. O ouro poderia competir com o Bitcoin por ter emissão limitada (o estoque do metal na Terra é finito), mas transportar barras de ouro não é tão simples.
Em contrapartida, se você tiver uma memória capaz de gravar 64 caracteres aleatórios, nem mesmo um meio físico é necessário garantir que só você controle as suas criptomoedas de qualquer lugar do mundo. Quanto à escassez, o Bitcoin possui regras fixas e pré-determinadas: hoje são gerados 6,25 BTC por dia e cada 4 anos esse ritmo cai pela metade.
Assim, o fato da criptomoeda não poder substituir o dinheiro físico nas operações financeiras diárias não é uma falha, é simplesmente a utilização errada de uma ferramenta, que como tudo, tem seu campo de aplicação e suas limitações.