Blockchain tem muitas qualidades como descentralização, incensurabilidade, segurança e rastreabilidade. A aplicação mais bem sucedida desta tecnologia até o momento são indiscutivelmente as criptomoedas mesmo com todos os altos e baixos dos preços (estamos falando de um mercado de US$ 200 bilhões). Mas quais seriam as outras aplicações desta tecnologia e por que utilizá-la?

Ainda não existe uma resposta definitiva para quando blockchain deve ser usado, principalmente porque é algo novo e para qual ninguém consegue mensurar o seu impacto na sociedade. No entanto, normalmente considera-se que este tipo de solução deve ser considerada somente se houver várias partes interagindo ao mesmo tempo, a ponto de ser difícil manter vários bancos de dados tradicionais sincronizados. Além disso, a tecnologia por trás das criptomoedas ganha ainda mais relevância se fatores como segurança, rastreabilidade da informação, limitado poder de alteração e irreversibilidade forem fundamentais.

Quanto a outras aplicações possíveis, já usei este espaço para falar por exemplo sobre o rastreamento de cadeias de suprimentos em escala global. A vantagem neste caso é que, ao invés de cada participante possuir um banco de dados próprio, um único blockchain integraria todas as partes. Assim, se o fornecedor A entregou os itens B para a transportadora C, isto ficaria publicado no blockchain como uma transação e, através do histórico de transações, seria possível acompanhar o caminho dos produtos até o consumidor final. Obviamente, com todas as operações validadas e rastreáveis.

Esta semana, o Banco Central do Brasil anunciou que também começou a usar uma solução baseada em blockchain para integrar os dados de diversas agências reguladoras brasileiras. O sistema que recebeu o nome de PIER (Plataforma de Integração de Informações das Entidades Reguladoras), vem sendo desenvolvido desde 2017 e custou R$ 1,3 milhões. Além do Banco Central, as agências reguladoras que já aderiram ao sistema são CVM (valores mobiliários) e SUSEP (seguros privados). A PREVIC (previdência complementar) deve se juntar em breve à plataforma.

Os casos de uso citados são:

• dados de processos punitivos e de restrições de empresas e administradores, para averiguação de idoneidade;

• histórico de atuação no sistema financeiro, para checar a conduta e a capacidade técnica do pleiteante;

• informações sobre as participações de pessoas físicas e jurídicas no capital social e no controle acionário, para cumprimento da legislação.

Sobre os detalhes técnicos, não foram liberadas muitas informações oficiais. A plataforma BNAmericas afirma que foi usado Quorum, uma cópia da rede Ethereum desenvolvida pelo JP Morgan com ênfase na privacidade das transações. A infraestrutura por sua vez seria baseada no sistema de computação em nuvem da Microsoft Azure.

Não sei se vocês concordam comigo, mas depois de ver a enxurrada de críticas às criptomoedas, muitas delas relacionando os criptoativos à lavagem de dinheiro e evasão de divisas, quem imaginaria que hoje um blockchain seria usado pelas agências reguladoras de um país? Mais do que isso, que o sistema utilizado por essas agências seria justamente uma cópia da plataforma em que a segunda criptomoeda em valor de mercado é transacionada, a rede Ethereum?

Então, se você ainda não se convenceu que blockchains e criptomoedas vão muito além de contravenção, que transações financeiras são só uma das aplicações possíveis com esta tecnologia e, que muito mais está por vir, seja bem vindo, você está alguns anos atrasado.

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada por e-mail e publicada aqui com alguns dias de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra? Assine inserindo o seu e-mail abaixo:


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