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Blog da HashInvest

O Coronavírus, as Bolsas e o Bitcoin

Postado em 08/05/2020

Nome do Autor luis

A semana que passou reservou fortes emoções aos mercados. A atual está começando em caos. Temos um vírus altamente contagioso, desconhecido e que trabalha com o instinto animal do ser humano. Toda vez que a vida humana é colocada em risco é difícil manter a racionalidade e reações extremas são naturais.

COVID-19 – A agulha que estourou a bolha.

Como tudo nos últimos anos, estamos vendo a polarização dos que torcem por uma catástrofe e os que dizem que o COVID-19 é “só uma gripe”. A realidade da situação é algo que garantidamente não sabemos. Ao passo em que as reações parecem exageradas, imagens vindas da China e da Itália aterrorizam, e independente do seu time, vamos descobrir em breve a real gravidade do problema, não é opcional.

O fato é que indústria chinesa parou. Durante os meses de Janeiro e Fevereiro, a parada da indústria Chinesa foi superior a 80%. A China é o grande fabricante de componentes (de tudo) do mundo. Pense na catástrofe infligida sobre as cadeias logísticas. Agora em Março, vejo os gestores de bolsa comedores de arco-íris falando “que a China já está 70% normal”.

Vamos analisar a ponta faltante, na mesma frase, 30% da China ainda está parada, e estamos no meio de Março. Já são 70 dias totalmente comprometidos na fabricação de componentes para a indústria mundial. Praticamente tudo hoje ou é “made in China” ou possuir grande parte de seus componentes “made in China”. Veja o que vai acontecer.

O prazo de entrega das cadeias logísticas sofisticadas (indústria eletrônica por exemplo, da qual posso falar com propriedade) é de no mínimo 90 dias, 180 por padrão e chega a 300 dias em alguns casos, ou seja, o pepino Chinês vais estourar nas linhas de produção a partir de Abril ou Maio, talvez um pouco mais a depender de navios em viagem e vai se intensificar muito. Lembre que 30% das indústrias ainda estão paradas e não se tem data para normalização. Vai faltar matéria prima. Fim, Não está em discussão.

Lembrando que a substituição de fornecedores na prática não é efetiva, pois no custo prazo todas as cadeias afunilam a poucas fontes de componentes, em geral, na China.

Até o momento falo apenas do impacto já causado. Agora vamos ao presente. Itália está em lockdown. Espanha, EUA e outras economias desenvolvidas seguem o script. Indústrias fechadas, restaurantes fechados, pontos turísticos esvaziados, liberdades individuais cerceadas. Na Itália, no dia 10/03/2020 foi anunciado que não haverá multa sobre hipotecas não pagas durante a quarentena. Mais países vão entrar nesse caos?

Por aqui a vida segue como se o COVID-19 fosse algo longe e distante. Bolsomínions na rua ignorando os avisos e o cenário internacional. Maia e Alcolumbre dizendo que isso é irresponsável ao passo que estavam na festinha de inauguração da CNN com mais de 1300 pessoas. Um patético faça o que eu digo e não faça o que eu faço.

Por conta do lockdown Chinês, o segundo maior bebedor de petróleo do planeta, a demanda pelo liquido preto caiu vertiginosamente. Em uma economia de mercado, menos demanda resulta em menores preços. A fim de segurar o preço do petróleo, a mando dos americanos, o país mais sensível ao preço do Petróleo mundial, os Árabes pediram na OPEP uma redução dos volumes de produção de petróleo. Ao melhor estilo garrincha, tentaram combinar com os Russos, que ao melhor estilo Bolsonaro, deram uma banana aos Árabes dizendo que, se quiserem produzir menos, produzam.

Começa assim uma guerra de preços de petróleo. O Árabe então resolveu responder com aumento de produção. Pronto, o barril de óleo caiu 30% em um dia e levou pânico as Bolsas. Em 09/03/2020 o pregão do Coróleo (Corona+Óleo) derrubou as bolsas ao redor do globo dando início a um zigue-zague de extrema volatilidade nos pregões seguintes. O custo de produção do barril Russo é USD 7, o custo de produção do Árabe é de USD 3. O custo de produção do Americano é de USD 41. O Barril foi a USD 30. Façam suas apostas.

Na sexta feira 13/03 Trump sinalizou uma redução de impostos sobre as folhas de pagamento e avisou que vai comprar petróleo para fortalecer os estoques. As Bolsas subiram como se o COVID-19 não existisse mais e como se a guerra de preços do petróleo tivesse acabado. Os últimos 20 minutos do SP500 e DJIA (os mais importantes índices americanos) fizeram um tremendo rally de fechamento. Tudo certo e a queda nada mais fora do que uma oportunidade de compra, só que não…

Na quarta passada O FED, Banco Central americano, cortou em 0,50% os juros por lá para aquecer a economia e nada, na verdade ninguém engoliu. Fazendo uma mais do mesmo e esperando resultados diferentes, nesse domingo 15/03 foi o dia de zerar os juros e prometer uma quantidade inimaginável de dinheiro para salvar bancos, grandes indústrias e Wall Street. Mais do mesmo nas bolsas. Banho de sangue e derretimento nos preços das ações no dia 16.

Jerome Powell – Presidente do FED tranquilo e feliz da vida…

O Bitcoin nesse meio de caminho vem vindo ladeira abaixo. A coisa que mais escuto é que estou errado na teoria de que o Bitcoin seria um seguro, que ele está caindo junto com as bolsas e quando a bolsa se recupera o Bitcoin não se mexe do lugar, que é um péssimo ativo.

O Bitcoin não vai andar em direção oposta às bolsas. Toda vez que há aversão ao risco a tendência é o Bitcoin (e todo o mercado de Criptomoedas) cair junto e até mesmo cair ainda mais, afinal, Criptomoeda é um investimento de risco. Em tempos de busca por segurança, as pessoas fogem dos ativos de risco.

O maior valor do Bitcoin é sua resistência à censura, ao autoritarismo e ao controle de capitais. Se você não entendeu isso ainda te peço desculpas pela minha incapacidade de explicar.

Ao contrário dos que os gestores bilionários comedores de arco-íris dizem por aí, dessa vez não foi mais um Joesley day. Dessa vez existe um problema de fundamento. Você ainda está na janela de oportunidade de vender suas ações enquanto é tempo.

Temos um caos contratado nas bolsas de valores mundiais quando o impacto da falta de componentes finalmente chegar às linhas de produção. Empresas que não produzem não faturam. Bolsas são em última instância, faturamento e lucro das empresas. Temos países desenvolvidos em Lockdown com economias literalmente paradas, congeladas.

Quanto tempo até que as empresas e as pessoas parem de pagar suas contas em dia? Existe como perdoar multas e juros sobre hipotecas para sempre? Existe modo de socorrer a todos os negócios assim como Trump está socorrendo alguns?

Enfim, existe a possibilidade real de que em algum ponto não muito longe de hoje algum grande banco europeu ou americano venha a cair assim como ocorreu em 2008? Qual será o tamanho do dano? Ninguém sabe. As atitudes do FED cheiram a desespero e pânico.

Se o maior banco central do mundo está em pânico… Tire suas conclusões.

A questão é que a depender do tamanho da bordoada, controle de capitais (limitar a quantidade de dinheiro que você pode sacar e movimentar) será inevitável. É nesse dia que o Bitcoin mostra seu valor. É contra esse tipo de coisa que o Bitcoin é um Hedge perfeito.

Infelizmente, limitar acesso aos bancos e tomar mais medidas esdrúxulas que eram impossíveis de se pensar há meros 10 dias atrás entram no rol das possibilidades. Acredite que você não vai querer ver para o que realmente serve o Bitcoin, mas seria de bom tom tê-lo para caso o pior se materialize.

Gosto de ações, mas no momento zerei minhas posições até que a normalidade se restabeleça. Você deve vender tudo e comprar Bitcoin? Não, obvio que não, apenas uma pequena parte, mas saiba que ele será uma das poucas formas de dinheiro livre caso a coisa fique feia de verdade.

O mercado do Bitcoin é tão pequeno e insignificante que basta uma economia desenvolvida cair (Itália por exemplo) para jogar seu valor para as máximas em questão de poucos dias. Apertem os cintos e posicione seus investimentos com inteligência.

Ainda dá tempo.

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O que é, o que é… 

O que é, o que é… 

…acontece a cada quatro anos, deixa muita gente com os nervos à flor da pele e vai se repetir em 2024? 

Se você curte esportes, a resposta óbvia seria Olimpíadas, mas admito que não sou muito engajado nessa área. Para mim, o evento mais importante de 2024 é o Halving do Bitcoin. 

Este evento reduz pela metade a taxa com que novos Bitcoins são criados e a próxima vez que isto acontecerá será em abril de 2024. Isto porque estes eventos estão programados para ocorrer a cada 210.000 blocos (intervalo em que as transações de Bitcoin são processadas e publicadas).  Como cada bloco é gerado em média a cada 10 minutos, temos 144 blocos por dia. Então, em 1.458 dias ou pouco menos de 4 anos, temos um Halving e, o próximo, cairá aproximadamente em 26 abril de 2024. 

A partir desse dia, serão criados 3,125 Bitcoins a cada 10 minutos, frente aos 6,25 gerados atualmente. Isso significa que a oferta anual de novos Bitcoins será de cerca de 164.250, o que representará uma taxa de inflação de 0,88% (melhor que praticamente todos os países).  

Mas se todo mundo sabe quando e o que vai acontecer, por que tanta expectativa? 

Bom, nas 3 ocasiões anteriores em que tivemos um Halving, tivemos também um ciclo de alta bastante respeitável e que durou em média um ano e meio. 

O primeiro Halving foi em 28 de novembro de 2012 e, na sua sequência, tivemos uma valorização de mais de 8.000%. O preço do Bitcoin passou de USD 12 para mais de USD 1.000 ao final de 2013. 

O segundo Halving ocorreu em 9 de julho de 2016 e foi seguido por um aumento de mais de 2.000%, levando o preço de USD 650 para quase USD 20.000 no final de 2017. 

No terceiro e mais recente Halving, ocorrido em 11 de maio de 2020, o Bitcoin era cotado a USD 8.800. Em abril de 2021, o preço chegou a USD 64.000, ou uma valorização de 800%. 

A justificativa mais comum é de que o Halving causa uma redução na oferta de moedas no mercado, enquanto a demanda permanece constante. Seguindo as aulas de macroeconomia, isto faz os preços aumentarem. Faz sentido, mas a meu ver, demoraria um pouco para sentir os efeitos dessa escassez e a escalada nos preços não seria tão íngreme. Além disso, nos ciclos anteriores que eu presenciei, se falou muito pouco sobre o Halving ou mesmo sobre o Bitcoin em si. 

Por exemplo, o ano era 2016 e tivemos a febre das ICOs, com novas criptomoedas disruptivas sendo lançadas quase que diariamente. Em 2020, vieram os NFTs e os memes que eram vendidos por milhares de dólares. O fato é que ninguém lembrava do Halving e as pessoas estavam muito mais interessadas em outras criptomoedas/blockchains do que no próprio Bitcoin. 

De qualquer forma, seja pela diminuição da oferta, seja por trazer mais atenção para o mercado das criptos e seus projetos, historicamente, o Halving foi seguido por um ciclo de prosperidade para todo mercado das criptomoedas. Tomara que em 2024 não seja diferente.  

As dores do crescimento

As dores do crescimento

Feliz 2024, um ano que promete muitas emoções e alegrias aos stakeholders do mundo Cripto. Para uns mais emoções e para outros mais alegrias… Se você está lendo esse artigo ou simplesmente habita o planeta Terra, de alguma forma mesmo que indireta você está no grupo dos stakeholders. Não adianta mais ignorar ou negar, até os governos já ultrapassaram esta etapa!

As dores do crescimento que são comuns em crianças e adolescentes, independente de qualquer fator exógeno como cultura ou hábitos, costumam se manifestar na fase de maior crescimento ósseo, o chamado estirão.

A dor de crescimento não tem relação científica diretamente ligada às fases de crescimento físico. No entanto, ela é considerada como uma forma de identificar uma dor benigna e diferenciá-la de diversos outros problemas que causam dor em crianças.

Uma analogia dessa dor do crescimento pode ser aplicada como uma luva ao estágio de maturação do Bitcoin e de todo o ecossistema que começou a surgir a partir dele. Não existe uma relação científica e nem se trata de ciência exata. Os detentores do monopólio, seja das leis ou do dinheiro, descobriram que as tentativas de eliminar o Bitcoin e suas consequências ainda na primeira infância foram inúteis e quanto mais tentavam mais nutriam o jovem bebê. As tentativas de matar “o mal” ainda na semeadura foram muitas em diversos países; proibição, discriminação e perseguições   aconteceram de forma reiterada.

O bebê cresceu e superou com louvor as adversidades da primeira infância. Nosso pré-adolescente, teimoso e rebelde (nada diferente dos pré-adolescentes e adolescentes) está crescendo a olhos vistos e não resta outra alternativa ao patriarcado estatal tentar impor limites para manter essa jovem criatura em efervescência dentro do que ele, Estado, considera limites razoáveis dentro dos seus próprios interesses.

O aprendizado dessa conturbada relação entre governos, amigos do rei (aqui incluímos políticos, banqueiros, grandes investidores institucionais etc…) e adolescentes prodígio certamente não é fácil e acarretará em dores do crescimento ao nosso jovem mercado.

Logo na largada de 2024, ao melhor estilo das novelas mexicanas dos anos 80, tivemos a aprovação dos ETFs à vista de Bitcoin na maior economia do mundo. Foi um longo processo cheio de idas e vindas, vazamento de informações, fake news, fake news que não era fake news etc etc etc Fato é que conturbado, dolorido e longo processo a maior economia americana abriu as portas aos grandes investidores institucionais do mundo. O ETF da Blackrock foi um sucesso, isso apenas em comparação ao lançamento de todos os ETFs históricos dos Estados Unidos. Mas não passou de um cartão de visitas do que poderá vir a ser nos próximos anos. Não se supera uma fase importante da vida como a adolescência num passe de mágica, foram apenas criadas as condições para o burocrático e lento processo de migração do dinheiro grande de outros ativos para o Bitcoin. Não existem garantias que o nosso quase adolescente superará a adolescência e se tornará um jovem e saudável jovem adulto, entretanto sabemos que os antigos inimigos (como o governo americano, por exemplo) se tornarão protetores uma vez que um colapso de um ativo (quando relevante) impactará não só os amigos do rei como também os Estados Nações.

No Brasil, de forma menos relevante em termos de impacto no Bitcoin em si, mas relevante para nós tupiniquins, também estamos num processo de amadurecimento institucional e muito provavelmente com dores do crescimento que podem via a ser maiores ou menores. Com o chapéu da pessoa física, tivemos no final de 2023 a sanção da lei de taxação dos “super ricos”, como foi chamada a lei de taxação de ativos no exterior e fundos exclusivos fechados no Brasil. Nessa lei foi incluída uma tributação de 15% sobre os lucros em operações com Criptoativos no exterior. Mas não me pergunte o que isso significa, pois na lei nossos legisladores não sabiam a resposta e decidiram que a secretaria especial da Receita Federal iria regulamentar sobre esse “detalhe”. Já a Receita Federal divulgou um perguntão para esclarecer a respeito dessa nova lei e tem uma pergunta e resposta bastante esclarecedora… segue o print:

Do lado institucional, com potencial impacto indireto para as pessoas físicas, tivemos a aprovação da lei que ficou chamada como marco legal dos Criptoativos (lei 14.478/22) em dezembro de 2022. A lei, conforme decreto posterior da presidência da república, instituiu o Banco Central do Brasil como órgão regulador do setor. O Bacen levou um ano, apenas no final de 2023, para divulgar sua primeira consulta pública sobre o tema. Em resumo, 2024 tende a ser o ano da efetiva regulamentação das empresas do setor no Brasil. Considerando o prazo da morosidade das instituições públicas e uma fase de adaptação e transição, certamente não antes de 2025 teremos uma regulação em vigor.

Enfim, dores do crescimento para todos. As dores do crescimento não são ciência exata, não tem relação científica com o crescimento, mas são dores benignas e inerentes ao processo de evolução e crescimento.

Se você está esperando a adolescência passar para “entrar” nesse mercado, lembre-se que a oferta de Bitcoin é limitada e gradativamente com o dinheiro dos institucionais chegando ocorrerá um desequilíbrio entre oferta e demanda. Cabe a você decidir se quer deixar a janela de oportunidade fechar antes ou depois de você passar por ela, as dores do crescimento não são impeditivas, são apenas um sinal de que a idade adulta está mais próxima…

Feliz e próspero 2024, que você esteja no seleto grupo das emoções com muitas alegrias!

A base de tempo das coisas

A base de tempo das coisas

Se tem algo recorrente em todo início de Bull Market são os falastrões.

Em 2013, quando Bitcoin disparou junto com a crise da Grécia, a narrativa é que todos os bancos europeus iriam colapsar e seria “bitcoin to the mooooon”. Não colapsaram.

Em 2017, as ICOs (Initial Coin Offerings) iriam substituir todas as bolsas de valores relevantes do mundo e as empresas se financiariam de forma totalmente descentralizada direto das pessoas. Não aconteceu, as bolsas centralizadas lentas e demasiadamente reguladas estão aqui e as ICOs viram um supermercado de óleo de cobra.

Em 2021, a narrativa (extremamente imbecil) era do superciclo do Bitcoin, pois assim como a adoção da internet dessa vez a número de usuários e consequentemente os preços seriam em forma de “S” e exponenciariam. Não aconteceu.

Em 2024 a narrativa é que com a liberação dos ETFs e a compra de USD 500 Bilhões pelos árabes iriam promover a chamada “God candle” onde o Bitcoin subiria mais de USD 100 mil em um único dia. Não aconteceu e duvido que aconteça.

Em comum entre todas as narrativas, ciclo após ciclo, o mesmo pano de fundo. Influenciadores digitais “geradores de conteúdo” em desespero por cliques e relevância em meio a iminente perda de hype.

Há 10 anos atrás eu achava que isso era passageiro e que não era possível as pessoas se apegarem as lorotas da internet dessa maneira, tão facilmente. Hoje eu já entendi, é da natureza humana e fico é de olho em qual a lorota da vez. Sempre haverá uma lorota.

Os ETFs em si não são lorota, pelo contrário, possuem de fato o eventual poder de multiplicar o valor do Bitcoin em dezenas de vezes, mas não da forma como foi alardeada pelas paquitas dos gurus com muitos seguidores.

O processo é relativamente lento. São quase uma dúzia de empresas disputando o investimento de fundos de pensão e gestores de recursos e, o investimento dessa turma, nunca é do dia para a noite.

A coisa acontece aos poucos. Uma pequena exposição para medir a temperatura dessa coisa. Se dali a seis meses ou um ano eu me acostumar com a temperatura dessa nova água, quem sabe eu me molhe mais um pouquinho e por aí vai.

A base de tempo para essa turma estar nadando de braçada é lenta, e deve ser lenta, e não tem como não ser lenta. São comitês, votações, deliberações e não o ímpeto de uma pessoa física que segue o influencer X.

No nosso podcast (minuto hash), já fiz 2 programas dizendo que os primeiros meses da negociação dos ETFs são como um caminhão de melancias se acomodando.

Nessa acomodação, a massa falida da FTX por exemplo, aproveitou que o fundo Grayscale, da qual ela era quotista, se converteu em ETF, fechando o deságio e permitindo a saída a valor de mercado. Somente o administrador da massa falida da FTX vendeu mais de USD 1 Bi em apenas 2 dias.

Mas independente disso, o saldo dos ETF foi positivo, e lhes afirmo, que é óbvio que vai se jogar o preço par baixo no curto prazo, o objetivo é formar carteira e ter os ativos. Qual o interesse de se valorizar um ativo que eu ainda não tenho, comprar na alta como gosta de fazer o investidor médio brasileiro???

E no longo? Fundos de pensão e Hedge Funds começam com 0,1% de exposição ao Bitcoin e se ele fizer o que historicamente ele faz, daqui a pouco será 0,5% e em alguns anos, muito provavelmente serão 5% da alocação de patrimônio dos gigantes da gestão de recursos através do globo.

Não descarto a minha própria lorota conspiratória de que eventualmente um pump massivo do preço do Bitcoin seja usado para governos imprimirem dinheiro e arrecadarem impostos sobre ganhos de capital (ler newsletter anterior), mas por favor, eu vendo essa ideia como uma teoria lunática e conspiratória, não como uma verdade.

A verdade é a narrada no paragrafo anterior. Um passo de cada vez, um pequeno percentual de cada vez e todos terão exposição ao nosso mercado, e isso por si só, ao contrário de árabes comprando tudo, representará o crescimento saudável e sustentável do valor do Bitcoin, com base de tempo lenta e chata…

Poucas as vezes estiver mais Bullish com o cenário de 4 anos, que é o mínimo que você deveria olhar para entender e de fato se considerar um investidor em Bitcoin.

A volatilidade só vai reduzir quando o mercado foi muito maior do que é, até lá, nada de novo no front, o bom e velho deja vu, o museu de grandes novidades.

A recomendação é a de sempre, preço médio e constância e a certeza que dessa vez não será diferente. Vender seus BTC baratinhos para os ETFs nesse momento é abrir mão de uma quase certeza, de um evento de altíssima probabilidade de multiplicação de patrimônio com base de tempo em anos (não em dias).

Menos falastrões, incluído o que vos escreve, e mais disciplina, consistência, preço médio e foco com base de tempo em anos.

Bem vindos a 2024!