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Blog da HashInvest

Juro negativo é a nova inflação

Postado em 23/09/2019

Nome do Autor luis

Taxas de juros das principais economias mundiais (05/08/2019 – twitter @charliebilello)

Pois é. Acabou a lógica. Poupar no longo prazo em muitas economias desenvolvidas agora significa pagar pelo privilégio de emprestar o seu dinheiro para governos e nações.

Os mais poderosos bancos centrais do mundo se cansaram de esperar. Após 10 anos imprimindo dinheiro como se não houvesse o dia de amanhã, desistiram de aguardar a desejada inflação subir e mudaram radicalmente o tratamento do doente.

De 2008 para cá o que se tem feito é injetar liquidez (imprimir dinheiro) e inundar o mercado na esperança de elevar a inflação para a meta, que nas economias desenvolvidas gira em torno de 2%, e contra todos os prognósticos (admito que o meu também), não deu certo.

Até então na história moderna, mais dinheiro em circulação gerava mais inflação (perda do poder de compra da moeda), era um reflexo natural. Perceba o verbo no passado, era, não é mais. Descobrimos que o excesso de liquidez sozinho não é fator suficiente para promover a perda do valor do dinheiro. Tempos estranhos…

Mas o ser humano é criativo, e para atingir seus objetivos ele cria novos mecanismos, e o coelho que saiu da cartola dessa vez é o juro negativo. A notícia boa é que a vacina que te protege da hiperinflação é a mesma que te protege do juro negativo, os investimentos não correlacionados às finanças convencionais, como ouro, Bitcoin e demais Criptomoedas.

Porque governos gostam da inflação (desde que pequenina, é claro)…

Governos emitem títulos para se financiar. Esqueça o varejinho tipo Tesouro Direto. Os grandes compradores de títulos (dívida) dos governos são bancos e fundos de pensões, e não necessariamente porque eles querem, mas sim por uma obrigação regulatória.

O truque reside em emitir divida de longo prazo com um juro mais baixo do que a inflação, e na prática, você está dando um calote branco na sua dívida, e como os números só andam pra frente, esse efeito é psicologicamente passado por despercebido.

Um exemplo didático: Digamos que você me empresta R$ 100,00 em dinheiro e nosso acordo é de um juro de 1% ao ano. Daqui um ano eu te devo R$ 101,00. Se eu como governo conseguir uma inflação sob-controle de 2%, para você ter o mesmo poder de compra, eu deveria te pagar R$ 102,00… Na prática, em embolsei a diferença R$ 1,00 na forma de calote branco.

E é isso que a turma estava tentando forçar desde a grande crise de 2008. De 2008 até 2015 a taxa de juros nos EUA era praticamente 0% ao passo que se injetava dinheiro aos montes no mercado tentando criar uma inflação na casa de 2%… A taxa de juros subiu para 2 e pouquinho por cento de 2015 até 2019 numa tentativa de normalizar um quadro esquizofrênico e nessa semana, voltou a cair, rumo a taxas abaixo de zero. Deu tudo errado e ninguém sabe o motivo.

O mesmo aconteceu na Europa e no Japão…

Hora de jogar a toalha

“Já que não deu certo e não conseguimos subir a inflação e precisamos descaradamente meter a mão no bolso da turma, o que podemos fazer?”

Horas, com juros negativos! A resposta parece óbvia, mas junto com essa decisão você tem o efeito gritaria, um revés grande no coro da sociedade.

Usar a inflação para consumir sua dívida é indolor porque de algum modo o seu R$ 100,00 virou R$ 101,00 (ele cresceu), mesmo que você tenha sida roubado em R$ 1,00. A maioria não sente que está sendo roubada e não há barulho.

Usar juros negativos vai fazer seu R$ 100,00 virarem R$ 99,00 e isso dói pra caramba, embora na prática o efeito seja exatamente o mesmo. O roubo é evidente diante de seus olhos.

Enfim, estamos vendo atrocidades como a Grécia pagando menos juros que os Estados Unidos para se financiar em 10 anos e a Alemanha pagando juros negativos para dívidas de 30 anos. Aqui no Brasil demos os nossos primeiros passos rumo ao juro real negativo ao baixar a taxa SELIC para 6% ao ano (agora sua poupança vai render 0,32% ao mês).

Efeito esperado versus efeito prático

O efeito esperado era estímulo da economia. Veja, na teoria até então conhecida se as pessoas físicas e jurídicas têm acesso ao dinheiro barato, é de se esperar que elas peguem dinheiro emprestado para aumentar o consumo e para fazer investimentos…

Em teoria com juro baixo você deveria estar comprando carro em 72x e levando a família pra Disney todo ano…

Na prática, o pessoal está pegando essa grana grátis e comprando ações numa corrida maluca, e as principais bolsas ao redor do planeta estão experimentando recordes e máximas históricas.

O dinheiro não está indo para consumo nem para investimento e ninguém ainda descobriu como forçar isso.

Uma pergunta honesta: A Microsoft vale hoje 30% a mais do que ela valia há 6 meses atrás? Não é razoável né… Não quero fazer a Microsoft de vilã, ela é só um exemplo da insanidade que tem tomado conta da SP500 nos Estados Unidos. O rally é generalizado.

A temporada de resultados corporativos nos EUA foi ruim e as ações subiram. Algo estranho está muito, mas muito estranho.

Desempenho em 2019 dos principais índices ao redor do globo.

Enquanto isso na Sala de Justiça

É obvio que o cheiro de tudo isso é péssimo. Ao passo que a turma de Wall Street comemora máxima em cima de máxima nas ações, Rússia e China, por exemplo, estão comprando, literalmente, toneladas de ouro e se preparando para uma eventual crise de proporção gigantesca, não é a toa que a cotação do metal sobe 19% nos últimos 12 meses.

Com os juros caindo vai chover gente mandando você comprar ações e as viúvas da renda fixa de 1% ao mês vão comprar dívida privada vendida pelo gerente do banco sem saber o risco de calote ao qual estão expostas…

Não quero que você não invista em ações, pelo contrário, no Brasil principalmente as perspectivas são boas com as reformas e com a eventual retomada da economia, mas não se empolgue e não se deixe tomar por essa euforia.

Vá com parcimônia e se não souber direito o que está fazendo, busque FIAs (Fundos de Investimentos em Ações) com gestão profissional. O espirro da China no dia de ontem está aí para ser exemplo do que estou falando!

Por mais que os juros sejam baixos é recomendado ter algum dinheiro, e, principalmente buscar algumas opções para se proteger caso o pior aconteça. Não esqueça que durante o pânico só existem vendedores, e comprador compra pelo preço que quer… A tradicional metáfora do cinema pegando fogo com todos se encavalando na porta de saída estreita.

E para fechar esse raciocínio, não seria espantoso se ainda em 2019 algum Banco Central oficialmente declarasse alguma Criptomoeda em seu balanço…

Resumo da ópera

A dívida dos governos é impagável e não será paga. Após 10 anos tentando estimular a volta da inflação para reduzir a dívida em forma de calote branco, Bancos Centrais mudam sua estratégia e lançam mão dos juros negativos para, na prática, obter os mesmos efeitos.

A turma está pegando o “dinheiro grátis” e inflando os mercados acionários, e bolsa que sobe é noticiário positivo todo dia, afinal, ninguém quer saber o porquê, todos querem é que as ações subam cada vez mais.

Assim como no cenário antagonista da hiperinflação, esse cenário de sinal trocado pede exatamente o mesmo tipo de proteção para o seu patrimônio.

Jogue no caldeirão um tempero de guerra comercial entre China e EUA com tarifa de um lado e desvalorização forçada da moeda de outro e veja o quanto uma moeda que não depende de governo nenhum pode ter seu valor (estou me referindo especificamente ao Bitcoin).

Lembro também que não é porque a inflação não veio nos últimos 10 anos que ela nunca virá… Na verdade não sabemos…

Na dança das cadeiras um dia a música para e não tem cadeira para todo mundo. Comprar hoje um bom punhado de Bitcoin e Criptomoeda pode ser um movimento bastante inteligente na diversificação e principalmente na proteção de seus investimentos.

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Blockchain como Infraestrutura o Mercado de Capitais

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A maneira como os blockchains e as criptomoedas são percebidos pelos gestores financeiros está evoluindo rapidamente.  Este ramo, que até pouco tempo era renegado e ligado fortemente a hackers e fraudes, teve uma mudança de perspectiva importante no começo deste ano com o lançamento dos ETFs na bolsa americana e, mesmo com esse grande avanço, muito mais está por vir.

Em março a Black Rock, maior gestora de ativos do planeta, lançou o BUILD (BlackRock USD Institutional Digital Liquidity Fund), o seu primeiro fundo tokenizado.

Um token é um “certificado de propriedade” que representa ativos do mundo real (como imóveis, ações, títulos ou commodities) em um blockchain. Ou seja, a infraestrutura de redes como Bitcoin, Ethereum e Solana é usada para representar coisas/estruturas que vão além de moedas.

Em um fundo tokenizado, como o BUILD da Black Rock, a gestora utiliza tokens para representar os ativos do fundo, neste caso específico, Títulos do Tesouro Americano e Dólares Americanos.

O que deixa esta história interessante, é que a Black Rock não é a única interessada em tokenização, notando-se movimentos similares em diversos setores.

Por exemplo, o Tether Limited Inc., empresa que emite a moeda com preço atrelada ao Dólar, lançou recentemente o Tether Gold. Neste caso, cada token emitido representa uma quantidade de ouro armazenada em bancos da Suíça.

A Consultoria McKinsey projeta em seu cenário base que o mercado de ativos tokenizados atingirá um tamanho de quase USD $2 trilhões até 2030.

Dentre as vantagens que levam a esse interesse na tokenização, podemos citar liquidações instantâneas 24/7, maior transparência e eficiência, aliada a redução no custo. Para quem opera cripto, nada demais, mas para o mercado financeiro tradicional, isto traz oportunidades significativas.

Em resumo, a gestão de ativos cripto pode evoluir do simples acúmulo de criptomoedas para a criação de produtos multi-ativos com sua gestão e distribuição ocorrendo através dos blockchains. Blockchains estes que até pouco tempo, eram coisa de bandido.

30 ANOS DO PLANO REAL

30 ANOS DO PLANO REAL

Em 01/07/2024 o Real completará 30 anos de circulação. Na verdade, o plano real, pois tudo começou através de medidas provisórias na qual a moeda era chama de URV, posteriormente convertido para o Real na cotação de 1 para 1.

Temos motivos para celebrar ou não? Aprendemos algo com o passado?

Ao final do regime militar no Brasil e período de redemocratização (na medida do possível em uma frágil democracia, mas ao menos o fim de uma ditadura escancarada) o país passou por diversas crises econômicas desencadeando o pior dos impostos de maneira exacerbada: inflação (no caso hiperinflação). Os governos sempre tiveram o hábito de exaltarem seu governo e culparem algo externo a eles na totalidade. Parece que alguns hábitos nunca se perdem…

A inflação ao final dos anos 1980 e início dos anos 1990 vinha escalonando de forma abrupta e a cada plano que tentava controlar artificialmente a inflação ela voltava com ainda mais intensidade. Logo antes do plano real o Brasil chegou a bater um IPCA (oficial) de 2.500% ao ano. Os mais antigos devem se lembrar de coisas como overnight, remarcação de preços no supermercado diversas vezes ao dia (existia uma profissão que era etiquetador de preços) e a corrida ao supermercado nos dias de pagamento.

Vamos voltar um pouquinho mais…

Durante o governo Sarney foram 3 as tentativas de conter a inflação. Em 1986 foi a vez do plano cruzado, onde a moeda sofreu um corte de 3 zeros e houve congelamento de preços e da taxa de câmbio oficial. Em 1987 foi a vez do Plano Bresser que tentou a já ineficaz estratégia de congelamento de preços. Em 1989 como última cartada do governo Sarney tivemos o Plano Verão em 1989 com um novo corte de 3 zeros na moeda renomeando a moeda para Cruzado Novo, e novos congelamentos de preços e taxas de câmbio.

Já no governo Collor, em 1990 foi o Plano Collor 1 que ficou famoso pelo confisco da poupança popular e criação de novos impostos como o IOF (imposto sobre operações financeiras). Em 1992 veio o Plano Collor 2 com novos congelamentos de preços e agora também o congelamento de salários. E já não bastasse o confisco do plano anterior na poupança popular, a equipe econômica decidiu proibir os depósitos overnight.

Uma coisa comum a todos esses planos foi uma queda artificial (e muito dolorosa para a população) com um repique muito mais acentuado da inflação na sequência.

Em 1994, durante o Governo Itamar Franco, foi implantado o Plano Real. Primeiramente com a URV (CR$2.750 = US$ 1,00 = R$ 1,00). O início da circulação da URV (posteriormente batizada de real) foi em 01/07/1994. O plano real teve suas crises, mas é fato que devolveu a estabilidade mantendo a inflação oficial em patamares inferiores a dois dígitos anuais. Em retrospectiva foi um sucesso!

E agora, 30 anos depois?

Um pequeno exercício da um pouquinho da dimensão do que é a inflação. Nesses trinta anos de “estabilidade”, o não tão poderoso real também perdeu seu poder de compra, às vezes mais rápido, às vezes mais devagar. R$1,00 em 1994 podia comprar uma série de coisas… em 2024 a cédula de R$1,00 não existe mais!

Em 1994 um pãozinho de sal custava R$0,10. Hoje é difícil comprar um pãozinho por menos de R$1,00. Um litro de gasolina custava R$0,55 em 1994 e hoje é difícil abastecer por menos de R$5,50 o litro. E isso vale pro leite, pro ovo e pra banana também…

Um ponto importante e que não pode ser esquecido, é que o descontrole para o monstro da inflação pode ser fatal. É fácil voltarmos ao período de hiperinflação, mas é cada vez mais difícil sairmos dele (olhe nossos vizinhos Hermanos) uma vez que o nosso sistema e ferramentas tradicionais estão desgastadas e perto de um colapso (crescimento da dívida, aumento de carga tributária, PIB praticamente estagnado por décadas e irresponsabilidade fiscal). Ninguém torce por isso, mas sempre que palavras como intervenção, confisco, congelamento voltam a circular o medo do monstro da hiperinflação volta a rondar.

Qual ativo hoje existente e acessível, que não existia em 1994, é imune em seus fundamentos às palavras (confisco, intervenção etc.) e ações de governos que podem acordar o monstro da hiperinflação?

Uma dica: Não é o Bitcoin do banco Itaú!

10 anos de minha primeira iniciativa com Bitcoin

10 anos de minha primeira iniciativa com Bitc

Essa semana me dei conta que em julho faz 10 anos de minha primeira iniciativa para que amigos próximos entendessem e entrassem no Bitcoin, e desde então venho fracassando consistentemente nessa missão.

O ano era 2014 e eu estava apaixonado pela moedinha laranja. Era o chato do Bitcoin, só via Bitcoin, tudo era Bitcoin. Havia recém voltado de Amsterdam de minha primeira conferência de Bitcoin.

Na ocasião, meu sócio que se senta a minha frente foi persuadido a programar um bolão da copa do mundo em Bitcoin, na qual as apostas para participar e os prêmios eram em Bitcoin.

O bolão em si era o de menos, a tentativa era ser lúdico e mostrar o futuro às pessoas queridas, que através de um uso prático, criassem carteiras, transacionassem, enfim, uma brincadeira para quebrar a barreira inicial.

Deu errado.

– “Muito complicado”

– “Faz pra mim, depois te pago”

-“Legal, mas não tenho tempo”

-“Você é maluco”

-“Você precisa arrumar um emprego”

O preço na ocasião? Na casa dos USD 300 (Trezentos dólares), morro abaixo, logo depois de ter ultrapassados os USD 1.000 pela primeira vez durante o stress bancário na Grécia.

Deveria ter parado por aí, mas não… Vem o ano de 2017, lá por julho, e a ideia de montar a HashInvest. Se lá em 2014 a turma ignorou e não veio, então, vamos criar uma ferramenta que permita as pessoas a embarcarem sem sofrer, com baixíssima complexidade, e então começamos.

 Abrimos as portas em novembro e logo em seguida o Bitcoin ultrapassa a marca de USD 10 mil pela primeira vez na história.

Dessa vez logrei algum êxito e o sucesso foi ligeiramente maior que no bolão de 2014. Empolgados pela euforia do mercado e com o noticiário naquele ano, dessa vez alguns bem-sucedidos amigos próximos finalmente entraram no Bitcoin.

Qual era a minha esperança? Que começassem a ler os conteúdos por aqui e que começassem a voar por conta própria. Não foi o que aconteceu.

A única recomendação que dou explicitamente é a de fazer preço médio, o que que ninguém faz é o preço médio. A turma comprou em 2017 e a grande maioria simplesmente deixou lá, sem novos aportes, sem estudar por conta própria e ficaram demasiados insatisfeitos quando o pico de USD 20 mil derreteu pelos anos a seguir, e o pior, agora a culpa era minha.

Em 2019 e 2020 resolvemos que era hora de fazer marketing digital. Investimos em Instagram, conteúdo, linkedin, podcast e os cambau…

Nada efetivo, pouco resultado. Acabou que nos dias atuais temos o mínimo, mas bem diferente do que já foi no passado. As pessoas simplesmente não vieram, logo, vamos ficar por aqui somente para reafirmar que estamos por aqui e estamos vivos.

O preço na época era em torno dos USD 6 mil dólares por Bitcoin, com direito a uma excursão na casa dos USD 3 mil alto no fatídico Corona Day.

Veio mais um bull market, dessa vez em 2021. Vimos o Bitcoin saltar para USD 69 mil dólares e quando a farra se aproximava do fim é que os clientes começaram a chegar…

A gente fala que bitcoin se compra todo dia, no preço médio, mas a pessoa quer comprar depois que a euforia tomou conta da internet… Caímos para a casa dos USD 15 mil e por lá ficamos até meados de 2023.

Com a chegada dos ETFs e dos institucionais, o Bitcoin começou a tracionar mais uma vez um novo All time High na casa de USD 73 mil foi visto há poucos meses nesse ano de 2024, mas diferentemente dos outros Bull Markets, dessa vez o varejo não veio, pelo contrário, quem levou prejuízo entrando no topo de 2021 acabou por “aproveitar a chance” e ir embora de vez.

Hoje, especificamente dia 24 de junho de 2024 enquanto eu escrevo esse texto o Bitcoin “derrete e agoniza” em USD 60 mil.

Dos tais amigos próximos, ainda sou taxado de louco. Recorrentemente o que escuto é que

-“Você teve sorte”

-“Deveria ter te escutado lá atrás, mas hoje está muito caro”.

-“Você ainda tá naquele negócio de Bitcoin?”

-“Ainda tenho aquela grana lá de 2017, ta bom né… Qualquer dia ponho um gole a mais”

Hoje ainda sou o chato do Bitcoin, mas diferentemente do passado, somente quando sou perguntado. Quando não questionado, converso de cervejas, de viagens, do clima, de amenidades em geral, mas só falo de Bitcoin com quem me pergunta.

Mesmo quem me pergunta se recusa a aceitar a realidade. Por mais dados que sejam entregues, demonstrados, a alocação de recursos vai majoritariamente… Para a renda fixa em Reais. É ultrajante e embaraçosa a sensação de incompetência que me acomete.

Vejam os marcos de preço desse texto…

USD 1000, USD 300, USD 10.000, USD 20.000, USD 6.000, USD 3.000, USD 69.000, USD 15.000, USD 73.000, USD 60.000…

Quando estava em USD 1 mil, estava caro demais, e quando estava em USD 300, ainda bem que não entrei nessa fria.

Quando estava em USD 69 mil, estava caro demais, e quando estava em USD 15 mil, ainda bem que não entrei nessa fria.

Quando estava em USD 73 mil estava caro demais…

Todos os anos escrevo ao menos uma newsletter com cálculos detalhados de preço médio, geralmente com aporte mensal e começando em épocas muito ruins (primeiro aporte num all time high por exemplo) e todos os anos demonstro com dados que se você fizer DCA de modo disciplinado a sua probabilidade de multiplicar o patrimônio é significativamente alta e seu risco é relativamente baixo. Fazendo isso você bate TODOS os CDBs, CDIs, Tesouros e índices de bolsa que pode encontrar por aí.

No fim do dia… São 5 os clientes que praticam o preço médio…

Quanto a mim? Começando a pensar com mais carinho na ideia de aposentadoria.  A Hashinvest não é exatamente uma necessidade nessa altura da vida, afinal, dizem por aí que “dei sorte!”.

Gostaria de ter convertido muito mais gente do que de fato converti e passados 10 anos, sinto que está se aproximando a hora de admitir que é bastante provável que eu não seja a pessoa certa para esse trabalho.