Talvez um dos conceitos mais intrigantes por trás do Bitcoin seja a escassez artificial. Até então, bits e bytes eram qualquer coisa menos escassos. A não escassez dos bens digitais é tanta que a facilidade em se copiar conteúdo e principalmente, se distribuir esse conteúdo dizimou indústrias (gravadoras e livrarias, por exemplo) e obrigou muita gente a se adaptar na era da abundância dos dados.

Vejam que a nova realidade é ditada pelo streaming e que praticamente ninguém mais vende software, quase todos vendem assinaturas de coisas na “nuvem”, isso porque controlar a propagação de bits é praticamente impossível, mas daí vem o Bitcoin, em pleno 2009 e introduz a tal escassez digital artificialmente criada e que parece funcionar muito bem.

Então, vejam que algo sem um servidor central, sem um controlador, distribuído e sem dono é capaz de se manter escasso pelas propriedades programadas em seu protocolo. O Bitcoin está programado para um máximo de 21 milhões de unidades, sendo que já foram emitidos aproximadamente 17,6 milhões (83%) dos BTC possíveis e que a última unidade a ser disponibilizada pelo protocolo está prevista para o ano de 2140.

No protocolo do Bitcoin, a emissão de novas moedas (inflação) foi programada e é previamente conhecida. As regras implementadas garantem que a emissão de novas moedas será 50% menor a cada 210 mil novos blocos (muito aproximadamente 4 anos). O objetivo aqui não é explicar mineração, mas sim que você entenda que o Bitcoin fica cada vez mais raro e que isso foi propositalmente programado.

No seu surgimento em 2009, entravam no mercado aproximadamente 7.200 (sete mil e duzentos) novos Bitcoin por dia. No ano de 2012, esse número caiu pela metade, para 3.600 (três mil e seiscentos) Bitcoin por dia e desde metade de 2016 são emitidos 1.800 (um mil e oitocentos) novos Bitcoin a cada 24 horas.

O próximo evento de diminuição da inflação vai reduzir a quantidade de novos Bitcoin emitidos diariamente para 900 BTC, e pela primeira vez desde sua criação, a inflação anualizada do Bitcoin (que hoje é de 3,8%) será menor que a meta de inflação planejada pelos bancos centrais ao redor do planeta (que é 2% ao ano).

O Bitcoin está ficando cada vez mais raro e menos disponível no mercado. O gráfico a seguir mostra (em escala logarítmica) a evolução do preço do Bitcoin e o tempo restante para a próximo evento de redução da emissão (chamada em inglês de halving). Créditos do gráfico para o perfil do twitter @100trillionUSD.

Essa discussão sobre a escassez do Bitcoin é acalorada no meio das Criptomoedas e muitos gostam de argumentar que os Hardforks foram (e são) um jeito de burlar a escassez artificial. Que a criação de novas Criptomoedas (Litecoin, Bitcoin Cash, Bitcoin SV, Bitcoin Diamond, Bitcoin Gold, Bytecoin, Monero, Dash e outras centenas de quase-clones do Bitcoin inundaram o mercado e acabou com o argumento da escassez.

Ao que parece, não se sabe ao certo o porquê, isso não aconteceu. Seja por convenção de mercado ou por histeria coletiva, o valor percebido no Bitcoin não parece ter sofrido influência de seus múltiplos clones, que são observados como cópias menos nobres do conceito original. O mercado parece adotar seus campeões apesar dessas cópias (que alguns podem argumentar que, são até melhores que o original, e não vou entrar no mérito).

Assim como era a Internet nos anos 90, hoje o Bitcoin é assunto pouco falado e uma minúscula parcela da população tem acesso a ele. Imagine que em alguns anos a Criptomoeda venha a se popularizar e que 3% da população busque investir em BTC. Com 21 milhões de unidades disponíveis, simplesmente não haverá mercadoria disponível para todos os interessados.

O próximo halving do Bitcoin será em Maio de 2020, daqui a pouco mais de um ano. Você não precisa ser gênio para saber o que acontece com os preços quando a oferta é menor que a demanda. É fato que retorno passado não é garantia de desempenho futuro, mas a forma como os ciclos tem se desenhado dentro da história das Criptomoedas é assustadora.

Veja com carinho o gráfico do preço vs halving acima e conclua assim como eu que, muito provavelmente, estamos no momento ideal para aumentar a aposta.

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada por e-mail e publicada aqui com alguns dias de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra? Assine inserindo o seu e-mail abaixo:


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