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Blog da HashInvest

A morte do Bitcoin

Postado em 07/01/2019

Nome do Autor luis

Peço antecipadamente desculpas pelo tamanho do artigo de hoje, mas se você investe em Criptomoedas e está com o estômago embrulhado e desiludido com os últimos acontecimentos, esse texto é para você.

O texto a seguir é uma tradução livre do blog escrito por Robert Nielsen. Ao final, retorno com meu breve comentário. Recomendo fortemente a leitura de “A morte do Bitcoin”.

Nos últimos dois anos estive seguindo a estrada acidentada do Bitcoin, desde que ele emergiu como a promessa de uma revolução e grande mudança até colapsar na neblina da fraude e falta de princípios econômicos. Depois de perder 85% de seu valor nos últimos doze meses, o Bitcoin finalmente chegou ao fim da linha? Existe alguma chance de recuperação ou ele está destinado a simplesmente sair de cena?

Algumas pessoas afirmam que o preço do Bitcoin não é importante. Essas pessoas não fazem a menor ideia do que estão falando ou estão tentando minimizar os danos. O preço é extremamente importante. A razão é simples, o Bitcoin não possui uma economia própria.

Por exemplo, eu não sou diretamente afetado pela taxa de câmbio do Euro porque recebo meu salário em Euro, pago meu aluguel, conta de luz, comida e tudo mais em Euro. Então se o Euro cai 10% contra o Dólar, isso não me afeta diretamente porque eu não preciso de dólares (eu sei que isso tem um pequeno efeito indireto sob o ponto de vista de trocas comerciais em uma visão ampla da economia, mas vamos deixar esse ponto de lado). Em comparação veja que quase ninguém é pago em Bitcoin e é muito difícil poder pagar aluguel, luz e etc em Bitcoin.

Toda vez que é preciso gastar é necessário fazer o câmbio de Bitcoin por moedas escriturais. Desse modo, toda vez que o preço cai você precisa pagar relativamente mais pela sua luz, aluguel e etc.

Os fãs do Bitcoin adoram apontar o site Bitcoin Obituaries” para mostrar a resiliência da Criptomoeda. “Olhe, todas as vezes que afirmaram que o Bitcoin morreu, veja como estavam errados!”. Se você olhar o site cuidadosamente você verá que apenas poucos artigos realmente afirmam que o Bitcoin está morto, e que normalmente falam que ele “está morrendo” (e de fato está) ou que ele nunca terá adoção em massa ou será amplamente utilizado (e de fato não será).

Muito melhor é olhar a compilação ultrajante de artigos proclamando novos recordes de preço em breve e o colapso hiperinflacionário das moedas escriturais.

Os fãs do Bitcoin gostam de apontar o número de comerciantes que usam o Bitcoin e de dizer que a infraestrutura é robusta (até mesmo gostam de citar políticos durante a crise financeira alegando que “os fundamentos são sólidos”).

São frequentes as postagens de negócios que estão começando a aceitar o Bitcoin, porém, mesmo nos sites a favor do Bitcoin, existem pouquíssimos relatos de pessoas que de fato usam a Criptomoeda para comprar coisas.

Enquanto são noticiados quantos novos lugares passaram a aceitar o Bitcoin, quase não se tem notícia de quantos continuam aceitando ou de quantos clientes realmente compram com Bitcoin.

Veja que a maioria dos comerciantes converte automaticamente seus Bitcoin em dinheiro, fazendo a aceitação do Bitcoin completamente inútil. Aceitar a Criptomoeda é mais uma peça barata de publicidade pontual do que um elemento do negócio.

Fãs do Bitcoin amam comparar sua tecnologia com a da Internet, embora existam muitos problemas com isso. O primeiro deles é comparar maçãs com laranjas, misturando a tecnologia em si com um caso de uso dela. O Bitcoin possui mais em comum com uma empresa de Internet do que com toda a tecnologia por trás da internet.

Fãs do Bitcoin parecem ter esquecido (ou são muito jovens para lembrar) que durante os anos 90 houve uma expressiva bolha nas empresas de tecnologia, cercadas de promessas milagrosas de mudança radical na forma como vivemos e tudo terminou em absolutamente nada (eu vou deixar o paralelo com o Bitcoin para vocês desenharem). O fato de a internet ser uma tecnologia revolucionária simplesmente não impediu várias empresas de colapsarem.

A maior diferença entre a internet e o Bitcoin é que a internet oferece uma vantagem que ninguém mais pode oferecer. Você pode enviar e receber informação de forma livre ao redor do mundo. As vantagens do e-mail sobre os correios convencionais são evidentes e muito grandes.

A vantagem do Bitcoin não é clara. Se eu quero comprar algo online, eu já tenho a disposição cartões de crédito e débito ou o PayPal. Se eu quero enviar dinheiro, posso fazer através do sistema bancário. A tecnologia já está aí, a única coisa que o Bitcoin tenta fazer é substituir as tarifas bancárias pelas tarifas das exchanges.

Fãs do Bitcoin estão ficando desesperados para defender sua moeda. Alguns dizem que, apesar do colapso, o preço hoje é maior do que era a dois anos atrás.

É óbvio que é, há dois anos ninguém tinha ouvido falar da Criptomoeda e a coisas estavam começando a se espalhar. É assim com todas as startups, surgem do nada e registram um enorme crescimento no início. Por exemplo, eu vou criar minha própria moeda e convencer meu amigo a usá-la e isso representa 100% de crescimento, o que é um número impressionante para eu mostrar ao mundo.

Depois de anos de crescimento infinito o Bitcoin me faz lembrar os políticos dizendo que a crise de 2008 não foi tão ruim assim porque a economia voltou apenas para os níveis de 2003.

Alguns alegam que uma das vantagens do Bitcoin é ser barato, o que não é verdade, o Bitcoin é altamente subsidiado. As transações de Bitcoin só são realizadas depois de confirmadas pelos mineradores. Os mineradores não fazem esse trabalho por caridade, mas porque recebem Bitcoin em troca.

Esse sistema vai funcionar enquanto o preço do Bitcoin estiver alto, pois quando o preço do Bitcoin cair muito, a mineração se tornará inviável e os mineradores passarão a exigir taxas de transação mais altas forçando os usuários a pagar ou então eles desligarão os mineradores. De um modo ou de outro implica custos mais altos ou em serviço mais lento.

A mineração de Bitcoin é um problema em si. Para criar/minerar Bitcoin são necessários computadores especiais com alto poder de processamento. Por razões de escala, esses computadores estão concentrados nas mãos de poucos que frequentemente ameaçam controlar todo o sistema. Para não ficar muito complicado, explico que se 51% do poder de mineração do Bitcoin estiver nas mãos de um único grupo, ele pode efetivamente destruir o Bitcoin.

Outro problema da mineração são os custos, além dos equipamentos, da eletricidade. Se o preço do Bitcoin cair aquém do custo de mineração não será economicamente viável continuar a mineração. Se os mineradores pararem as transações não serão mais processadas. Os preços decrescentes do Bitcoin podem levar os mineradores para a espiral da morte, onde mineradores param porque os preços estão muito baixos, as transações não serão processadas fazendo com que as pessoas abandonem o Bitcoin, levando os preços ainda mais para baixo.

Uma das coisas mais ridículas e inexplicáveis na comunidade do Bitcoin é a ideia de que algum dia o Bitcoin será utilizado por bilhões de pessoas, em especial no terceiro mundo onde não há acesso ao sistema bancário. A ideia de que pessoas extremamente pobres com acesso limitado às necessidades básicas terão acesso à tecnologia e serão aptas a usá-la é risível. É uma ilusão acreditar que o Bitcoin será salvo por pessoas sem acesso à água corrente. As pessoas do terceiro mundo têm preocupações maiores que um sistema de dinheiro eletrônico descentralizado.

Muitos fãs do Bitcoin tem a infeliz ideia que o Bitcoin de algum modo desafia o sistema bancário tradicional. Talvez, essas pessoas não sejam familiarizadas com o funcionamento do sistema bancário, porque mesmo que todos utilizassem o Bitcoin, ainda seria necessário crédito e poupança. Remessas internacionais são uma pequena fração do negócio e mesmo que os bancos percam esse nicho, eles não iriam à falência.

A crise de 2008 seria muito pior se o Bitcoin fosse a moeda mundial e não o Dólar. A bolha imobiliária teria ocorrido da mesma forma, bancos teriam sido igualmente gananciosos e salvá-los seria igualmente necessário. Com certeza o sistema bancário precisa de reformas, mas não é o Bitcoin que irá promovê-las.

Um dos sinais de que o Bitcoin está morrendo é que ninguém usa a moeda. Registros mostram que uma parcela insignificante dos Bitcoin é utilizada de forma diária ou semanal. Meros 10% são utilizados dentro de um mês e mais de 70% não são movimentados há mais de seis meses. Uma moeda que ninguém usa está destinada ao fracasso. Vejam na história, ele nunca atendeu aos critérios básicos de uma moeda e é meramente um investimento especulativo (fique rico rapidamente).

Alguns afirmam que o Bitcoin não importa e que o que realmente importa é o Blockchain. Aparentemente é um novo sistema de registro que mudará o mundo. Talvez contadores estejam empolgados com as possibilidades, mas o publico em geral não está nem aí.

Porque uma empresa gostaria de ver todo seu histórico de registros em uma plataforma pública quando a informação é particular? Afirmar que o blockchain é revolucionário mostra desespero, é como ver um homem se afogando e jogar canudinhos para ele. O Bitcoin está afundando e não será o blockchain que irá salvá-lo.

Outro argumento comum é que o Bitcoin protege contra a inflação ou como proteção contra os malvados bancos centrais que roubam o seu patrimônio através da impressão de dinheiro.

O argumento comum entre libertários e economistas austríacos foi adotado pelos fãs do Bitcoin a partir de 2009 e principalmente com o Quantitative Easing (estratégia de salvamento da economia utilizada pelo banco central americano a partir da crise de 2008) mas perdeu totalmente sua credibilidade. O tal tsunami hiperinflacionário que supostamente destruiria o dólar nunca veio, pelo contrário, a inflação está sob controle como sempre esteve nos últimos 30 anos, que faz dos profetas do apocalipse apenas tolos.

O Bitcoin é essencialmente uma aposta que as moedas (em especial o Dólar) sofreriam com a inflação, se não uma hiperinflação. Como experimento econômico foi interessante, mas o veredito é claro, ele falhou.

A ausência de controle sobre o suprimento de Bitcoin se tornou uma fraqueza e não uma força. A demanda por Bitcoin caiu drasticamente e teria sido necessário congelar ou estabilizar a emissão. Pelo contrário, a emissão continuou e aumentar a oferta em um mercado sem demanda amplifica o problema. A ironia das ironias, o Bitcoin, desenhado por pessoas que desprezam a habilidade de bancos centrais em imprimir dinheiro será morto pelo excesso de emissão de Bitcoin. Ao menos fica uma lição do quão importante é deixar a política monetária a cargo dos bancos centrais para ajustar a emissão de acordo com as necessidades da economia.

Tudo isso sem falar nas fraudes e roubos na comunidade do Bitcoin. “Seja seu próprio banco” foi de slogan para uma advertência contra o roubo, se você não quer ser assaltado, é necessário que você esteja seguro como um banco. Muitos usuários do Bitcoin possuem gastos expressivos com segurança e correm para criar cold-wallets (carteira em papel ou hardware), o que essencialmente significa que o revolucionário dinheiro da internet somente está seguro se estiver fora da internet.

Eu poderia escrever um livro com todas as falhas do Bitcoin e porque ele nunca vai dar certo. Ele teve seus 15 minutos de fama e agora todos foram embora. A comunidade está encolhendo e crescem as tentativas desesperadas de mostrar que está tudo bem.

Moedas precisam de efeitos de rede para se sustentar, se ninguém usa não existem razões para você usar e por esse motivo o efeito de rede do Bitcoin está acabando os preços estão destinados a continuar sua marcha para baixo. Esse foi o último ano que o Bitcoin foi tratado com seriedade. Se o Bitcoin vai desaparecer com um estrondo ou com um gemido eu não sei, mas o fim está próximo.

(fim)

Vamos ao meu comentário… A quem interessar possa, esse texto foi publicado em 5 de Fevereiro de 2015 após um 2014 muito difícil em que o Bitcoin caiu de mais de USD 1.200 para menos de USD 200 em 12 meses (se algo lhe parece familiar é porque é familiar).

Robert capitulou, desistiu do mercado para nunca mais voltar. Deixou na mesa ganhos entre 16 e 100x nos três anos seguintes. Não acreditou no médio prazo.

Da bolha pontocom surgiram Google, Facebook, Oracle e Amazon… Assim como foi na bolha da tecnologia é simplista dizer que tudo acabou para as Criptomoedas. Ao contrário do que o autor afirma nosso estilo de vida foi alterado sim pelo Google e Cia…

Da mineração vem uma das coisas mais belas do Bitcoin, capitalismo na essência. A dificuldade em se minerar um bloco se ajusta para mais e para menos equilibrando o sistema. Se uma parte dos mineradores desiste, a parte que sobra passa a ganhar mais, automaticamente, pelo mesmo serviço, estimulando a entrada de novos mineradores. Se tiver minerador demais, a dificuldade sobe e a concorrência resulta na busca de eficiência ou na desistência dos menos eficientes.

Os ciclos da Criptoeconomia tem se repetido e muito provavelmente se repetirão mais algumas vezes. Compre Criptomoeda hoje, e como me disse um grande amigo, daqui alguns anos vão dizer que você “teve sorte”.

Veja outros artigos

Mais uma melhoria na rede Ethereum 

Mais uma melhoria na rede Ethereum 

No último dia 13 de março aconteceu uma atualização bastante relevante na rede Ethereum – sim, mais uma atualização importante.  

Para quem acompanha o mundo das criptomoedas, em 2022 a rede Ethereum fez provavelmente a mudança mais radical no funcionamento de uma blockchain em operação já registrada. Na época, a expectativa era redução de custos e maior velocidade, o que de fato aconteceu. Mas para quem achou que após isso a rede entraria em um período de estabilidade, a realidade tem se mostrado bastante diferente: este mês tivemos a segunda grande atualização desde então.  

Dentre as novidades implementada, a mais importante se chama “proto-danksharding” e que, apesar do nome complicado, busca otimizar o armazenamento de dados.  

Para entender como essa alteração nos afeta, vamos lembrar que as aplicações que utilizam o Ethereum precisam salvar seus históricos de funcionamento periodicamente na própria rede Ethereum. Só assim estas aplicações conseguem garantir a segurança e confiabilidade oferecidas por este blockchain. 

Para realizar esse armazenamento, a informação precisava até então ser anexadas às transações, quase como as mensagens que podemos enviar junto com um pagamento no PIX. Também semelhante a uma mensagem do PIX que tem o limite 140 caracteres, no blockchain a quantidade de dados permitidas por transação é limitada. Então várias transações precisavam ser feitas para armazenar o conteúdo total, o que obviamente encarecia o serviço. 

Para evitar este custo extra, um novo sistema (“proto-danksharding”) foi proposto e recebeu esse nome esquisito em homenagem aos seus idealizadores “Protolambda and Dankrad Feist”. Nele, os dados podem ser armazenados em espaços próprios, e não mais somente nas transações. Estes espaços se chamam “blobs” e funcionam quase como um HD externo para o blockchain, ou seja, um local extra de armazenamento e com custo reduzido para arquivos muito grandes e que estavam incomodando no lugar antigo.  

Como essa é uma alteração mais técnica, espera-se que os maiores usuários sejam as aplicações mais populares do blockchain Ethereum, como Arbitrum, Optimism, and Polygon. No entanto, os benefícios devem sim se estender até os usuários finais. Estima-se que, mantida a demanda atual, possa-se reduzir o custo por transação em 3 a 4 centavos de dólar para os usuários desse apps.  

Por fim, essa não vai ser a última vez que vocês vão me encontrar escrevendo sobre as mudanças do Ethereum. O segundo maior blockchain em valor de mercado tem um extenso roteiro de atualizações previstas e que deve levar mais do que 10 anos para ser concretizado, ou seja, teremos mais vários textos explicativos pela frente.  

A Hora do Leão

A Hora do Leão

Mais um trimestre chegando ao fim, que venha o próximo trimestre!

Esse início de ano foi bastante movimentado no universo das Criptomoedas, desde as polêmicas “fakenews” que eram verdadeiras sobre a aprovação dos ETFs a vista nos Estados Unidos da América até sua efetiva aprovação. Os ETFs a vista de Bitcoin nos Estados Unidos vem sugando tudo que aparece como disponível no mercado e como consequência o Bitcoin atingiu novas máximas históricas superando os USD 70.000,00 ainda antes mesmo do halving (evento que acontece de 4 em 4 anos onde a recompensa pela mineração de Bitcoin é reduzida pela metade).

Considerando que grandes investidores institucionais, incluindo fundos de pensão, começam a manifestar oficialmente intenção de investirem em Bitcoin somado à constante redução das novas emissões de Bitcoin reforçam as expectativas de um potencial de valorização inimaginável. Some-se a isso a necessidade cada vez mais evidente de possuir ativos livres e incensuráveis em toda a parte do planeta e terá um gostinho do que pode estar por vir.

Governos, principalmente aqueles com viés populista e arrecadatório, também não querem ficar de fora da festa e no Brasil em especial já temos uma grande lambança se formando, entretanto ainda cheia de oportunidades do ponto de vista fiscal mesmo àqueles que reportam devidamente ao leão.

Em minha visão, quem não vive à margem da sociedade, deve declarar seus investimentos ao imposto de renda pois futuramente poderia ter dificuldades de explicar ao fisco a origem da sua riqueza.

Vou apresentar brevemente os mecanismos atualmente existentes no Brasil de reporte, controle e obrigações no que tange investimentos em Criptomoedas por pessoas físicas residentes fiscais no Brasil bem como indicar alternativas para algumas situações específicas, de acordo com as regras e interpretações vigentes no momento em que escrevo esse texto (tudo pode mudar…). Antes de começar apenas uma ressalva para evitar confusões, tudo que mencionarei se refere ao investimento direto em Criptomoedas e não se aplicam a investimentos indiretos através de fundos de investimentos ou ETFs, pois estes possuem regras próprias de declaração e fiscais.

Não existe no Brasil nenhuma classe de ativos para fins tributários específica para Criptoativos, sendo então aplicável a estes as regras gerais. Entretanto, a Receita Federal do Brasil vem ano a ano criando espaços e ampliando as informações requeridas para ter maior visibilidade e controle.

A regra geral fiscalmente falando em que os Criptoativos são enquadrados é a de bens de pequeno valor. Ou seja, fiscalmente falando comprar e vender um carro é equivalente a comprar e vender uma fração de Bitcoin. Nessa regra geral, vendas de até R$35.000,00 por mês são isentas de impostos independe do tamanho lucro. Se vender mais de R$35.000,00 de um mesmo ativo no mês deverá ser apurado no mês subsequente o lucro (diferença entre o preço de venda e o custo de aquisição) e sobre ele pagar o imposto através de uma DARF em alíquota progressiva, começando em 15% sobre o lucro.

Em 2018 a Receita Federal do Brasil publicou a instrução normativa 1888 que instituiu obrigações acessórias aos investidores de Criptoativos e empresas nacionais que atuam nesse mercado. Resumidamente, as empresas nacionais devem reportar mensalmente TODAS as transações com Criptomoedas de seus clientes e as pessoas físicas que negociarem mais de R$30.000,00 dentro de um mês, seja em Exchange no exterior ou de pessoa a pessoas, deveriam acessar o site da Receita e informar suas operações.

Em relação à declaração anual de ajuste do imposto de renda da pessoa física, primeiramente a receita orientou incluírem seus ativos na ficha de bens e direitos. Em 2023 referente a 2022 já criou um código para Criptoativos (grupo 8) e subcódigos para segregar entre Bitcoin, Altcoin, Stable coin e outros. Em 2024, referente a 2023, em evolução ao ano anterior a Receita ta pedindo um maior detalhamento em campos objetivos como CNPJ do custodiante, especificação do Criptoativo e se é nacional ou estrangeiro. Esse último ponto, principalmente em virtude da nova Lei que trata dos investimentos no exterior aprovada e sancionada no Brasil no final de 2023. Mais uma vez, Criptoativos entraram de gaiato e foram enquadrados nas regras de investimentos no exterior quando forem investimentos no exterior, coisa que na época ficou a critério da Receita Federal definir como seria essa classificação, normatização essa que veio apenas com o lançamento das instruções normativas para a declaração anual do imposto de renda de 2024 (referente a 2023).

A partir de 01/01/2024 passam a valer as novas regras de tributação diferenciando os Criptoativos se no Brasil ou no exterior. No Brasil seguem as regras gerais, no exterior passa a valer a alíquota de 15% sobre o lucro com apuração anual e sem limite para isenções.

LEMBRETE: Declarar é diferente de pagar imposto. A nova regra para investimentos no exterior não anula e nem modifica as obrigações acessórias da instrução normativa 1888.

A definição de se é nacional ou exterior é bastante simplificada, dizendo apenas que se os ativos forem negociados ou custodiados no exterior devem ser tratados como exterior. Entretanto não faz menção em relação a eventos de nacionalização e ou exportação desses ativos criando ainda mais confusão, pois as fronteiras não são muito bem definidas para esse tipo de ativo.

Sendo assim, parte-se de interpretações e as que mais tenho escutado definem que para declaração do evento (compra ou venda) utiliza-se a localidade onde foi realizada a operação, enquanto para custódia como na declaração anual de imposto de renda utiliza-se a nacionalidade da custódia naquele momento (se você é residente fiscal no Brasil, hardware wallets devem ser consideradas nacionais). Já para fins de tributação tem-se adotado uma vez que o fato gerador é na alienação, então esta ditaria se nacional ou não.

Para movimentações de até R$35.000,00 por mês evidentemente fica mais interessante utilizar-se das regras gerais nacional uma vez que é isento de impostos. Entretanto traders (aqueles que ficam comprando e vendendo) e investidores que movimentam muitos milhões passa a ser mais interessante ser tributado no exterior uma vez que a alíquota é fixa em 15% e não progressiva, a apuração é anual e permite compensação dos prejuízos (importante para traders).

Enfim, se você não quer dor de cabeça e quer minimizar obrigações acessórias e otimizar seus impostos eis a melhor alternativa:

  1. Compre nacional que isso eliminará a necessidade de seu reporte mensal individual para a receita federal (obrigação acessória da 1888);
  2. Se for alienar até R$35.000,00 dentro mês faça através de uma empresa nacional, pois isso não só zera seu imposto sobre esse lucro como não exige nenhuma burocracia adicional de reporte (não precisa gerar DARF);
  3. Se for alienar acima de R$35.000,00, uma única vez no ano realize pela nacional e pague sua DARF com 15% sobre o lucro; entretanto se for movimentar valores acima de R$35.000,00 em mais de um mês já compensa sair pela gringa, pois passa fazer a apuração anual com compensação de eventuais prejuízos (entretanto cada mês que movimentar acima de R$30.000,00 precisará reportar diretamente na receita federal devido a instrução normativa 1888).

Como fazer isso na prática? Invista com a HashInvest. Uma empresa nacional que elimina sua necessidade de se preocupar com obrigações acessórias e lhe permite aproveitar os benefícios da isenção nacional com a flexibilidade de resgate em Criptomoedas para que você possa alienar no exterior quando mais conveniente.

Os relatórios auxiliares para declaração de imposto de renda 2024 estão disponíveis na área logada já no novo padrão conforme o programa da Receita Federal.

Em busca de críticas coerentes

Em busca de críticas coerentes

Semana passada emergiram nas redes sociais discussões a respeito do porquê diabos os chamados “especialistas” evitam falar em Bitcoin, e quando resolvem fazê-lo, geralmente existe um viés negativo, ou o pior, groselhas absolutamente desconectadas da realidade.

Veio gente de todos os lados dar suas explicações…

Desde o mais amargurado Faria Limer dizendo que a seita de fanáticos insuportáveis impede o engajamento de quem vem das finanças tradicionais até o sujeito influente em sua base de seguidores falando besteiras que minha filha de 10 anos é capaz de desmentir.

Existem alguns fatos que precisam ser ditos.

Fato 1 – Bitcoin desmoraliza os especialistas do Leblon e da Faria Lima

Um bando de outsiders, muitos adolescentes com foto de anime em rede social e que moram no porão da casa dos pais jantando o desempenho dos estrelados gestores é de fato pouco palatável aos dinossauros da indústria.

É perfeitamente compreensível quando o novo atropela o velho, que o velho desdenhe, lute pela manutenção do status-quo e acredite do fundo do coração que o problema irá se resolver sozinho…

Foi assim com a eletricidade, foi assim com o e-mail, foi assim com o uber, com o ecommerce e com certeza, ainda será assim com o Bitcoin por mais alguns anos.

Além de desmoralizados, aqueles que focam em ativos ilíquidos e irrelevantes (como a minúscula e pouquíssimo representativa bolsa brasileira perante os negócios globais é) estão obsoletos.

A bolsa brasileira male-mal tem a mesma capitalização de mercado do Ethereum, e vem definhando seu valor em USD desde seu pico em 2011. Na contramão, os criptoativos estão ganhando terreno, crescendo em representatividade e liquidez, aliás, líquidos em qualquer parte do globo.

Mas a turma que faz a alegria das concessionarias de carros de luxo nos arredores da Hélio Pelegrino em São Paulo vai se dar por contente por serem atropelados pela tecnologia?

Não, motoristas de taxi são revoltados, datilógrafos são revoltados e pode ter certeza que o sindicato dos acendedores de lampiões não ficou nem um pouco feliz com a lâmpada, maldito Edison!!!

Fato 2 – A arrogância da seita dos maximalistas é um reflexo perfeito da forma como eles foram e são tratados

A lei mais básica da existência é a da causa e consequência. Sou antigo o suficiente nesse mercado para ter presenciado o nascimento dos chamados “Maximalistas tóxicos”.

Um “maximalista tóxico” é uma espécie de petista radical do Bitcoin. Não existe muito diálogo com esse tipo.

Esse tipo, de fato insuportável, de defensor do Bitcoin foi gerado pelo desdém e pela insistência dos especialistas das finanças tradicionais em rotular o Bitcoin de bolha, de coisa passageira, de moedinha mágica da internet.

Quanto mais batiam, mais revolta, mais energia se acumulava em quem estava do outro lado, culminando com o nascimento de um exército altamente engajado.

De um lado os Faria Limers precisam manter imagem, pompa e circunstância. Do outro lado os “maximalistas tóxicos” são desbocados, espontâneos e não possuem nenhum rabo preso com passado, com taxas de administração e muito menos com desempenho, o que os dá uma vantagem extremamente competitiva no debate, principalmente na era das redes sociais.

O fato é que para equilibrar a arrogância extrema da Faria Lima (no mundo inteiro isso acontece, com Wall St) por exemplo, o maximalismo surge, com a mesma intensidade, para manter a balança nivelada.

Fato 3 – As críticas da Faria Lima são MUITO, mas MUITO, mas MUITO ruins mesmo

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Aí eu fico na dúvida. Os caras são realmente pouco inteligentes (no geral, sempre há exceções) ou se fazem de idiotas intencionalmente apenas quando o assunto é Bitcoin?

Afirmar que o Bitcoin não tem liquidez, que a quantidade de moedas poderá ser alterada, que Satoshi voltará e modificará o código, que por ter 8 casas decimais não é escasso, que a mineração de Bitcoin vai ferver os oceanos…

É tanta desinformação que o Rei está nu. Eu não deixaria um único centavo meu para ser gerido por esses caras devido a aparente limitação intelectual. Paradoxalmente, esses caras que andam de ternos Armani, Rolex no pulso e andam com suas Ferraris se provam apenas astutos ao passo não se provam inteligentes.

Fazer uma idiotice como a do Parlamento Europeu de tentar proibir auto custódia para evitar evasão de divisas é o mesmo que querer banir a lei da gravidade porque pessoas morrem caindo. Em última análise, uma carteira de auto custódia é uma sequência de 12 palavras e o Parlamento Europeu quer, literalmente, tornar ilegal que pessoas decorem sequencias de 12 palavras.

Fato 4 – O Bitcoin não se importa

Discovering Your Inner Honey Badger | ROBINSON SEWELL

Um bloco será minerado na média a cada 10 minutos, independente da vontade do redator que vos escreve, de um Faria Limer ou de um maximalista tóxico, toda essa discussão é altamente irrelevante.

O que importa é o fato de termos pela 1ª vez na história algo que não pode ser censurado mesmo que se deseje censurar e esse é o motivo do pânico.

Para quem tem viés autoritário, como por exemplo, a 1ª ministra da Islândia, Bitcoin é um grande problema mundial (como ela disse em 24/03.

Para quem ama a liberdade, Bitcoin é uma solução e o fato é que o Bitcoin está lá, vai estar daqui 10 anos e pouco pode ser feito, reclamar, denegrir ou falar asneiras pouco fundamentadas vai ofender aos maximalistas, mas em nada vai afetar o protocolo.

Fato 5 – Aceite Darwin

BlackRock e Fidelity já entenderam. Se não pode vencê-los, junta-se a eles.

Faria Limers são mais retrógrados que Wall Street, mas invariavelmente acabam por copiar o que o Tio Sam faz com sua base de tempo preguiçosa de quem se cansa em pensar ao invés de agir.

Quem não evoluir vai ficar pelo caminho, e aviso aos coleguinhas maximalistas que, a turma da Faria Lima vai chegar e não haverá nada que você possa fazer para impedir, o ponto 4 vale para vocês também.

Fato 6 – O Bitcoin é um fato!

Se dependêssemos do pensamento Faria Limer padrão ainda moraríamos em cavernas, no máximo andaríamos de charretes…

Sabemos que a humanidade é sublime e vence. Daqui há poucas décadas, todo o esforço para tentar impedir essa revolução terá sido em vão.

Aja de acordo!