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Blog da HashInvest

A morte do Bitcoin

Postado em 07/01/2019

Nome do Autor luis

Peço antecipadamente desculpas pelo tamanho do artigo de hoje, mas se você investe em Criptomoedas e está com o estômago embrulhado e desiludido com os últimos acontecimentos, esse texto é para você.

O texto a seguir é uma tradução livre do blog escrito por Robert Nielsen. Ao final, retorno com meu breve comentário. Recomendo fortemente a leitura de “A morte do Bitcoin”.

Nos últimos dois anos estive seguindo a estrada acidentada do Bitcoin, desde que ele emergiu como a promessa de uma revolução e grande mudança até colapsar na neblina da fraude e falta de princípios econômicos. Depois de perder 85% de seu valor nos últimos doze meses, o Bitcoin finalmente chegou ao fim da linha? Existe alguma chance de recuperação ou ele está destinado a simplesmente sair de cena?

Algumas pessoas afirmam que o preço do Bitcoin não é importante. Essas pessoas não fazem a menor ideia do que estão falando ou estão tentando minimizar os danos. O preço é extremamente importante. A razão é simples, o Bitcoin não possui uma economia própria.

Por exemplo, eu não sou diretamente afetado pela taxa de câmbio do Euro porque recebo meu salário em Euro, pago meu aluguel, conta de luz, comida e tudo mais em Euro. Então se o Euro cai 10% contra o Dólar, isso não me afeta diretamente porque eu não preciso de dólares (eu sei que isso tem um pequeno efeito indireto sob o ponto de vista de trocas comerciais em uma visão ampla da economia, mas vamos deixar esse ponto de lado). Em comparação veja que quase ninguém é pago em Bitcoin e é muito difícil poder pagar aluguel, luz e etc em Bitcoin.

Toda vez que é preciso gastar é necessário fazer o câmbio de Bitcoin por moedas escriturais. Desse modo, toda vez que o preço cai você precisa pagar relativamente mais pela sua luz, aluguel e etc.

Os fãs do Bitcoin adoram apontar o site Bitcoin Obituaries” para mostrar a resiliência da Criptomoeda. “Olhe, todas as vezes que afirmaram que o Bitcoin morreu, veja como estavam errados!”. Se você olhar o site cuidadosamente você verá que apenas poucos artigos realmente afirmam que o Bitcoin está morto, e que normalmente falam que ele “está morrendo” (e de fato está) ou que ele nunca terá adoção em massa ou será amplamente utilizado (e de fato não será).

Muito melhor é olhar a compilação ultrajante de artigos proclamando novos recordes de preço em breve e o colapso hiperinflacionário das moedas escriturais.

Os fãs do Bitcoin gostam de apontar o número de comerciantes que usam o Bitcoin e de dizer que a infraestrutura é robusta (até mesmo gostam de citar políticos durante a crise financeira alegando que “os fundamentos são sólidos”).

São frequentes as postagens de negócios que estão começando a aceitar o Bitcoin, porém, mesmo nos sites a favor do Bitcoin, existem pouquíssimos relatos de pessoas que de fato usam a Criptomoeda para comprar coisas.

Enquanto são noticiados quantos novos lugares passaram a aceitar o Bitcoin, quase não se tem notícia de quantos continuam aceitando ou de quantos clientes realmente compram com Bitcoin.

Veja que a maioria dos comerciantes converte automaticamente seus Bitcoin em dinheiro, fazendo a aceitação do Bitcoin completamente inútil. Aceitar a Criptomoeda é mais uma peça barata de publicidade pontual do que um elemento do negócio.

Fãs do Bitcoin amam comparar sua tecnologia com a da Internet, embora existam muitos problemas com isso. O primeiro deles é comparar maçãs com laranjas, misturando a tecnologia em si com um caso de uso dela. O Bitcoin possui mais em comum com uma empresa de Internet do que com toda a tecnologia por trás da internet.

Fãs do Bitcoin parecem ter esquecido (ou são muito jovens para lembrar) que durante os anos 90 houve uma expressiva bolha nas empresas de tecnologia, cercadas de promessas milagrosas de mudança radical na forma como vivemos e tudo terminou em absolutamente nada (eu vou deixar o paralelo com o Bitcoin para vocês desenharem). O fato de a internet ser uma tecnologia revolucionária simplesmente não impediu várias empresas de colapsarem.

A maior diferença entre a internet e o Bitcoin é que a internet oferece uma vantagem que ninguém mais pode oferecer. Você pode enviar e receber informação de forma livre ao redor do mundo. As vantagens do e-mail sobre os correios convencionais são evidentes e muito grandes.

A vantagem do Bitcoin não é clara. Se eu quero comprar algo online, eu já tenho a disposição cartões de crédito e débito ou o PayPal. Se eu quero enviar dinheiro, posso fazer através do sistema bancário. A tecnologia já está aí, a única coisa que o Bitcoin tenta fazer é substituir as tarifas bancárias pelas tarifas das exchanges.

Fãs do Bitcoin estão ficando desesperados para defender sua moeda. Alguns dizem que, apesar do colapso, o preço hoje é maior do que era a dois anos atrás.

É óbvio que é, há dois anos ninguém tinha ouvido falar da Criptomoeda e a coisas estavam começando a se espalhar. É assim com todas as startups, surgem do nada e registram um enorme crescimento no início. Por exemplo, eu vou criar minha própria moeda e convencer meu amigo a usá-la e isso representa 100% de crescimento, o que é um número impressionante para eu mostrar ao mundo.

Depois de anos de crescimento infinito o Bitcoin me faz lembrar os políticos dizendo que a crise de 2008 não foi tão ruim assim porque a economia voltou apenas para os níveis de 2003.

Alguns alegam que uma das vantagens do Bitcoin é ser barato, o que não é verdade, o Bitcoin é altamente subsidiado. As transações de Bitcoin só são realizadas depois de confirmadas pelos mineradores. Os mineradores não fazem esse trabalho por caridade, mas porque recebem Bitcoin em troca.

Esse sistema vai funcionar enquanto o preço do Bitcoin estiver alto, pois quando o preço do Bitcoin cair muito, a mineração se tornará inviável e os mineradores passarão a exigir taxas de transação mais altas forçando os usuários a pagar ou então eles desligarão os mineradores. De um modo ou de outro implica custos mais altos ou em serviço mais lento.

A mineração de Bitcoin é um problema em si. Para criar/minerar Bitcoin são necessários computadores especiais com alto poder de processamento. Por razões de escala, esses computadores estão concentrados nas mãos de poucos que frequentemente ameaçam controlar todo o sistema. Para não ficar muito complicado, explico que se 51% do poder de mineração do Bitcoin estiver nas mãos de um único grupo, ele pode efetivamente destruir o Bitcoin.

Outro problema da mineração são os custos, além dos equipamentos, da eletricidade. Se o preço do Bitcoin cair aquém do custo de mineração não será economicamente viável continuar a mineração. Se os mineradores pararem as transações não serão mais processadas. Os preços decrescentes do Bitcoin podem levar os mineradores para a espiral da morte, onde mineradores param porque os preços estão muito baixos, as transações não serão processadas fazendo com que as pessoas abandonem o Bitcoin, levando os preços ainda mais para baixo.

Uma das coisas mais ridículas e inexplicáveis na comunidade do Bitcoin é a ideia de que algum dia o Bitcoin será utilizado por bilhões de pessoas, em especial no terceiro mundo onde não há acesso ao sistema bancário. A ideia de que pessoas extremamente pobres com acesso limitado às necessidades básicas terão acesso à tecnologia e serão aptas a usá-la é risível. É uma ilusão acreditar que o Bitcoin será salvo por pessoas sem acesso à água corrente. As pessoas do terceiro mundo têm preocupações maiores que um sistema de dinheiro eletrônico descentralizado.

Muitos fãs do Bitcoin tem a infeliz ideia que o Bitcoin de algum modo desafia o sistema bancário tradicional. Talvez, essas pessoas não sejam familiarizadas com o funcionamento do sistema bancário, porque mesmo que todos utilizassem o Bitcoin, ainda seria necessário crédito e poupança. Remessas internacionais são uma pequena fração do negócio e mesmo que os bancos percam esse nicho, eles não iriam à falência.

A crise de 2008 seria muito pior se o Bitcoin fosse a moeda mundial e não o Dólar. A bolha imobiliária teria ocorrido da mesma forma, bancos teriam sido igualmente gananciosos e salvá-los seria igualmente necessário. Com certeza o sistema bancário precisa de reformas, mas não é o Bitcoin que irá promovê-las.

Um dos sinais de que o Bitcoin está morrendo é que ninguém usa a moeda. Registros mostram que uma parcela insignificante dos Bitcoin é utilizada de forma diária ou semanal. Meros 10% são utilizados dentro de um mês e mais de 70% não são movimentados há mais de seis meses. Uma moeda que ninguém usa está destinada ao fracasso. Vejam na história, ele nunca atendeu aos critérios básicos de uma moeda e é meramente um investimento especulativo (fique rico rapidamente).

Alguns afirmam que o Bitcoin não importa e que o que realmente importa é o Blockchain. Aparentemente é um novo sistema de registro que mudará o mundo. Talvez contadores estejam empolgados com as possibilidades, mas o publico em geral não está nem aí.

Porque uma empresa gostaria de ver todo seu histórico de registros em uma plataforma pública quando a informação é particular? Afirmar que o blockchain é revolucionário mostra desespero, é como ver um homem se afogando e jogar canudinhos para ele. O Bitcoin está afundando e não será o blockchain que irá salvá-lo.

Outro argumento comum é que o Bitcoin protege contra a inflação ou como proteção contra os malvados bancos centrais que roubam o seu patrimônio através da impressão de dinheiro.

O argumento comum entre libertários e economistas austríacos foi adotado pelos fãs do Bitcoin a partir de 2009 e principalmente com o Quantitative Easing (estratégia de salvamento da economia utilizada pelo banco central americano a partir da crise de 2008) mas perdeu totalmente sua credibilidade. O tal tsunami hiperinflacionário que supostamente destruiria o dólar nunca veio, pelo contrário, a inflação está sob controle como sempre esteve nos últimos 30 anos, que faz dos profetas do apocalipse apenas tolos.

O Bitcoin é essencialmente uma aposta que as moedas (em especial o Dólar) sofreriam com a inflação, se não uma hiperinflação. Como experimento econômico foi interessante, mas o veredito é claro, ele falhou.

A ausência de controle sobre o suprimento de Bitcoin se tornou uma fraqueza e não uma força. A demanda por Bitcoin caiu drasticamente e teria sido necessário congelar ou estabilizar a emissão. Pelo contrário, a emissão continuou e aumentar a oferta em um mercado sem demanda amplifica o problema. A ironia das ironias, o Bitcoin, desenhado por pessoas que desprezam a habilidade de bancos centrais em imprimir dinheiro será morto pelo excesso de emissão de Bitcoin. Ao menos fica uma lição do quão importante é deixar a política monetária a cargo dos bancos centrais para ajustar a emissão de acordo com as necessidades da economia.

Tudo isso sem falar nas fraudes e roubos na comunidade do Bitcoin. “Seja seu próprio banco” foi de slogan para uma advertência contra o roubo, se você não quer ser assaltado, é necessário que você esteja seguro como um banco. Muitos usuários do Bitcoin possuem gastos expressivos com segurança e correm para criar cold-wallets (carteira em papel ou hardware), o que essencialmente significa que o revolucionário dinheiro da internet somente está seguro se estiver fora da internet.

Eu poderia escrever um livro com todas as falhas do Bitcoin e porque ele nunca vai dar certo. Ele teve seus 15 minutos de fama e agora todos foram embora. A comunidade está encolhendo e crescem as tentativas desesperadas de mostrar que está tudo bem.

Moedas precisam de efeitos de rede para se sustentar, se ninguém usa não existem razões para você usar e por esse motivo o efeito de rede do Bitcoin está acabando os preços estão destinados a continuar sua marcha para baixo. Esse foi o último ano que o Bitcoin foi tratado com seriedade. Se o Bitcoin vai desaparecer com um estrondo ou com um gemido eu não sei, mas o fim está próximo.

(fim)

Vamos ao meu comentário… A quem interessar possa, esse texto foi publicado em 5 de Fevereiro de 2015 após um 2014 muito difícil em que o Bitcoin caiu de mais de USD 1.200 para menos de USD 200 em 12 meses (se algo lhe parece familiar é porque é familiar).

Robert capitulou, desistiu do mercado para nunca mais voltar. Deixou na mesa ganhos entre 16 e 100x nos três anos seguintes. Não acreditou no médio prazo.

Da bolha pontocom surgiram Google, Facebook, Oracle e Amazon… Assim como foi na bolha da tecnologia é simplista dizer que tudo acabou para as Criptomoedas. Ao contrário do que o autor afirma nosso estilo de vida foi alterado sim pelo Google e Cia…

Da mineração vem uma das coisas mais belas do Bitcoin, capitalismo na essência. A dificuldade em se minerar um bloco se ajusta para mais e para menos equilibrando o sistema. Se uma parte dos mineradores desiste, a parte que sobra passa a ganhar mais, automaticamente, pelo mesmo serviço, estimulando a entrada de novos mineradores. Se tiver minerador demais, a dificuldade sobe e a concorrência resulta na busca de eficiência ou na desistência dos menos eficientes.

Os ciclos da Criptoeconomia tem se repetido e muito provavelmente se repetirão mais algumas vezes. Compre Criptomoeda hoje, e como me disse um grande amigo, daqui alguns anos vão dizer que você “teve sorte”.

Veja outros artigos

Memecoins: a piada que chegou à presidência dos EUA 

Memecoins: a piada que chegou à presidência

Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, há uma grande expectativa de políticas mais favoráveis do governo americano em relação às criptomoedas (escrevo esse texto antes da posse). No entanto, a única certeza que temos até o momento é o lançamento das meme coins, TRUMP e MELANIA, pelos respetivos homenageados (presidente e primeira-dama). Juntas, essas duas meme coins já chegaram a valer mais de USD 14 bilhões.  

Uma meme coin é uma criptomoeda baseada em memes ou piadas da internet. Geralmente, elas são criadas como uma forma de humor ou sátira, mas algumas acabam ganhando valor significativo impulsionadas principalmente pela comunidade e pelo hype nas redes sociais. Outras celebridades como Elon Musk, Caitlyn Jenner, Iggy Azalea também resolveram lucrar dessa forma.  

Além da possibilidade de ganhos significativos, hoje é muito fácil do ponto de vista técnico criar uma moeda digital. Inclusive, já existem sites como Pump.fun  e Token Tool, que tornam esse processo simples como preencher um formulário online. Contudo, se o processo de criação é rápido, paga-se para que uma nova moeda seja listada por sites e exchanges. O lançamento “sério” de uma moeda custa entre USD 5.000 e USD 50.000. 

Por ser tão fácil e o investimento baixo, segundo agregadores, todos os dias entre 40.000 e 50.000 novos tokens de criptomoedas são criados. Durante períodos de hype, esse número pode chegar a 100.000. No entanto, muitas dessas iniciativas têm poucas horas de vida. 

Obviamente que nem tudo são flores, especialmente para projetos que não tem o homem mais poderoso do mundo e nem o mais rico como garotos propaganda. Ainda segundo a plataforma DREX, a maioria dos projetos de meme coin (89%) tem um valor de mercado entre 0 e $USD 1,000. Apenas 5% das meme coins tinham um valor de mercado acima de $10 milhões em março de 2024. 

Além disso, a volatilidade dos preços das meme coins é um dos aspectos mais marcantes desse segmento. Essas moedas podem experimentar oscilações extremas de valor em curtos períodos. Eventos como tweets de celebridades e notícias de parcerias podem causar aumentos repentinos nos preços. Da mesma forma, quedas igualmente rápidas acontecem quando o interesse diminui ou surgem preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos. 

Por exemplo, o preço do Dogecoin ($DOGE) viu um aumento meteórico após uma série de tweets de Elon Musk, apenas para experimentar quedas substanciais quando o entusiasmo inicial esfriou. O que parece estar acontecendo com as moedas TRUMP e MELANIA.  

Por isso, a não ser que você compre uma meme coin por brincadeira ou piada, é muito difícil que acerte o momento certo de entrar nesse “investimento”. Você terá que acertar qual, dentre os milhares de projetos, será colocado em destaque por uma celebridade de alcance global. 

2025 já está voando

2025 já está voando

Parece que foi ontem que o ano de 2024 terminou. 2025 era esperado com muitas expectativas…

E não decepcionou… 2025 começou bastante animado e já vamos completando o primeiro mês do ano. 1/12 do ano já se foi…

Em janeiro todos os olhos do mundo econômico se voltaram ao tio Sam. Donald Trump assumiu a cadeira mais importante da maior potência econômica e militar do planeta num estilo bem caricato e pistola. Assinou pilhas de decretos de todos os tipos, assuntos e gostos… se pautou no auge da arrogância já conhecida e nada diferente daqueles que o elegeram esperava. Não vou me atrever a analisar seus decretos, veracidades, pontos positivos e nem negativos. Vou me ater ao fato do Bitcoin e demais ativos virtuais terem passado em branco no dia 1 do novo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Entretanto, movimentos de substituição na presidência da SEC (equivalente à CVM nos EUA) e a criação de uma comissão para o desenvolvimento de uma regulação pró-Bitcoin e cia foi suficiente para alavancar as cotações para novos ATH. Já na semana seguinte uma startup chinesa, DataSeek, chacoalhou o mercadoi de ações norte-americano. Em especial a Nvidia e outras bigtechs derreteram. Nenhuma relação direta com o Bitcoin, mas o efeito colateral dos mercados como um todo derrubaram o Bitcoin para baixo dos 100 mil dólares outra vez. Para a tristeza dos haters, rapidamente o Bitcoin se recuperou e voltou a ser transacionado acima dos 100 mil dólares.

Toda essa novela se passou em menos de 30 dias e certamente teremos muito mais nos próximos 11 meses. Essa emoção toda certamente será convertida em volatilidade e na média as expectativas são animadoras. Importante salientar que todos esse movimentos e ruídos são apenas catalizadores de preço de curto a médio prazo. Quando pensamos no protocolo matemático, esses ruídos têm interferência zero no Bitcoin. Preços subindo ou preços caindo o Bitcoin seguirá com sua escassez e sua descentralização. Os fundamentos que levam ao real valor do Bitcoin são justamente a sua escassez e sua descentralização.

Descentralização confere segurança e soberania ao indivíduo enquanto a escassez por protocolo matemático (descentralizado) reverte parte de seu valor em preço. Quanto maior for a demanda por algo escasso maior será seu preço. Quanto maior for o preço de um ativo seguro pelo qual cada indivíduo tem a soberania sobre ele tem um valor incalculável nos dias atuais. Justamente essa frase “nos dias atuais” que faz a procura por Bitcoin aumentar gradativamente retroalimentando esse círculo virtuoso.

No início era coisa de nerd, hoje já superamos o ciclo dos indivíduos e estamos ganhando velocidade no ciclo dos institucionais e talvez entrando simultaneamente no ciclo dos países. E nisso o catalizador que comentei lá no início ganha relevância pois pode acelerar a adoção de empresas e países para constituírem suas reservas em Bitcoin. Enquanto ruídos pontuais como “DataSeek” em nada interferem nesse processo de adoção ou no protocolo do Bitcoin, ou seja, zero influência nos fundamentos.

Enquanto governos e países forem controladores, intervencionistas e gastadores a tendência é de valorização do Bitcoin em relação às moedas fiduciárias (reais, dólares e etc…). Elimine os ruídos e foque nos fundamentos e seja feliz! Que venha o futuro.

O cenário mais provável para o Brasil

O cenário mais provável para o Brasil

Abrimos a segunda metade do atual governo com perspectivas excelentes para quem vive no padrão Bitcoin e perspectivas não tão excelente para quem vive no padrão de Real brasileiro.

Se no dia 7 de janeiro o governo faz propaganda que o déficit primário (leia a newsletter 149 sobre esse tema onde explico que déficit primário em si já é um número mentiroso e pouco útil) de “apenas” 0,1% do PIB, no dia 27 o pesquisador do Insper, Marcos Mendes detalha que ele na verdade foi 9 (NOVE) vezes maior que o divulgado (basta uma breve pesquisa no Google para você ler inúmeras reportagens sobre o tema).

Mas não é só Haddad que está maquiando dados, o IBGE capitaneado pelo autodenominado “comunista” Márcio Pochmann tem sido alvo de um motim, em que altos diretores da instituição protestam e reclamam pela falta de autonomia e uso político da instituição, se dividindo entre carta de repúdio e chegando ao extremo do pedido de exoneração.

O IBGE jura que a inflação de 2024 fechou abaixo de 5%. Nessa altura do campeonato, imagino que você já tenha verificado perante a sua realidade que a inflação real é algo entre 3 a 4 vezes isso.

O mesmo IBGE divulga desemprego nas mínimas, porém esquece de combinar com os russos, que divulgam gastos com seguro-desemprego nas máximas e crescentes.

Junte a esse caldeirão a recente pesquisa de popularidade do governo, no dia 27 de janeiro, em que pela primeira vez o governo é mais mal avaliado do que bem avaliado e apertem os cintos.

Popularidade em baixa encarece a barganha com nosso congresso corrupto, torna os favores dos deputados mais caros e favorece a gastança com viés populista para tentar reverter as questões.

Não se iluda com o refresco proporcionado pelo USD caindo de 6.20 para 5.80, ele tem nome e sobrenome. O nome chama Donald Trump, onde o refresco do USD acontece em meio a acomodação da chegada do novo governo americano e o sobrenome é recesso parlamentar, dando uma trégua ao noticiário fiscal por assim dizer.

Nossa perspectiva local é ruim, muito ruim… Terrível para ser sincero.

Recapitulando, temos na equação um governo corrupto negociando junto a um congresso corrupto, um ministro da fazenda inapto e incapaz, um instituto de estatística corrupto e mentiroso em um cenário pré-eleitoral com a popularidade de um presidente decrescente junto com um tesouro nacional sem ter de onde tirar dinheiro.

Você não precisa ser gênio para avaliar que a situação não é das melhores.

A recente crise do PIX mostrou que o governo não tem mais folego político, forças políticas e apoio popular para aumentar me criar mais impostos, o que perante ao mercado aliviaria a situação dando um espaço teatral aos infindáveis gastos.

Descartando o aumento e criação de impostos no passo necessário para atender ao apetite do feudo por mais dinheiro, restam duas alternativas sobre a mesa.

A alternativa 1 é austeridade, a redução do estado, como por exemplo um grande e significativo corte de privilégios de castas como a do judiciário e dos militares, e uma grande otimização da máquina pública e seus recursos, uma redução de impostos para quem produz e a redução de incentivos ao nada fazer proporcionada através de dinheiro grátis.

A alternativa 2 é imprimir dinheiro, aumentar as regalias dos senhores feudais do alto funcionalismo e expandir o UBI (Universal Basic Income – o auxílio Brasil por exemplo) e assim garantir base de apoio e consequentes votos para 2026.

Explorando um pouco mais a alterativa 2, já são mais de 56 milhões de brasileiros atendidos pelos programas sociais, dos quais são estimados que 42 milhões são eleitores. Some esse número aos 12 milhões de funcionários públicos Federais e a base de eleitores para perpetuar o atual governo parte de 54 milhões de votos, independente do caos.

Lembre-se que a classe média é uma câmara de eco, em que ela prega e protesta com ela mesma. Ela é numericamente inferior, não tem voz perante os senhores feudais. Na prática, além de cômodo, o grande incentivo do governo é arroxar e tirar dinheiro da classe média para expandir regalias do feudo e distribuir dinheiro grátis via UBI. Perde-se um voto em detrimento ao ganho de vários.

A alternativa 1 nos tiraria lentamente do buraco.

A alternativa 2 caminha pelos trilhos da Argentina de Cristina e Alberto Fernandez.

Se você acredita que o governo brasileiro irá optar pela alternativa 1, Tesouro Direto e ações na B3 fazem perfeito sentido.

Se você tende a acreditar que a alternativa 2 é mais provável, a janela para que você tenha Bitcoin está ficando estreita. Nesse cenário, Bitcoin a 20 mil, 40 mil ou 200 mil dólares fará pouca diferença quando comparada a destruição potencial de patrimônio que se desenha até as próximas eleições.

O cenário mais provável para o Brasil, você decide!