Trabalhar com ativos de preço variável é um desafio tremendo e não há como tentar dar alguma luz para nossos clientes sem me submeter ao desconfortável fato que todas as previsões, seja qual o modelo que eu opte por utilizar, estarão erradas.
Até hoje, como humanidade, inventamos dois modos para tentar prever o comportamento do preço de determinado ativo no mercado, sejam eles ações, bitcoin ou etc, não interessa o ativo os métodos são os mesmos.
No final do dia se resumem a dois tipos de análise, que o mercado batizou de “análise técnica” e “análise fundamentalista” e hoje vou falar brevemente sobre os métodos e minha opinião sobre cada um.
A análise técnica consiste em encontrar padrões de comportamento no preço e volume de negociação de um ativo. Em tese a ideia da coisa é imaginar que a sequência futura será uma repetição do passado baseado nos padrões anteriormente observados.
A figura que abre o artigo ilustra meu pensamento sobre a análise técnica, é literalmente como dirigir um carro olhando pelo espelho retrovisor. Você olha a estrada que acabou de passar e baseado no que você está vendo você decide se a curva é para a direta, para a esquerda, se vai reto e principalmente, se é hora de acelerar ou frear para não encher a traseira do caminhão.
Não funciona! Fim! Por favor, não se iluda com o fato de existirem toneladas de analistas gráficos postando coisas todos os dias.
É claro que os tais suportes e resistências se desenham sim, números psicológicos (em especial os redondos) tem poderes sobre o mercado, mas a previsibilidade oferecida pelos mais 1000 padrões já documentados é a mesma que o horóscopo (talvez o horóscopo acerte um pouco mais, afinal, são apenas 12 signos).
Argumento final para xeque-mate: Se análise técnica funcionasse, qualquer programador medíocre enfiava a tabela de padrões e indicadores no software e não haveria mais pobreza no mundo.
A turma esquece que trade (compra e venda de ativos) é um jogo de soma zero. Só existe a venda se houver um comprador e só existe a compra se houver um vendedor… Então, se o seu algoritmo mágico está mandando você vender porque o preço vai cair, é porque o algoritmo mágico do vizinho mandou comprar porque o preço vai subir… Rá
O que mais irrita na análise técnica é quando o cara acerta… É insuportável… O sujeito esquece 5000 asneiras que falou para papagaiar seus 2 acertos seguidos pelo resto da vida, naquele call óbvio do ombro cabeça ombro que “só ele viu”… Como diz Peter Brandt (um dos pouquíssimos analistas técnicos que devemos parcialmente respeitar), até um relógio quebrado acerta a hora duas vezes por dia.
Enfim, o que estou falando aqui para você é um atalho, de extremo valor, porque admito que gastei preciosos meses da minha vida tentando programar negociação automatizada de Forex. Ao olhar os gráficos e gastar (jogar no lixo) inúmeras horas em fóruns, lendo livros sobre a análise técnica e achar que tinha uma mínima lógica, cheguei a conclusão mais óbvia do planeta… Que não é possível prever o futuro e acertar consistentemente baseado em padrões do passado.
Ainda acredito na negociação automatizada, mas os critérios são outros e não é o assunto de hoje. Não é a toa que geralmente os “especialistas em análise técnica” ficam ricos vendendo cursos de análise técnica, e não operando no mercado.
O outro método de prever o futuro, que também erra bastante mas que aumenta muito sua chance de acerto é a análise fundamentalista. Esse tipo de futurologia é baseado em analisar o panorama da coisa e tentar prever se o futuro será ou não promissor.
Vamos criar um exemplo hipotético, vamos supor que precisamos decidir se compramos ou não ações de uma nova equipe de F1. Se acertamos fazemos muito dinheiro… se errarmos perdemos dinheiro.
Vamos começar a nossa análise fundamentalista: A nova equipe vai usar motores Mercedes, contratou Adrian Newey para projetar o carro, tem o patrocínio master da Apple (grana não vai faltar) trouxe Alonso e Hamilton como pilotos, Nic Lauda e Ross Brawn como diretores para treinar o time.
O que vai acontecer? Ninguém sabe ao certo, mas temos elementos para dar um bom palpite. Aos meus olhos, sob a análise dos fundamentos, podemos acreditar que, muito provavelmente, o empreendimento tem maiores chances de ser bem-sucedido e que existem mais motivos para comprar a ação da nova equipe do que para não comprar.
Aos olhos de outro analista fundamentalista a história pode ser diferente, o que eu interpretei como força (motores mais modernos da temporada atual, nomes de peso e patrocínio forte) pode ser visto como fraqueza… “A nova equipe já começa velha, presa ao status-quo e não terá chances quando se confrontar com as equipes jovens e inovadoras na próxima temporada, logo, recomenda-se manter distância dessa ação da nova equipe”.
Quem estará certo? Não sabemos… Mas a decisão foi tomada com base nos elementos e informações disponíveis hoje.
Enfim, o exemplo serve para ilustrar o método. Enquanto analistas técnicos olham os astros, búzios, borra de café e principalmente, para o retrovisor, os analistas fundamentalistas buscam evidências no contexto geral e apostam no cenário de maior probabilidade com a informação que está disponível.
Vencida a teoria, quero dividir alguns fundamentos que vejo nas Criptomoedas componentes do HASH5.
Bitcoin
O Bitcoin é incrível e três fundamentos principais sustentam seu potencial de valorização. Incensurabilidade (reserva de valor não confiscável), sua distribuição e capilaridade com seus mais de 13.000 nós ao redor do planeta são uma fortaleza que o torna praticamente indestrutível. Finalmente, o poder da marca. Bitcoin se tornou sinônimo de Criptomoeda e será por muitos anos a porta de entrada ao mundo da moeda digital, assim como vai continuar a ser o grande ponto focal da mídia.
XRP (Ripple)
O polêmico Ripple tem sua força no que seria o ponto fraco no caso do Bitcoin. Ao contrário do Bitcoin, que não tem “dono” e isso ajudou em muito ele a tomar a dimensão que tem, o XRP é mantido e patrocinado por uma empresa privada, a Ripple. Se por um lado isso o torna alvo para processos e questionamentos, por outro ajuda muito, pois é uma empresa organizada, com uma brilhante equipe de engenharia que coordena o desenvolvimento e principalmente, tem profissionais que promovem o seu uso em aplicações comerciais de padrão bancário. Seu potencial é imenso e caso eles consigam executar seus planos, o XRP pode valorizar muito (e até o momento, estão conseguindo, não na velocidade que os especuladores querem, só que mais rápido do poderia ser imaginado).
ETH (Ethereum)
A mãe das plataformas para smartcontracts está sofrendo o revés das ICOs que prometeram e não entregaram… Mesmo assim o Ethereum tem um potencial incrível. Processamento de dados em códigos que não podem ser parados tem um universo de aplicações muito amplo (eleições, contratos, garantias, propriedade) e seu desenvolvimento está ainda bem no comecinho. Apesar da concorrência (EOS, ADA, NEO, TRON …) Ethereum tem a comunidade mais forte e o cronograma de entregas e desenvolvimento que se provou o mais confiável no ramo. Para os próximos anos podemos esperar soluções para sua escalabilidade e finalmente as primeiras aplicações realmente úteis para a rede (não os gatinhos colecionáveis muito menos as ICOs questionáveis).
XLM e BCH (Stellar e Bitcoin Cash)
Indo direto ao ponto… XLM é uma alternativa ao XRP e o BCH é uma das moedas que se coloca como alternativa ao BTC. Sem questionar os méritos de cada uma, suas principais funções no índice são as de funcionar como backups bem ao estilo “quem tem um não tem nenhum…”. Ter backups faz parte dos fundamentos do índice HASH5.
Para encerrar, gostaria de dizer que não me preocupa o gráfico de preço do Bitcoin no curto prazo… mais dia menos dia o mercado vai descobrir esses fundamentos e nesse dia a tendência é que você seja recompensado pelo seu investimento. É uma aposta bem baratinha dados os potenciais retornos que estão sobre a mesa. Criptomoeda não é uma brincadeira para seis meses, é uma mudança de paradigma que vai levar alguns anos, e você tem a chance de ser um dos pioneiros dessa revolução.