Semana passada eu falei brevemente sobre a rede Lightning. Digamos que eram informações suficientes para você saber do que se trata. Como eu deixei inúmeras questões não ditas, hoje eu pretendo aprofundar um pouco esse tema para que você possa, digamos, opinar em uma conversa ou desmascarar aquele seu parente “entendido” das criptomoedas.

Através de um exemplo simples, com dois personagens fictícios (João e Daniele), eu expliquei o funcionamento básico dessa rede. Nesse exemplo, primeiramente nossos atores davam uma certa quantidade de Bitcoins como garantia. Com isso, eles criavam um canal de pagamentos e poderiam transacionar entre si usando a rede Lightning. Em cada transação, eles alteravam o montante do saldo inicial que ainda possuíam.

A primeira consideração de hoje, diz respeito à quantia que é dada como garantia e que fica bloqueada enquanto o canal de pagamento estiver aberto. Uma rede de pagamentos em que todos os pares transacionáveis precisem ter um certo valor como garantia seria inviável. Por exemplo, imagine todas as pessoas para quem você paga ou recebe algum dinheiro: seria impossível você manter uma quantia bloqueada com cada uma dessas pessoas. Isso também seria inviável para a rede Lightning.

Cientes disso, os idealizadores da rede Lightning pensaram em uma solução. Para entender o que eles desenvolveram, vamos expandir o nosso exemplo adicionando novos personagens, Gabriela e Ana.

A Ana conhece o João e ambos mantém um canal de pagamento, nos mesmos moldes que o João tem com a Daniele, porém cada um deu inicialmente 3 Bitcoins como garantia. Por sua vez, a Gabriela criou um canal de pagamento com a Daniele. Neste canal, Daniele deu 10 Bitcoins como garantia, e a Gabriela não deu nada. Perceba que não existe um canal de pagamento direto entre Ana e Gabriela. Assim, não existe uma quantia dada como garantia e nenhum saldo que possa ser alterado em eventuais transações entre elas. O que aconteceria se ambas quisessem transacionar?

Muito simples! Como a unidade monetária envolvida em todas as garantias é mesma, Ana paga 1 Bitcoin para João, João manda 1 Bitcoin para Daniele e Daniele manda 1 Bitcoin para Gabriela. Assim, Ana paga Gabriela através de João e Daniele. Os saldos entre nossos personagens ficam conforme mostrado na próxima figura.

Na prática, qualquer pessoa que possua dois ou mais canais de pagamentos pode servir de ponte em uma transação na rede Lightning. Esse tipo de intermediação é incentivada através da cobrança de uma pequena taxa, que é bem menor que a taxa cobrada na rede Bitcoin. Voltando ao nosso exemplo, é como se João e Daniele cobrassem uma pequena taxa de Ana por ajudarem na transação. Para João e Daniele é vantajoso servir de intermediário uma vez que eles são remunerados por seus Bitcoins, que de outra forma não trariam rendimento. Para Ana, é bom usar a rede Lightning porque ela paga Gabriela instantaneamente e com taxas baixíssimas.

Algumas ressalvas em relação à rede Lightning: (i) todos os participantes de um pagamento precisam estar online, inclusive quem estiver recebendo o pagamento; (ii) o valor das transações é limitado ao valor dado como garantia inicialmente entre as partes.

Não obstante essas questões, já se especula a criação de redes Lightning também para outras moedas digitais, como Bitcoin Cash e Litecoin.

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada por e-mail e publicada aqui com alguns dias de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra? Assine inserindo o seu e-mail abaixo:


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