Antes de falar sobre a rede Lightning é razoável entender porque ela é necessária. Para isso, mesmo correndo o risco de me tornar repetitivo, vou primeiramente explicar o básico sobre o Bitcoin.

Uma transação de Bitcoin deve ser incluída em um bloco de transações. Após alguns blocos, normalmente entre três e seis, a transação é considerada confirmada. Como um novo bloco é gerado em média a cada dez minutos, aguarda-se entre 30 e 60 minutos para a confirmação de um pagamento.

Os blocos são criados por mineradores. Como remuneração pelo seu trabalho, esses mineradores recebem as taxas cobradas por cada transação. Como o número de transações por bloco é limitado, os mineradores dão preferência para as transações com as maiores taxas.

Dessa pequena explicação você deve ter percebido os principais problemas do Bitcoin hoje:

O tempo de confirmação de uma transação impede que o Bitcoin seja usado pelas massas, afinal ninguém esperaria meia-hora para pagar a padaria, por exemplo.O aumento no uso da moeda levou ao aumento das taxas por transação.

Como já existem alternativas que equacionam melhor as questões acima, concorrentes do Bitcoin têm ganho mais espaço. A rede Lightning pode ser encarada como uma reação do Bitcoin ao crescimento da concorrência.

Eu vejo a rede Lightning como uma caderneta de fiado. Porém é um fiado um pouco diferente, em que o dinheiro vem antes, como garantia, e as transações são marcas na caderneta, “comendo” quanto cada um tem de saldo.

Por exemplo, João e Daniele querem transacionar pela rede Lightning. Eles criam um contrato digital em que cada um dá 5 Bitcoins como garantia. Durante o tempo em que esse contrato estiver em vigor, ao invés de nossos personagens fictícios efetivamente mandarem Bitcoins de um para o outro, eles só mudam quem é o dono dos Bitcoins em garantia. Então se João quiser mandar 1 Bitcoin para Daniele, ele passará a ter direito sobre 4 Bitcoins e Daniele sobre 6 Bitcoins. Se um dia eles decidirem exercer seus direitos, cada um pega a parte que lhe cabe do valor depositado inicialmente.

A base de funcionamento desse sistema são as próprias transações do Bitcoin. O que acontece é que as transações são criadas, mas não são enviadas. Assim, modifica-se quem tem direito sobre os valores, sem movimentar valor nenhum.

Essa é a grande sacada do Lightning: ao invés de tentar aumentar o número de transações que um bloco do Bitcoin suporta, na verdade diminuiu-se a necessidade das transações de fato acontecerem. E o melhor de tudo: esse processo é instantâneo, pois só toma o tempo necessário para se assinar transações. Não é por acaso que mesmo tendo sido lançada apenas em dezembro, já existem mais de 1.500 nós na rede Lightning, número maior de nós do que existe atualmente na rede do Bitcoin Cash, por exemplo.

A meu ver, os mais ameaçados com o possível sucesso da rede Lightning são as moedas que somente copiaram o Bitcoin mas diminuíram o intervalo entre blocos, como por exemplo o Litecoin.

Obs: Este artigo é uma réplica da Newsletter da HashInvest disponibilizada por e-mail e publicada aqui com alguns dias de defasagem. Quer receber a Newsletter na íntegra? Assine inserindo o seu e-mail abaixo:


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