Com um panorama da história, agora estou confortável em começar a dividir alguns palpites e insisto que a análise a seguir nada mais é do que puro exercício da futurologia, não se caracterizando em tempo algum como recomendação ou não de investimento em qualquer ativo.
Vou usar uma técnica de design thinking chamada análise de extremos. Nessa técnica exercitamos a criatividade ao desenhar cenários aos extremos de uma linha divisória escolhida que faça sentido ao propósito do estudo.
No caso da Criptomoeda poderia ser preço, poderia ser adoção pelo grande público, enfim, qualquer tema que sirva de ponto de partida provavelmente resultará em conclusões bastante semelhantes.
Como linha central, escolhi (por acreditar ser o tema mais sensível) o tema da regulação e aceitação pelos governos. Em um extremo vou simular o cenário “vanilla”, que a regulação será amigável com moeda digital, governos aceitarão a tecnologia e se apropriarão dos benefícios do blockchain.
No outro extremo desenho o caos, num cenário em que governos e bancos lutam desesperadamente pela manutenção do status quo e a sociedade cria métodos para manter viva a chama da moeda digital, de maneira bem sucedida.
O uso dessa técnica produz resultados interessantes e geralmente a realidade se encontrará em algum ponto intermediário do espectro. Na minha opinião a realidade será algo entre o centro e o caos, com tendência ao caos, e você que provavelmente já está com posições montadas em moeda digital será o maior beneficiado caso minha “profecia” se concretize.
O cenário Vanilla
Improvável, utópico e provavelmente o mais perto do impossível, limitado pela natureza humana.
Futuros de Bitcoin são um sucesso, Wall Street cede aos encantos da moeda digital. Bolsas de todo o mundo amadurecem a ideia da moeda digital, após os futuros começa a amadurecer o mercado de opções.
O mercado de opções aliado ao mercado de futuros traz a sonhada maturidade ao mercado e Bitcoin é reconhecido oficialmente como reserva de valor até pelos mais conservadores dos banqueiros.
Governos e bancos centrais lançam suas prórpias versões de moeda digital, dentro de poucos anos veremos o FED emitir o BitDólar, o Bacen do Brasil emitindo o BitReal, a Europa lança o BitEuro e assim por diante.
Bancos comerciais se transformam e exhanges oficiais, sendo os grandes responsáveis pelo câmbio ente BitReal, Bitcoin, Ether, Ripple, BitDolar e afins. O modelo de negócio dos bancos se transforma e eles passam a lucrar com o trade e com softwares para guarda segura e uso das moedas digitais, com câmbio em tempo real entre os mais variados ativos.
O comércio internacional se intensifica e se simplifica, governos centrais desincham, reduzem a burocracia. Veremos o fim dos cartórios, dos impostos como os conhecemos. O governo irá se financiar exclusivamente através de fees de transação.
Ações das principais bolsas do planeta serão cotadas em Bitcoin, a partir da Bovespa investidores poderão acessar papéis de NYSE, Nasdaq, bolsas de Londres, Franfurt, Tóquio, Pequim e todas as demais importantes.
Nesse mesmo sistema, startups e pequenas empresas poderão lançar suas ICOs e investidores munidos de smartphones poderão com a mesma tecnologia comprar pão, pagar o taxi, investir em ações e startups, de modo simples e globalmente integrado.
A regulação será universal, fraudes serão punidas e julgadas em tribunais internacionais, barreiras cairão, o dinheiro é fluido e barato.
Alternativas de financiamento serão globais, A compra de um apartamento no Rio de Janeiro será gerenciada por um smartcontract em Etherem, e a fonte de recursos será um norte coreano, um indiano, um alemão e um mexicano, que em conjunto e em busca de juros, sem se conhecerem, uniram forças para juntar o montante necessário para colocar esse smartcontract para rodar.
Nesse cenário, governos, moedas locais e Bitcoin convivem em harmonia, Bitcoin vale aproximadamente 1 milhão de dólares a unidade de pouco varia no dia a dia. É a base monetária internacional, estável e sólida.
A jornada foi volátil porém saudável, grande parte da população mundial participou desse crescimento através de aplicativos para smartphones num processo que revolucionou a inclusão financeira.
Para esse cenário, ter moeda digital em seu portfólio é saudável, você está se antecipando a uma tendência e com certeza estará colhendo os frutos de sua decisão.
O Caos
Infelizmente, em minha opinião o cenário mais provável, talvez não da maneira como descrevo, mas algo próximo.
Futuros de Bitcoin são lançados. Governos mundiais fazem mais um esforço para ignorar a moeda digital. Na prática governos assumem sua incapacidade de fiscalizar, então é melhor empurrar o problema com a barriga do que gerar um passivo com o qual não se faz ideia de como se lidar.
Enquanto isso o preço das moedas disparam, após a grande queda de 2018, são vistos recordes após recordes e mais recordes. A população cada vez mais que saber sobre o Bitcoin.
Um grande esforço global surge, banqueiros de todo o mundo unem forças para acabar com a bolha. Exchanges serão fechadas, do dia para a noite. Transações com futuros serão banidas.
Em meio mundo a coisa continua como está e em outra metade a coisa toda se torna ilegal e essa situação resulta no desenvolvimento de sofisticados o mercados negros de negociação, na prática o problema será tão grande que os governos serão inertes a esse mercado negro.
ICOs serão terra de ninguém. Surgirão novos paraísos fiscais. O novo paraíso fiscal é amigável a ICO. Não interssa o projeto ou sua qualidade, desde que o percentual venha para o governo. Economias maduras irão criminalizá-las como jeito mais fácil de se livrar do problema.
Similar ao cenário vanilla, surgirá a solução mágica. Governos emitirão suas próprias moedas digitais a lá BitDólar, mas com uma grande diferença, dessa vez as demais moedas serão proibidas. Somente a moeda digital “oficial” será permitida.
De nada vai adianta, todo esse esforço vai resultar em uma escalada sem precedentes do valor do Bitcoin e de seus similares até o ponto em que os bancos cederão a sua própria ganância. Começa então a autofagia, em que bancos começam a montar pesadíssimas posições em moeda digital.
Da boca para fora, banqueiros ao redor do mundo chamarão de fraude, bolha, insustentável e em seus balanços, adivinhem… trilhões de dólares em moeda digital, e esse será o começo do fim.
Esse movimento dos bancos terá um efeito colateral gigantesco sobre o preço da moeda digital. Chegará o ponto em que os ganhos diários da moeda digital serão tão expressivos que o cidadão comum não irá pensar duas vezes.
Uma corrida aos bancos será iniciada. Todos querem sacar seu dinheiro para comprar moeda digital, e como já sabemos, não existe dinheiro para honrar para com os depósitos.
Veremos cenas a lá MadMax com pessoas carregando carrinhos de mão de dinheiro até a porta das exchanges, na maior corrida já vista pela humanidade, fazendo a o episódio alemão do Reichsbank pré segunda guerra, com inflação mensal de 29 mil por cento parecer um cenário de conto de fadas.
(pausa aqui para dizer que essa ficção toda é sim possível e que em nossa história recente é possível achar casos pontuais de caos similares, como a inflação no Zimbábue em 2008, Iugoslávia em 1994 e a Venezuela nos dias de hoje – não despreze esse cenário como você deve estar pensando nesse momento!)
Completamente acuados bancos centrais não terão outra alternativa senão imprimir dinheiro… serão emitidos todos os depósitos de todos os clientes de todos os bancos, implodindo o sistema de reservas fracionárias numa crise global de hiperinflação em que o único ativo não tóxico será o Bitcoin e seus o pares. A hiperinflação será global.
O dinheiro perde valor. Exchages se tornam completamente desnecessárias por tudo, desde o café até a o carro de luxo é cotado em moeda digital, ninguém mais vai aceitar moedas fiduciárias. A moeda digital é única e absoluta.
Bancos e economias em frangalhos. Governos não fazem ideia de como arrecadar impostos. Esse cenário vai forçar a sociedade a se reorganizar.
Se isso se tornar realidade, ter comprado Bitcoin a 400 mil dólares terá sido a oportunidade de uma vida!
Concluindo
É óbvio que nenhum dos extremos vai acontecer, e reforço que o objetivo do exercício é ajudar o posicionamento conhecendo casos extremos. Seja A ou B, a coisa toda parece positiva para a Criptomoeda.
No próximo capítulo vamos aquecer os motores para a guerra.