Pergunte a um brasileiro o que ele realmente achou de ser governado pela Dilma, ou Temer, ou o que ele realmente acharia da perspectiva de ver Aécio, Boulos ou Bolsonaro a frente do país.
Pergunte a um empresário brasileiro (pequenos e médios, não os grandes por favor) o que ele acha da estrutura de impostos, das leis em geral e o que ele teve como resposta quando realmente precisou do estado.
Pergunte a um americano empreendedor do Vale do Silício o que ele realmente acha de Trump, pergunte a qualquer espanhol esclarecido o que ele achou da situação com a Catalunha.
Pergunte ao Chinês que não tem o privilégio de se relacionar com o governo o que ele acha do sistema, fale com um grego e com um venezuelano.
Não estou discutindo ideologia política, estou pedindo uma simples análise dos fatos.
A muito os impostos deixaram de ser uma justa remuneração pelo serviço prestado ao coletivo e se tornaram fontes de arrecadação para governos, máquinas públicas inchadas e ineficientes a favor de poucos e na roda viva da perpetuação do poder até que alguém da mesma pandia puxe o seu tapete.
Ganhar uma eleição é ganhar na loteria e abastecer os cofres enquanto for possível, e a única meta clara dessa turma é expandir essa janela de tempo enquanto for possível.
Em maior ou menor grau, mas a mecânica é muito similar ao redor do mundo.
Buscando comparações em nossa história relativamente recente, talvez o nível de descontentamento geral das populações com seus governantes somente tenha sido similar nas vésperas da Revolução Francesa.
Hoje, não chegaremos aos extremos de guilhotinar as cabeças (embora não seja, em minha singela opinião, a pior ideia), mas a sociedade, coletivamente e de forma quase inconsciente, busca alternativas, rotas de fuga para o estado em que as coisas chegaram.
Nesse contexto, surge no horizonte a tecnologia mais revolucionária descoberta pela humanidade depois da internet, uma forma de guardar e divulgar dados independente. Essa descoberta/criação recebeu o nome de blockchain.
O blockchain nada mais é do que um banco de dados público e não fraudável que existe sem o controle de um agente regulador (dono, governo ou etc). Esse banco de dados existe de forma segura como resultado de um esforço coletivo de colaboração em que quem quiser ajudar pode e quanto mais gente ajudar, mais forte ele fica.
O blockchain traz a luz uma coisa nunca antes experimentada pela humanidade, que eu chamei de “incensurabilidade”.
Não haver censura é por liberalidade, não restringir acesso a algo.
Incensurabilidade é não ser sequer possível restringir esse acesso, mesmo que essa seja sua vontade.
E a incensurabilidade é incrível, porém assustadora. Não sabemos ao certo que tipo de informações e coisas queremos que circulem e existam com a liberdade de não ser censurável.
Surge então um experimento, o Bitcoin, uma aplicação óbvia ao conceito de incensurabilidade!
Pela primeira vez na história seu dinheiro é seu. Governos não colocam a mão, banqueiros não multiplicam moeda. Não sabemos quem é (se é alguém ou um coletivo), mas Satoshi Nakamoto trouxe luz a uma questão extremamente sensível, e de uma forma genial.
E quanto isso vale? Quanto vale a liberdade de não estar subjugado a centenas de anos de um hierarquia de poder que produziu os governos e governantes que ai estão? As opiniões podem divergir, mas vou dar a minha, vale MUITO, mais MUITO MESMO.
Acontece que quase ninguém enxergou ainda o que representa a moeda digital, a turma acha que é só uma jeito novo de dinheiro… dai as críticas de bolha, fraude e etc. A turma não entendeu que o Bitcoin é apenas uma aplicação possível, que o grande valor aqui está na incensurabilidade.
Não sei quem vai ganhar a corrida das moedas digitais, mas sei que o conceito de dinheiro não acessível por governos e bancos veio para ficar e é uma resposta natural da sociedade ao estrangulamento a que ela está sendo submetido, uma resposta as dívidas trilhonárias e impagáveis que nossos representantes estão construindo em nosso nome, sem nosso endosso.
Se desperdiçamos a chance de virar a mesa na oportunidade criada na crise de 2008, não estamos desperdiçando agora, mesmo que incipiente, o movimento de moedas digitais já ganhou seu mínimo de atenção e tração para ter vida própria.
Estou ansioso para ver onde mais será aplicada a incensurabilidade, o que mais a sociedade vai encaixar no blockchain para ter liberdade de viver sem a chancela dos senhores feudais.
Me sinto grato por viver esses dias e poder fazer parte desse movimento, provoco você a imaginar outras aplicações para essa tecnologia tão revolucionária.
Nos textos seguintes vou começar a escrever especificamente sobre a moeda digital e meu prognóstico para a coisa toda. Não tenho a pretensão de estar certo, mas me reservo ao direito de dar meus palpites.
Prepare-se para uma guerra sem precedentes.