Recapitulando a lição – nesse ponto você deve ter aprendido que quem emite o dinheiro não são apenas os governos, e sim os governos e os bancos comerciais, estes responsáveis pela grande maioria do dinheiro emitido. O governo é dono da impressora matriz e os bancos multiplicam seu valor ao seu quase exclusivo critério.
A sociedade em que vivemos infelizmente se desenvolveu de forma a dar uma importância superlativa ao dinheiro. Ignoramos outros vetores, abafamos o poder que a humanidade tem de ser sublime e traduzimos tudo isso em dinheiro.
Quanto mais dinheiro, mais influência, mais importância, mais status e consequentemente… mais poder.
E poder se traduz, em todo e qualquer lugar do mundo, em uma relação promíscua com os governos e com os governantes. O que quero argumentar aqui é que o poder dos bancos dotaram os mesmos de uma influência extremamente forte sobre as políticas fiscais, monetárias e econômicas das nações, obviamente, visando a perpétua realimentação positiva do ciclo e criando ainda assim mais dinheiro e mais poder.
Veja em qualquer cidade do mundo a opulência dos distritos financeiros. Sou privilegiado e pude ir pessoalmente a vários deles, desde os brasileiros como a Faria Lima até alguns grandes centros mundiais, como Wall Street, Frankfurt, London City, Monte Carlo, Dubai entre outros, com seus arranha céus envidraçados ou prédios clássicos de cair o queixo, com seus exércitos engravatados secutirizando suas próprias mães se assim fosse possível.
Em nosso quintal, basta observar que o ÚNICO setor da economia que cresceu durante os 13 anos de governo petista e continuou agora com Termer, com lucros bilionários trimestre após trimestre foram os… bancos, sempre eles.
Não me leve a mal, sou capitalista e gosto de lucros, dinheiro, inicitava privada e tudo mais, mas infelezmente, a narrativa de que mais dinheiro se traduz em relação promíscua com o governo é um fato, infelizmente nossas democracias modernas se desenvolveram assim.
A primeira vez que essa ciranda foi ameaçada foi em 2008, com o estouro da bolha imobiliária americana. Todo mundo fala dela mas muito pouca gente sabe o real problema. O real problema é que a dívida podre (venda de imóveis para clientes que não podiam pagar) foi fatiada em minúsculos pedaços e foi sendo vendida e revendida indefinidamente através da securitização. Não vou entrar na explicação disso porque senão teremos 100 capítulos…
Para resumir, a casa caiu e pela primeira vez chegou-se perto de se puxar o gatilho da confiança e iniciar um saque em massa dos depósitos bancários. Para estancar a sangria, e honrar com a demanda pelo dinheiro (que não existia de verdade, pois os EUA são a maior economia fracionária do mundo) o Fed (banco central americano) emitiu em quatro anos aproximadamente 3,5 Trilhões de dólares.
Pergunto a você que está lendo – qual o lastro desse dinheiro? Absolutamente nenhum que não o custo da celulose e da tinta necessária para imprimir o residual disso que se transformou em papel moeda.
É dinheiro virtual, sem garantia criptográfica, sem auditoria do povo sobre sua emissão e pode ser emitido de novo e de novo e de novo a critério exclusivo dos “especialistas” e seus questionáveis interesses.
O mecanismo para injeção desse dinheiro recebeu o nome de Quantitative Easing, ou simplesmnete QE, onde de forma resumida e didática, governos compraram títulos não vencidos de sua dívida de volta e a vista, injetando liquidez no sistema.
O pior é que mais de 50% do PIB do mundo se lastreia em… dólar.
Europa não fez diferente, com injeções maciças de liquidez, uma após a outra, numa versão europeia muito parecida com a americana, pois os gigantes – e extremamente corruptos (não sou eu quem está acusando – apenas citando o Swiss Leaks) HSBC e Deutche Bank entre outros – se encrencaram feio com a crise americana… “Too big to fail” ou relação de governo com poder? Salvem os bancos! E assim foi feito.
Na minha visão, como humanidade, desperdiçamos a maior oportunidade de nossa história recente de rever o “sistema”, pois a relação de poder com o dinheiro falou forte o suficiente para que a emissão de dinheiro em quantidades nunca vistas fossem feitas para manter o status-quo e salvar bancos e governos de uma reestruturação forçada.
Chegamos ao dia de hoje, os balanços de TODOS os bancos centrais que importam no mundo completamente podres, as dívidas dos governos em patamares impagáveis, impostos sufocando a população e capacidade produtiva, máquinas governamentais inchadas, corruptos e incompetentes com as canetas na mão.
E quais são as alternativas?