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Blog da HashInvest

Precisamos falar sobre ICOs e o preço do Ether (ETH)

Postado em 31/08/2018

Nome do Autor luis

Não gosto de ICOs, nunca gostei das ICOs, prefiro não falar de ICOs, mas hoje, para dar segmento as justificativas razoáveis para o mercado estar com sentimento tão negativo, preciso falar sobre ICOs.

Relembrando, uma ICO é a emissão de um Token (tipo de Criptomoeda) para levantar dinheiro para a execução de um projeto qualquer, por exemplo, você vai abrir uma loja de pão de queijo e emite o token #PDQ para arrecadar dinheiro, montar a sua loja e entrar em operação.

Investidores, crentes que sua loja será um sucesso, compram seu token na esperança de vendê-los mais caro quando sua loja estiver a pleno vapor, faturando horrores.

Qual é o problema e porque odeio tanto as ICOs? Além de se parecer (na minha opinião ser) uma emissão completamente ilegal e irregular de valor mobiliário, a grande maioria dos projetos são inúteis, uma grande parte são fraudes, uma boa parte são esquemas para levantar dinheiro antecipado para investidores de startups duvidosas (dividindo o risco e embolsando grana) e agora vem o pior, os tokens geralmente não servem para absolutamente … NADA.

Muita gente tentou maquiar uma utilidade para o token… que ele seria necessário para X ou Y ou Z… Que sem o token você não teria o benefício X, que o token era um consumível no serviço Y… mas quem tem no mínimo dois neurônios comunicantes não caiu nessa lorota.

No final do dia o token não lhe dá direito a voto na empresa, não lhe dá direito a participação nos lucros da empresa, mas por algum motivo você comprou esse token… Efeito prático? Falta de liquidez, ou seja, as pessoas estão sentadas em cima de tokens que não servem para nada e não há mercado para comprá-lo. Existe oferta sem demanda e a grande maioria dessas belezinhas não vale nada.

Existem exceções? Claro que sim. Uma minoria de bons projetos lançaram excelentes ICOs. O BNB (Binance Coin) é um exemplo de token bem-sucedido. A Exchange é um sucesso e está cumprindo um rigoroso programa de recompra de tokens que ajudaram a financiar o projeto lá atrás, garantido um lucro de aproximadamente 100x para quem comprou seu token no lançamento da ICO há pouco mais de 12 meses.

Mas então, participar de uma ICO pode ser um belo negócio? Sim, claro que pode, mas do jeito como a coisa andou, acertar a ICO e comprar o token que vai retornar financeiramente é quase como acertar as 6 dezenas da Mega Sena.

As pessoas vieram, o dinheiro foi despejado, centenas (talvez milhares) de ICOs compradas por investidores de todo o planeta. Bilhões de dólares em tokens. Passado um ano do início da febre, chega a desilusão. A grande maioria dos investidores foi vítima de golpe e não quer falar sobre isso. As pessoas saem do mercado de Criptomoedas na mesma velocidade que entraram, com o sentimento que foram enganadas (e de fato foram), e não que não seja merecido, afinal, o investidor saiu por aí comprando todo e qualquer token que apareceu pela frente.

Resultado: tokens sem liquidez estão sendo queimados pelo preço que der, valores dezenas de vezes menor do que foi pago. O dinheiro do investidor virou pó… e isso se reflete na capitalização de mercado, que caiu de 840 Bilhões de dólares para pouco mais de 200 Bilhões de dólares em apenas 7 meses.

Mas e o dinheiro levantado pelas empresas? O que aconteceu?

Bom, a grande maioria das ICOs levantou dinheiro em ETH (Ether, a moeda da rede Ethereum), isso para descaracterizar a emissão de valor mobiliário, pois aos olhos do regulador você estava trocando Criptomoeda por Criptomoeda e o regulador não tinha nada que ver com isso (e na prática não é bem assim).

Durante a febre de compra das ICOs, as pessoas compravam ETH como se não houvesse o amanhã para trocar pelos tokens dos mais variados projetos. Alta demanda, baixa oferta, todos querendo comprar tokens usando ETH e os preços batiam recordes depois de recordes.

Os projetos acumulavam altas somas de ETH e não liquidavam, porque dia após dia o preço do ETH subia, então, era extremamente vantajoso não vender as posições… até que a casa caiu. Qual a realidade de hoje?

Quem arrecadou em ETH está vendendo tudo, pelo preço que dá e tentando salvar alguma coisa. Tem relatos de ICOs que levantaram o equivalente a 100 milhões de dólares em ETH no final do ano e que liquidaram toda a posição por 20 milhões agora em Julho… 80 milhões de dólares simplesmente evaporaram.

É claro que as ICOs e a queima de ETH sozinhas não explicam a derrocada de preços das Criptomoedas, mas caracterizam mais um fator que pressiona os preços para baixo. A morte dos projetos ruins e fraudulentos e aniquilação em massa dos tokens inúteis é parte importante do processo de amadurecimento do mercado e, somente, veremos ele se recuperar quando do fim desse processo.

Em minha opinião estamos no meio do caminho… como muita gente arrecadou em venda de token muito mais dinheiro do que realmente precisava, tem uma turma que tem fôlego o bastante para aguentar um bom tempo e ver se o mercado se recupera naturalmente. O dia que essa turma desistir e queimar suas posições, estaremos perto do fim do mercado baixista, ou seja, prepare-se para mais pressão baixista nos preços para os próximos meses.

Para concluir o texto dessa semana, uma opinião pessoal. Embora não goste das ICOs, gosto do conceito por trás das ICOs, de levantar dinheiro ao redor do planeta de forma pouco burocrática. Não gosto da forma como foi implementado, sem regulação e campo fértil para bandidos e golpistas. Qual o problema? O maldito ser humano… Onde existe a possibilidade para aplicar um golpe, ele será aplicado. Daí a necessidade de regulação, auditoria e o que mais falta no investidor ganancioso… Noção e ponderação.

A parte boa é que o gênio do financiamento planetário e sem burocracia usando Criptomoedas saiu da garrafa, exigirá um esforço enorme dos reguladores (CVMs ao redor do planeta), mas sim, um dia as ICOs serão legítimas e corretamente utilizadas, e é por isso que apesar do cenário de curto prazo não ser animador, eu estou comprando desde já os meus punhados de Bitcoin e Criptomoedas.

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Memecoins: a piada que chegou à presidência dos EUA 

Memecoins: a piada que chegou à presidência

Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, há uma grande expectativa de políticas mais favoráveis do governo americano em relação às criptomoedas (escrevo esse texto antes da posse). No entanto, a única certeza que temos até o momento é o lançamento das meme coins, TRUMP e MELANIA, pelos respetivos homenageados (presidente e primeira-dama). Juntas, essas duas meme coins já chegaram a valer mais de USD 14 bilhões.  

Uma meme coin é uma criptomoeda baseada em memes ou piadas da internet. Geralmente, elas são criadas como uma forma de humor ou sátira, mas algumas acabam ganhando valor significativo impulsionadas principalmente pela comunidade e pelo hype nas redes sociais. Outras celebridades como Elon Musk, Caitlyn Jenner, Iggy Azalea também resolveram lucrar dessa forma.  

Além da possibilidade de ganhos significativos, hoje é muito fácil do ponto de vista técnico criar uma moeda digital. Inclusive, já existem sites como Pump.fun  e Token Tool, que tornam esse processo simples como preencher um formulário online. Contudo, se o processo de criação é rápido, paga-se para que uma nova moeda seja listada por sites e exchanges. O lançamento “sério” de uma moeda custa entre USD 5.000 e USD 50.000. 

Por ser tão fácil e o investimento baixo, segundo agregadores, todos os dias entre 40.000 e 50.000 novos tokens de criptomoedas são criados. Durante períodos de hype, esse número pode chegar a 100.000. No entanto, muitas dessas iniciativas têm poucas horas de vida. 

Obviamente que nem tudo são flores, especialmente para projetos que não tem o homem mais poderoso do mundo e nem o mais rico como garotos propaganda. Ainda segundo a plataforma DREX, a maioria dos projetos de meme coin (89%) tem um valor de mercado entre 0 e $USD 1,000. Apenas 5% das meme coins tinham um valor de mercado acima de $10 milhões em março de 2024. 

Além disso, a volatilidade dos preços das meme coins é um dos aspectos mais marcantes desse segmento. Essas moedas podem experimentar oscilações extremas de valor em curtos períodos. Eventos como tweets de celebridades e notícias de parcerias podem causar aumentos repentinos nos preços. Da mesma forma, quedas igualmente rápidas acontecem quando o interesse diminui ou surgem preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos. 

Por exemplo, o preço do Dogecoin ($DOGE) viu um aumento meteórico após uma série de tweets de Elon Musk, apenas para experimentar quedas substanciais quando o entusiasmo inicial esfriou. O que parece estar acontecendo com as moedas TRUMP e MELANIA.  

Por isso, a não ser que você compre uma meme coin por brincadeira ou piada, é muito difícil que acerte o momento certo de entrar nesse “investimento”. Você terá que acertar qual, dentre os milhares de projetos, será colocado em destaque por uma celebridade de alcance global. 

2025 já está voando

2025 já está voando

Parece que foi ontem que o ano de 2024 terminou. 2025 era esperado com muitas expectativas…

E não decepcionou… 2025 começou bastante animado e já vamos completando o primeiro mês do ano. 1/12 do ano já se foi…

Em janeiro todos os olhos do mundo econômico se voltaram ao tio Sam. Donald Trump assumiu a cadeira mais importante da maior potência econômica e militar do planeta num estilo bem caricato e pistola. Assinou pilhas de decretos de todos os tipos, assuntos e gostos… se pautou no auge da arrogância já conhecida e nada diferente daqueles que o elegeram esperava. Não vou me atrever a analisar seus decretos, veracidades, pontos positivos e nem negativos. Vou me ater ao fato do Bitcoin e demais ativos virtuais terem passado em branco no dia 1 do novo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Entretanto, movimentos de substituição na presidência da SEC (equivalente à CVM nos EUA) e a criação de uma comissão para o desenvolvimento de uma regulação pró-Bitcoin e cia foi suficiente para alavancar as cotações para novos ATH. Já na semana seguinte uma startup chinesa, DataSeek, chacoalhou o mercadoi de ações norte-americano. Em especial a Nvidia e outras bigtechs derreteram. Nenhuma relação direta com o Bitcoin, mas o efeito colateral dos mercados como um todo derrubaram o Bitcoin para baixo dos 100 mil dólares outra vez. Para a tristeza dos haters, rapidamente o Bitcoin se recuperou e voltou a ser transacionado acima dos 100 mil dólares.

Toda essa novela se passou em menos de 30 dias e certamente teremos muito mais nos próximos 11 meses. Essa emoção toda certamente será convertida em volatilidade e na média as expectativas são animadoras. Importante salientar que todos esse movimentos e ruídos são apenas catalizadores de preço de curto a médio prazo. Quando pensamos no protocolo matemático, esses ruídos têm interferência zero no Bitcoin. Preços subindo ou preços caindo o Bitcoin seguirá com sua escassez e sua descentralização. Os fundamentos que levam ao real valor do Bitcoin são justamente a sua escassez e sua descentralização.

Descentralização confere segurança e soberania ao indivíduo enquanto a escassez por protocolo matemático (descentralizado) reverte parte de seu valor em preço. Quanto maior for a demanda por algo escasso maior será seu preço. Quanto maior for o preço de um ativo seguro pelo qual cada indivíduo tem a soberania sobre ele tem um valor incalculável nos dias atuais. Justamente essa frase “nos dias atuais” que faz a procura por Bitcoin aumentar gradativamente retroalimentando esse círculo virtuoso.

No início era coisa de nerd, hoje já superamos o ciclo dos indivíduos e estamos ganhando velocidade no ciclo dos institucionais e talvez entrando simultaneamente no ciclo dos países. E nisso o catalizador que comentei lá no início ganha relevância pois pode acelerar a adoção de empresas e países para constituírem suas reservas em Bitcoin. Enquanto ruídos pontuais como “DataSeek” em nada interferem nesse processo de adoção ou no protocolo do Bitcoin, ou seja, zero influência nos fundamentos.

Enquanto governos e países forem controladores, intervencionistas e gastadores a tendência é de valorização do Bitcoin em relação às moedas fiduciárias (reais, dólares e etc…). Elimine os ruídos e foque nos fundamentos e seja feliz! Que venha o futuro.

O cenário mais provável para o Brasil

O cenário mais provável para o Brasil

Abrimos a segunda metade do atual governo com perspectivas excelentes para quem vive no padrão Bitcoin e perspectivas não tão excelente para quem vive no padrão de Real brasileiro.

Se no dia 7 de janeiro o governo faz propaganda que o déficit primário (leia a newsletter 149 sobre esse tema onde explico que déficit primário em si já é um número mentiroso e pouco útil) de “apenas” 0,1% do PIB, no dia 27 o pesquisador do Insper, Marcos Mendes detalha que ele na verdade foi 9 (NOVE) vezes maior que o divulgado (basta uma breve pesquisa no Google para você ler inúmeras reportagens sobre o tema).

Mas não é só Haddad que está maquiando dados, o IBGE capitaneado pelo autodenominado “comunista” Márcio Pochmann tem sido alvo de um motim, em que altos diretores da instituição protestam e reclamam pela falta de autonomia e uso político da instituição, se dividindo entre carta de repúdio e chegando ao extremo do pedido de exoneração.

O IBGE jura que a inflação de 2024 fechou abaixo de 5%. Nessa altura do campeonato, imagino que você já tenha verificado perante a sua realidade que a inflação real é algo entre 3 a 4 vezes isso.

O mesmo IBGE divulga desemprego nas mínimas, porém esquece de combinar com os russos, que divulgam gastos com seguro-desemprego nas máximas e crescentes.

Junte a esse caldeirão a recente pesquisa de popularidade do governo, no dia 27 de janeiro, em que pela primeira vez o governo é mais mal avaliado do que bem avaliado e apertem os cintos.

Popularidade em baixa encarece a barganha com nosso congresso corrupto, torna os favores dos deputados mais caros e favorece a gastança com viés populista para tentar reverter as questões.

Não se iluda com o refresco proporcionado pelo USD caindo de 6.20 para 5.80, ele tem nome e sobrenome. O nome chama Donald Trump, onde o refresco do USD acontece em meio a acomodação da chegada do novo governo americano e o sobrenome é recesso parlamentar, dando uma trégua ao noticiário fiscal por assim dizer.

Nossa perspectiva local é ruim, muito ruim… Terrível para ser sincero.

Recapitulando, temos na equação um governo corrupto negociando junto a um congresso corrupto, um ministro da fazenda inapto e incapaz, um instituto de estatística corrupto e mentiroso em um cenário pré-eleitoral com a popularidade de um presidente decrescente junto com um tesouro nacional sem ter de onde tirar dinheiro.

Você não precisa ser gênio para avaliar que a situação não é das melhores.

A recente crise do PIX mostrou que o governo não tem mais folego político, forças políticas e apoio popular para aumentar me criar mais impostos, o que perante ao mercado aliviaria a situação dando um espaço teatral aos infindáveis gastos.

Descartando o aumento e criação de impostos no passo necessário para atender ao apetite do feudo por mais dinheiro, restam duas alternativas sobre a mesa.

A alternativa 1 é austeridade, a redução do estado, como por exemplo um grande e significativo corte de privilégios de castas como a do judiciário e dos militares, e uma grande otimização da máquina pública e seus recursos, uma redução de impostos para quem produz e a redução de incentivos ao nada fazer proporcionada através de dinheiro grátis.

A alternativa 2 é imprimir dinheiro, aumentar as regalias dos senhores feudais do alto funcionalismo e expandir o UBI (Universal Basic Income – o auxílio Brasil por exemplo) e assim garantir base de apoio e consequentes votos para 2026.

Explorando um pouco mais a alterativa 2, já são mais de 56 milhões de brasileiros atendidos pelos programas sociais, dos quais são estimados que 42 milhões são eleitores. Some esse número aos 12 milhões de funcionários públicos Federais e a base de eleitores para perpetuar o atual governo parte de 54 milhões de votos, independente do caos.

Lembre-se que a classe média é uma câmara de eco, em que ela prega e protesta com ela mesma. Ela é numericamente inferior, não tem voz perante os senhores feudais. Na prática, além de cômodo, o grande incentivo do governo é arroxar e tirar dinheiro da classe média para expandir regalias do feudo e distribuir dinheiro grátis via UBI. Perde-se um voto em detrimento ao ganho de vários.

A alternativa 1 nos tiraria lentamente do buraco.

A alternativa 2 caminha pelos trilhos da Argentina de Cristina e Alberto Fernandez.

Se você acredita que o governo brasileiro irá optar pela alternativa 1, Tesouro Direto e ações na B3 fazem perfeito sentido.

Se você tende a acreditar que a alternativa 2 é mais provável, a janela para que você tenha Bitcoin está ficando estreita. Nesse cenário, Bitcoin a 20 mil, 40 mil ou 200 mil dólares fará pouca diferença quando comparada a destruição potencial de patrimônio que se desenha até as próximas eleições.

O cenário mais provável para o Brasil, você decide!