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Blog da HashInvest

Deixe no banco somente aquele dinheiro que você está disposto a perder!

Postado em 17/05/2023

Nome do Autor luis

Se você mora no Brasil e tem uma rotina atribulada existe uma boa chance de que você esteja por fora do Hecatombe nos mercados financeiros que ameaçam levar o sistema bancário mundial, literalmente, pelo ralo. Sem exageros, os esforços para conter são grandes e é provável que segurem o pior, mas está acontecendo, agora, e quase não há foco do noticiário nisso.

O problema de hoje começa em 2008, na grande crise financeira, onde o remédio para evitar o colapso do Dólar foi a mistura tóxica de juros artificialmente baixos (juros reais negativos) e o chamado Quantitative Easing (Impressora de dinheiro ligada no modo hard).

Tentando construir uma analogia, você é médico e seu paciente está viciado em crack. O crackento enche muito menos o seu saco estando louco do que sóbrio e sofrendo crise de abstinência, e você tem a brilhante ideia de dar um suprimento infinito de crack para ele.

Eis que, passados 15 anos (diga-se de passagem muito mais que o previsto), o paciente está prestes a morrer com o cérebro derretido. O paciente em questão é o mercado.

Desculpem-me as metáforas ridículas, mas a tentativa é de simplificar o entendimento para quem não acompanha a coisa de perto e quando lê de fora precisa decifrar o que venha a ser um “Enhanced liquidity swap agreement”… Coisas confusas e feitas para não serem entendidas, logo, vou persistir na metodologia de explicar a crise como se o leitor fosse um golden retriever…

Uma breve história recente da taxa de juros nos EUA

No final de 2015 o cheiro das coisas começou a ficar ruim (o crackento tava morrendo de overdose) e o FED anunciou o fim do QE, que iria começar a subir os juros da forma como a teoria manda e reduzir o ritmo da impressora. Os juros foram subindo beeeemmmm devagar para tentar não entornar o copo, mas as primeiras rachaduras no sistema começaram a aparecer e em 2019 esse movimento foi revertido antes que algum nome significativo caísse, e no ápice da hipocrisia, Jerome Powell, presidente do FED veio à público dizer que a nova queda dos juros não era um novo QE (o viciado incomodou demais e voltamos dar pedras para ele).

Em 2020, usando a pandemia como muleta o FED zerou os juros novamente e drogou o viciado como nunca, perdão, injetou dinheiro na economia como nunca visto na história do experimento das moedas fiduciárias.

Foi nesse momento em que o mercado se anestesiou de vez. Nosso viciado aumentou a dose e a frequência e estava crente que isso iria durar para sempre.

O mercado achou que os juros seriam eternamente baixos, que a teoria da oferta e demanda não fazia mais sentido e por esse motivo não haveria inflação relativa ao excesso de dinheiro.

YOLO – Só se vive uma vez

Como consequência dessa percepção (obviamente errada), durante a grande farra das impressoras, comprar títulos do tesouro americano com vencimentos longos (10 ou 30 anos) pagando juros em torno de 0,25% pareceu uma excelente ideia para bastante gente, além de que certas instituições são obrigadas por regulamentação a comprar o “título com menor risco do mundo” em seus mandatos fiduciários (regras do jogo dos institucionais).

As doses cavalares de dinheiro injetados no sistema demoraram, mas, como o esperado, geraram o problema da inflação. É meio que parecido com a garrafa de ketchup… Você fica batendo no fundo da garrafa e o ketchup não sai, a hora que começa a sair não para mais.

Enfim, o FED (único banco central relevante do mundo) começou a ter que lidar com a inflação que insistia em não dar as caras durante anos de QE.

Politicamente falando, até que ela veio em bom momento, com convenientes bodes expiatórios como Covid e guerra da Rússia que tiveram pouca ou nenhuma influência na realidade da inflação, ficou fácil construir uma narrativa que não apontasse para o excesso de liquidez (impressora infinita), afinal, Putin é o grande culpado.

Com a inflação oficial (aquele gol de mão) em 8% ou 9% o FED estaria confortável para ser duro em sua narrativa de austeridade e luta contra o dragão da inflação, pois com o juro próximo de zero, é fácil subir e ao mesmo tempo manter o juro real negativo. E começou o ciclo de aperto (volte ao gráfico lá de cima).

Mas você se lembra de nosso viciado que se entupiu de crack, quer dizer, de títulos do tesouro americano com vencimentos longos?

Com os juros lambendo a casa dos 5%, o que acontece com o valor de mercado daquele crack, quer dizer, título? Ele derrete. O valor de um título de 30 anos pagando 0% é muito menor do que o valor de mercado de um título de 30 anos pagando 5%, logo, se eu quiser me livrar daquele que paga 0% eu tenho que vender com um enorme prejuízo, e é aí que chegamos à realidade atual.

Entendendo a crise de 2023

No balanço dos bancos americanos, a droga, quer dizer, títulos do tesouro americano entram por valor de face (aquele pelo qual foram comprados) e não de mercado (aquele pelo qual se venderia se precisar do dinheiro hoje).

É como seu imposto de renda. Aquele Porsche 911 Carrera que você pagou 1,2 milhões de Reais em 2017 vale hoje 600 mil, mas na sua declaração, até você vender, vai constar como 1,2 milhões.

E os balanços de bancos e fundos de pensão estão cheios títulos com valores irreais garantindo seus índices de liquidez de forma artificial, e com muita gente rezando para que os clientes não saquem sua grana, pois se precisar da liquidez…

Se por algum motivo o banco precisa de liquidez, ele precisa se desfazer de seus títulos com prejuízo, e isso, no mês de março, levou o Silicon Valley Bank (16º maior banco dos EUA) à bancarrota.

Não bastando o SVB ir pro saco, a queda do SVB acendeu um holofote imenso sobre esse problema, e foi encontrado praticamente 1,7 Trilhão de Dólares de diferença entre valor declarado no balanço e valor de mercado no patrimônio dos bancos, ou seja, dinheiro de banco imobiliário que se precisar ser sacado, simplesmente não existe.

E a notícia começou a correr, e de repente, o cliente dos bancos regionais ficou com medo e houve a temida corrida bancária.

Está havendo um misto de clientes que estão com medo do banco pequeno e estão indo para o banco grande e uma porção de clientes de todos os bancos (pequenos e grandes) que entendeu que seu saldo está em risco, e que, se é pra correr risco sendo remunerado em 0,5% ao ano em uma banco ilíquido e insolvente, melhor comprar títulos curtos do tesouro rendendo 5% ao ano por conta própria, e é assim que se encontra o mercado enquanto escrevo esse texto, numa segunda feira dia 27/03/23.

Até o presente momento, afundaram o Silvergate (EUA), SVB (EUA), o Signature Bank (EUA), o Credit Suisse (Suiça) e o First Republic Bank (EUA) e cambaleia nada menos que o DB (Alemanha)…

E o remendo feito até o momento

A solução dada para o problema foi a de sempre, imprimir dinheiro.

O FED imprimiu 100% dos depósitos do SVB e do First Republic Bank e criou uma linha para dar dólares usando os próprios títulos do tesouro americano como garantia, adivinhem, pelo valor nominal, e não pelo valor de mercado.

Ao mesmo tempo, de forma inédita, na quarta feira dia 22, ele subiu os juros para sinalizar que está combatendo a inflação.

São políticas antagônicas, em uma semana o FED reverteu 50% da redução de balanço que levou 10 meses para executar, como pode ser visto no gráfico abaixo.

É boato inclusive que o FED e o Tesouro americano estariam dispostos a imprimir para bancar 100% dos depósitos de todos os bancos (o que só de ser cogitado é uma sandice).

Na Europa, o Credit Suisse foi varrido para baixo de seu maior concorrente (UBS), numa escandalosa socialização de prejuízos jamais vista a fim de preservar os amigos do Rei.

O números de USD tomados da nova linha de crédito com o FED mal-e-mal cabem no gráfico, que precisa de uma escala logarítmica para fazer sentido, como você pode ver abaixo.

É a primeira vez na história do experimento do dinheiro fiduciário (desde 1971, com queda do padrão ouro) que estamos vendo os juros subirem ao mesmo tempo que a impressora de dinheiro trabalha de forma desenfreada.

E o que vai acontecer?

Ninguém sabe o que vai acontecer, mas podemos fazer mais uma analogia…

Imprimir e subir juros ao mesmo tempo é o mesmo que tomar duas garrafas de vodka e pegar um Mustang com controle de tração desligado para dar um rolê no centro da cidade, pode dar tudo certo e não acontecer nada, mas todos sabemos a probabilidade maior dos acontecimentos.

Soa como desespero, tem cor de desespero, tem cheiro de desespero, textura de desespero e o pior…

Há três finais de semana seguidos que contra os gráficos acima (fatos), autoridades dos EUA e Europa precisam emitir declarações de que o sistema bancário é seguro e robusto, seguro e robusto, seguro e robusto.

É uma insistência patética. Apenas para documentar a honestidade dessa turma, lembre que o Credit Suisse foi assim:

– 15 de Março por volta das 14:00 – CEO vai a público dizer que Credit Suisse é “Seguro e Robusto”;

– 15 de Março por volta das 20:00 – BC Suíço emite nota dizendo que em caso de extrema necessidade, poderá eventualmente ajudar com liquidez;

– 16 de Março por volta das 8:00 – BC Suíço garante CHF 54 Bilhões de liquidez para o Credit Suisse;

– 19 de Março (DOMINGO) – BC Suíço anuncia que liquidaram o Credit Suisse e entubaram o lixo no balanço do UBS.

E é essa a turma que está tentando segurar as pontas com o mantra “seguro e robusto”. Agora existem dois times.

O time dos financistas engravatados batendo palmas e sorrindo pela agilidade e qualidade das ações tomadas diante da crise para evitar o contágio (independente das consequências futuras de continuar fornecendo drogas ao viciado).

O time dos lunáticos que entendem o resultado óbvio que religar as impressoras de dinheiro e subir juros simultaneamente, que dar crédito à valor de face para títulos podres é um band-aid de marca genérica e que mesmo que não seja dessa vez, o colapso passou perto e o resultante é um sistema pior, inflado e muito mais frágil, nem tão seguro e robusto assim.

Choose your fighter

Você agora precisa escolher entre se está com o time A e compra um CDB de 140% do CDI em Reais com Brasil à deriva e com sistema bancário internacional flertando com o colapso ou se diversifica em um ativo sem risco de contraparte governado pela matemática incorruptível.

Apenas como observação, o Bitcoin sobe mais de 40% desde o início da crise bancária.

Escolha com sabedoria.

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Memecoins: a piada que chegou à presidência dos EUA 

Memecoins: a piada que chegou à presidência

Com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, há uma grande expectativa de políticas mais favoráveis do governo americano em relação às criptomoedas (escrevo esse texto antes da posse). No entanto, a única certeza que temos até o momento é o lançamento das meme coins, TRUMP e MELANIA, pelos respetivos homenageados (presidente e primeira-dama). Juntas, essas duas meme coins já chegaram a valer mais de USD 14 bilhões.  

Uma meme coin é uma criptomoeda baseada em memes ou piadas da internet. Geralmente, elas são criadas como uma forma de humor ou sátira, mas algumas acabam ganhando valor significativo impulsionadas principalmente pela comunidade e pelo hype nas redes sociais. Outras celebridades como Elon Musk, Caitlyn Jenner, Iggy Azalea também resolveram lucrar dessa forma.  

Além da possibilidade de ganhos significativos, hoje é muito fácil do ponto de vista técnico criar uma moeda digital. Inclusive, já existem sites como Pump.fun  e Token Tool, que tornam esse processo simples como preencher um formulário online. Contudo, se o processo de criação é rápido, paga-se para que uma nova moeda seja listada por sites e exchanges. O lançamento “sério” de uma moeda custa entre USD 5.000 e USD 50.000. 

Por ser tão fácil e o investimento baixo, segundo agregadores, todos os dias entre 40.000 e 50.000 novos tokens de criptomoedas são criados. Durante períodos de hype, esse número pode chegar a 100.000. No entanto, muitas dessas iniciativas têm poucas horas de vida. 

Obviamente que nem tudo são flores, especialmente para projetos que não tem o homem mais poderoso do mundo e nem o mais rico como garotos propaganda. Ainda segundo a plataforma DREX, a maioria dos projetos de meme coin (89%) tem um valor de mercado entre 0 e $USD 1,000. Apenas 5% das meme coins tinham um valor de mercado acima de $10 milhões em março de 2024. 

Além disso, a volatilidade dos preços das meme coins é um dos aspectos mais marcantes desse segmento. Essas moedas podem experimentar oscilações extremas de valor em curtos períodos. Eventos como tweets de celebridades e notícias de parcerias podem causar aumentos repentinos nos preços. Da mesma forma, quedas igualmente rápidas acontecem quando o interesse diminui ou surgem preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos. 

Por exemplo, o preço do Dogecoin ($DOGE) viu um aumento meteórico após uma série de tweets de Elon Musk, apenas para experimentar quedas substanciais quando o entusiasmo inicial esfriou. O que parece estar acontecendo com as moedas TRUMP e MELANIA.  

Por isso, a não ser que você compre uma meme coin por brincadeira ou piada, é muito difícil que acerte o momento certo de entrar nesse “investimento”. Você terá que acertar qual, dentre os milhares de projetos, será colocado em destaque por uma celebridade de alcance global. 

2025 já está voando

2025 já está voando

Parece que foi ontem que o ano de 2024 terminou. 2025 era esperado com muitas expectativas…

E não decepcionou… 2025 começou bastante animado e já vamos completando o primeiro mês do ano. 1/12 do ano já se foi…

Em janeiro todos os olhos do mundo econômico se voltaram ao tio Sam. Donald Trump assumiu a cadeira mais importante da maior potência econômica e militar do planeta num estilo bem caricato e pistola. Assinou pilhas de decretos de todos os tipos, assuntos e gostos… se pautou no auge da arrogância já conhecida e nada diferente daqueles que o elegeram esperava. Não vou me atrever a analisar seus decretos, veracidades, pontos positivos e nem negativos. Vou me ater ao fato do Bitcoin e demais ativos virtuais terem passado em branco no dia 1 do novo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos.

Entretanto, movimentos de substituição na presidência da SEC (equivalente à CVM nos EUA) e a criação de uma comissão para o desenvolvimento de uma regulação pró-Bitcoin e cia foi suficiente para alavancar as cotações para novos ATH. Já na semana seguinte uma startup chinesa, DataSeek, chacoalhou o mercadoi de ações norte-americano. Em especial a Nvidia e outras bigtechs derreteram. Nenhuma relação direta com o Bitcoin, mas o efeito colateral dos mercados como um todo derrubaram o Bitcoin para baixo dos 100 mil dólares outra vez. Para a tristeza dos haters, rapidamente o Bitcoin se recuperou e voltou a ser transacionado acima dos 100 mil dólares.

Toda essa novela se passou em menos de 30 dias e certamente teremos muito mais nos próximos 11 meses. Essa emoção toda certamente será convertida em volatilidade e na média as expectativas são animadoras. Importante salientar que todos esse movimentos e ruídos são apenas catalizadores de preço de curto a médio prazo. Quando pensamos no protocolo matemático, esses ruídos têm interferência zero no Bitcoin. Preços subindo ou preços caindo o Bitcoin seguirá com sua escassez e sua descentralização. Os fundamentos que levam ao real valor do Bitcoin são justamente a sua escassez e sua descentralização.

Descentralização confere segurança e soberania ao indivíduo enquanto a escassez por protocolo matemático (descentralizado) reverte parte de seu valor em preço. Quanto maior for a demanda por algo escasso maior será seu preço. Quanto maior for o preço de um ativo seguro pelo qual cada indivíduo tem a soberania sobre ele tem um valor incalculável nos dias atuais. Justamente essa frase “nos dias atuais” que faz a procura por Bitcoin aumentar gradativamente retroalimentando esse círculo virtuoso.

No início era coisa de nerd, hoje já superamos o ciclo dos indivíduos e estamos ganhando velocidade no ciclo dos institucionais e talvez entrando simultaneamente no ciclo dos países. E nisso o catalizador que comentei lá no início ganha relevância pois pode acelerar a adoção de empresas e países para constituírem suas reservas em Bitcoin. Enquanto ruídos pontuais como “DataSeek” em nada interferem nesse processo de adoção ou no protocolo do Bitcoin, ou seja, zero influência nos fundamentos.

Enquanto governos e países forem controladores, intervencionistas e gastadores a tendência é de valorização do Bitcoin em relação às moedas fiduciárias (reais, dólares e etc…). Elimine os ruídos e foque nos fundamentos e seja feliz! Que venha o futuro.

O cenário mais provável para o Brasil

O cenário mais provável para o Brasil

Abrimos a segunda metade do atual governo com perspectivas excelentes para quem vive no padrão Bitcoin e perspectivas não tão excelente para quem vive no padrão de Real brasileiro.

Se no dia 7 de janeiro o governo faz propaganda que o déficit primário (leia a newsletter 149 sobre esse tema onde explico que déficit primário em si já é um número mentiroso e pouco útil) de “apenas” 0,1% do PIB, no dia 27 o pesquisador do Insper, Marcos Mendes detalha que ele na verdade foi 9 (NOVE) vezes maior que o divulgado (basta uma breve pesquisa no Google para você ler inúmeras reportagens sobre o tema).

Mas não é só Haddad que está maquiando dados, o IBGE capitaneado pelo autodenominado “comunista” Márcio Pochmann tem sido alvo de um motim, em que altos diretores da instituição protestam e reclamam pela falta de autonomia e uso político da instituição, se dividindo entre carta de repúdio e chegando ao extremo do pedido de exoneração.

O IBGE jura que a inflação de 2024 fechou abaixo de 5%. Nessa altura do campeonato, imagino que você já tenha verificado perante a sua realidade que a inflação real é algo entre 3 a 4 vezes isso.

O mesmo IBGE divulga desemprego nas mínimas, porém esquece de combinar com os russos, que divulgam gastos com seguro-desemprego nas máximas e crescentes.

Junte a esse caldeirão a recente pesquisa de popularidade do governo, no dia 27 de janeiro, em que pela primeira vez o governo é mais mal avaliado do que bem avaliado e apertem os cintos.

Popularidade em baixa encarece a barganha com nosso congresso corrupto, torna os favores dos deputados mais caros e favorece a gastança com viés populista para tentar reverter as questões.

Não se iluda com o refresco proporcionado pelo USD caindo de 6.20 para 5.80, ele tem nome e sobrenome. O nome chama Donald Trump, onde o refresco do USD acontece em meio a acomodação da chegada do novo governo americano e o sobrenome é recesso parlamentar, dando uma trégua ao noticiário fiscal por assim dizer.

Nossa perspectiva local é ruim, muito ruim… Terrível para ser sincero.

Recapitulando, temos na equação um governo corrupto negociando junto a um congresso corrupto, um ministro da fazenda inapto e incapaz, um instituto de estatística corrupto e mentiroso em um cenário pré-eleitoral com a popularidade de um presidente decrescente junto com um tesouro nacional sem ter de onde tirar dinheiro.

Você não precisa ser gênio para avaliar que a situação não é das melhores.

A recente crise do PIX mostrou que o governo não tem mais folego político, forças políticas e apoio popular para aumentar me criar mais impostos, o que perante ao mercado aliviaria a situação dando um espaço teatral aos infindáveis gastos.

Descartando o aumento e criação de impostos no passo necessário para atender ao apetite do feudo por mais dinheiro, restam duas alternativas sobre a mesa.

A alternativa 1 é austeridade, a redução do estado, como por exemplo um grande e significativo corte de privilégios de castas como a do judiciário e dos militares, e uma grande otimização da máquina pública e seus recursos, uma redução de impostos para quem produz e a redução de incentivos ao nada fazer proporcionada através de dinheiro grátis.

A alternativa 2 é imprimir dinheiro, aumentar as regalias dos senhores feudais do alto funcionalismo e expandir o UBI (Universal Basic Income – o auxílio Brasil por exemplo) e assim garantir base de apoio e consequentes votos para 2026.

Explorando um pouco mais a alterativa 2, já são mais de 56 milhões de brasileiros atendidos pelos programas sociais, dos quais são estimados que 42 milhões são eleitores. Some esse número aos 12 milhões de funcionários públicos Federais e a base de eleitores para perpetuar o atual governo parte de 54 milhões de votos, independente do caos.

Lembre-se que a classe média é uma câmara de eco, em que ela prega e protesta com ela mesma. Ela é numericamente inferior, não tem voz perante os senhores feudais. Na prática, além de cômodo, o grande incentivo do governo é arroxar e tirar dinheiro da classe média para expandir regalias do feudo e distribuir dinheiro grátis via UBI. Perde-se um voto em detrimento ao ganho de vários.

A alternativa 1 nos tiraria lentamente do buraco.

A alternativa 2 caminha pelos trilhos da Argentina de Cristina e Alberto Fernandez.

Se você acredita que o governo brasileiro irá optar pela alternativa 1, Tesouro Direto e ações na B3 fazem perfeito sentido.

Se você tende a acreditar que a alternativa 2 é mais provável, a janela para que você tenha Bitcoin está ficando estreita. Nesse cenário, Bitcoin a 20 mil, 40 mil ou 200 mil dólares fará pouca diferença quando comparada a destruição potencial de patrimônio que se desenha até as próximas eleições.

O cenário mais provável para o Brasil, você decide!